Caso Bernardo: julgamento de Leandro Boldrini começa nesta segunda-feira
Crime ocorreu em 2014, quando o menino tinha 11 anos.
O réu Leandro Boldrini começará a ser julgado nesta segunda-feira (20), em Três Passos, pelo assassinato do filho Bernardo Boldrini, em 2014, quando o menino tinha 11 anos. Leandro responde pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado (motivo torpe, motivo fútil, emprego de veneno e dissimulação), ocultação de cadáver e falsidade ideológica.
Para o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), representado, o júri deve se estender por até três dias.
Além do réu, serão ouvidas 10 testemunhas (quatro arroladas somente pelo MPRS, uma arrolada por ambas as partes e outras cinco arroladas apenas pela defesa).
Após as oitivas das testemunhas e o interrogatório do réu, se iniciarão os debates:
- MPRS e defesa terão 1 hora e 30 minutos cada para se manifestarem;
- Réplica e tréplica, se houver, serão de 1 hora cada;
- O júri será transmitido ao vivo pelo canal do TJRS no YouTube.
O caso
Bernardo desapareceu em 4 de abril de 2014. Seu corpo foi encontrado 10 dias depois, enterrado em uma cova às margens de um riacho na cidade vizinha de Frederico Westphalen.
No mesmo dia, o pai e a madrasta da criança, Graciele Ugulini, foram presos por serem, respectivamente, o mentor intelectual e a executora do crime.
A amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, também foi presa por ajudar no assassinato. Dias depois, Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, foi preso por ser quem preparou a cova onde o menino foi enterrado.
Os quatro réus foram condenados em 2019, mas o júri de Leandro foi anulado em 2021.
Como aconteceu
O assassinato de Bernardo teve início em Três Passos, por volta das 12h, e terminou às 15h do mesmo dia, em Frederico Westphalen.
Graciele, a pretexto de agradar o menino, o conduziu até Frederico Westphalen. Ao iniciar a viagem, ainda em Três Passos, deu ao enteado midazolam – medicação de uso controlado – sob argumento de que era preciso evitar enjoos.
Os três seguiram para local antecipadamente escolhido na Linha São Francisco, distrito de Castelinho, onde a cova foi aberta dias antes por Evandro.
Dando sequência ao crime, Graciele aplicou em Bernardo injeção de midazolam em quantidade suficiente para lhe causar a morte, conforme laudo pericial.
O menino acabou morto por uma superdosagem de medicamento.
Segundo a denúncia, Leandro Boldrini, com domínio do fato, interessado no desfecho, agiu como mentor da atuação de Graciele.
Ele participou “em todas as etapas da empreitada delituosa, inclusive no que diz respeito à arregimentação de colaboradores, à execução direta do homicídio, à criação de álibi, além de patrocinar despesas e recompensas, bem como ao fornecer meios para acesso à droga midazolam, utilizada para matar a vítima”.
Depois de matar e enterrar o filho, Leandro fez um falso registro policial do desaparecimento de Bernardo para que ninguém descobrisse o crime.
A motivação
Leandro e Graciele não queriam dividir com Bernardo a herança deixada pela mãe (falecida em 2010), e o consideravam um estorvo. O casal ofereceu dinheiro para Edelvânia ajudar a executar o crime. Bernardo, não sabendo do plano, aceitou, no dia em que foi morto, ir até Frederico Westphalen com a madrasta.
Fonte: Delta do Jacuí