URGENTE: MP pede anulação de Júri que inocentou moradora de Dom Feliciano que matou marido em fornalha
MP pediu que julgamento seja anulado, afirmando que a principal preocupação é que seja aberto um "precedente da brutalidade macabra"
Nesta sexta-feira, 29 de abril, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP) pediu a anulação do Tribunal de Júri que inocentou Elizamar de Moura Alves, de 36 anos, moradora de Dom Feliciano que confessou ter matada o marido em uma fornalha de fumo.
Em nota, o MP pediu que julgamento seja anulado, afirmando que a principal preocupação é que seja aberto um “precedente da brutalidade macabra aplicada na ocasião dos fatos, além da descrença na legalidade”.
Confira a nota divulgada pelo MP:
“O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) interpôs recurso nesta quinta-feira, 28 de abril, pedindo a anulação do julgamento ocorrido na quarta-feira, 27 de abril, em Camaquã. O conselho de sentença absolveu uma mulher acusada pelo assassinato e ocultação de cadáver de seu companheiro em Dom Feliciano. Ela também foi absolvida pelo crime de falsidade ideológica. A Promotoria de Justiça de Camaquã manifesta preocupação com o precedente da brutalidade macabra aplicada na ocasião dos fatos, além da descrença na legalidade, o que não pode ser considerado aceitável ou interpretado como justiça no atual estado de direito. O MPRS respeita a decisão dos jurados, mas considera o veredicto manifestamente contrário à prova dos autos.”
Ré absolvida
No começo da noite desta quarta-feira, 27 de abril, o Tribunal do Júri chegou à sua decisão final e a mulher que dopou e incinerou o marido foi absolvida. O resultado foi recebido com grande emoção por familiares e principalmente por Elizamar de Moura Alves, de 36 anos, moradora de Dom Feliciano.
Ela foi considerada inocente das acusações e teve um alvará de soltura imediata expedido.
Na foto acima, Elizamar abraça a filha Denise após a decisão final do Júri. Também houve grande comoção dentre a família, que acompanhava o julgamento.
Assista a transmissão ao vivo com o repórter Elias Bielaski e saiba mais sobre o caso:
O crime
Elizamar confessou ter dopado o marido Erni Pereira da Cunha, de 42 anos, com comprimidos de Diazepan e em seguida, queimado seu corpo por três dias em uma fornalha de fumo, na propriedade familiar em Colônia Nova, interior de Dom Feliciano.
O caso ocorreu em 14 de fevereiro de 2021. No dia 15/02, ela registrou seu desaparecimento. Após suspeitas da família de Erni, a Polícia Civil passou a investigar o caso e conseguiu a quebra de sigilo telefônico da mulher.
Nele, foi localizada uma pesquisa de como envenenar uma pessoa. Em maio de 2021, a Polícia foi até a residência e Elizamar confessou o crime.
Ela conta que foi vítima de agressão por cerca de 20 anos. Depois de mais uma agressão, na ocasião do assassinato, ela tentou se defender de um dos golpes desferidos por ele e acabou deixando o homem desmaiado.
Por medo de represálias contra ela e os filhos, o dopou e queimou seu corpo em uma fornalha.
O júri
A tese da defesa foi aceita pelo Tribunal de Júri. Elizamar contou, em seu depoimento, ter sido agredida por mais de vinte anos pelo marido.
O julgamento começou às 9h desta quarta-feira (27) e se estendeu ao longo do dia, tendo um veredito com a ré absolvida apenas próximo às 22h.
O Ministério Público (MP/RS) foi representado pelo promotor Francisco Saldanha Lauenstein. O juiz responsável por conduzir o julgamento e por ler a sentença foi Daniel de Souza Fleury.
Depoimento da filha
O depoimento da filha Denise Alves foi um dos mais marcantes do julgamento. Nele, ela relatou uma rotina de agressões físicas, verbais e psicológicas, sofridas em boa parte de sua vida, que tinham como autor o seu pai e que tinham como principal alvo, sua mãe:
“Minha mãe chegou no limite. Se ela fez o que fez, foi pensando em mim, no meu irmão e na vida dela”, contou Denise, filha do casal.
No depoimento, ela falou sobre as agressões sofridas pela mãe e reiterou que as mesmas ocorreram por anos.
“Nós vivíamos um inferno dentro daquela casa. Eu não desejo pra ninguém!”, contou.
Ela foi consolado pela avó após seu depoimento e por alguns minutos, permaneceu aos prantos em seu lugar.
Ao longo de todo o julgamento, Denise era a familiar mais abalada, como relatou em seu depoimento. Também foi a mais emocionada após a mãe ser absolvida (veja a foto acima).
Entrevista com advogada
Na manhã desta quinta-feira, 28 de abril, a advogada que fez parte da defesa falou sobre a absolvição de uma moradora de Dom Feliciano que confessou ter matado o marido. Mikaela Schuch fez parte da defesa de Elizamar Moura de Alves, de 36 anos, absolvida pelo Tribunal de Júri na noite desta quarta-feira (27).
Ela constituiu a defesa junto aos colegas advogados Marcos Hauser e Igor Garcia. A advogada concedeu entrevista ao programa Manhã Show e falou sobre o julgamento ocorrido em Camaquã.
Na entrevista, Mikaela falou sobre violência doméstica na região e sobre a situação que Elizamar chegou para que fosse necessário de defender da forma que se defendeu: “Era ela e os filhos ou era ele”, relatou.