Religioso diz não saber como foi envolvido em crime na cidade de Novo Hamburgo
O suspeito por promover as falsas denúncias está preso preventivamente
Após uma reviravolta do caso das crianças esquartejadas de Novo Hamburgo, Vale dos Sinos, a investigação voltou à estaca zero. O delegado da Polícia Civil, Rogério Baggio, retornou das suas férias e ficou responsável pelo trabalho, pedindo que a Justiça liberasse as cincos pessoas que estavam presas e eram relacionadas ao assassinato das crianças.
O suspeito por promover as falsas denúncias está preso preventivamente. A identidade não foi divulgada pela polícia. Silvio Rodrigues, de 44 anos, era considerado o líder do suposto ritual satânico conforme os primeiros dados da investigação, conduzida pelo delegado Moacir Fermino. O chamavam de bruxo. O homem foi liberado na noite de quarta-feira (7).
Rodrigues se diz mestre de magia e trabalha com religião há mais de 20 anos. Ele ressalta que não sabe como chegaram até seu nome, mas que a voz de prisão dada pela Polícia foi que Deus havia chegado para prender Satanás.
“Não tenho exatamente a informação de como chegaram até meu nome porque eu ainda não tenho acesso ao inquérito. No dia 27 de dezembro agente da Polícia Civil juntamente com o delegado Moacir, entraram no meu templo, minha casa, e recebi a voz de prisão, dizendo que Deus havia chegado para prender Satanás”, relata Silvio Rodrigues.
“Eu não bruxo, não sou satanista. Trabalho com magia teúrgica, com invocações e evocações, e através dessas ritualísticas conduzo pessoas a caminho da felicidade”, explica.
Um dos advogados que defende Silvio Rodrigues, o Dr. Evandro Mariani ressalta que em termos técnicos o inquérito era vazio: “O inquérito não era consistente, era o inquérito de uma história muito bem contada mas com a inexistência de prova técnica”, afirma o advogado.
Segundo uma nova investigação conduzida pelo delegado Rogério Baggio, todas as declarações dadas por testemunhas que atribuíam o crime a uma suposta cerimônia bizarra eram falsas. O delegado ressalta que não há vestígios no templo de sangue humano. “As perícias encontram sangue, sangue de animal, de bicho, sangue humano não foi constatado”, constata Baggio.
Durante entrevista coletiva em São Leopoldo, no dia 8 de janeiro, o delegado Moacir Fermino, anunciou que, graças a uma revelação divina, foi possível relacionar as mortes com o ritual satânico. “Foi uma revelação para dois profetas de Deus”, garante.
O delegado Rogério Baggio ressaltou durante coletiva de imprensa que devido a investigação ter voltado ao início, ele continua não descartando nenhuma hipótese sobre a morte das crianças.
Os dois irmãos, comprovado por DNA, foram mortos em setembro do ano passado. Os corpos foram encontrados esquartejados, em sacolas plásticas em um lixão de uma estrada do interior de Novo Hamburgo.