Após ficar viúva, camaquense de 74 anos volta a estudar e se forma como coach
Depois de uma vida dedicada ao casamento, a cuidar dos filhos e dos netos e a trabalhar como costureira, Serlei Recus teve uma reviravolta aos 74 anos
Não é comum conhecer uma pessoa que tem uma reviravolta em sua vida aos 74 anos de idade. Mas não é algo impossível. E uma idosa nascida de Camaquã mostrou que é possível mudar de vida na terceira idade através da educação.
Serlei Recus, de 74 anos, é natural de Camaquã e ficou viúva em 2016, aos 68 anos de idade. Ela conta que teve uma vida dedicada ao casamento, a cuidar dos filhos e dos netos, além de trabalhar como costureira.
Como forma de superar de superar o luto pela perda do marido, com quem estava há 48 anos, Serlei recebeu um convite da cunhada Lúcia e resolveu tentar algo novo: um curso de graduação. E a escolha do curso foi tão inusitada quanto a decisão: ser coach.
À reportagem do G1/RS, Serlei conta que se viu morando sozinha e com algo que foi raro durante suas mais de sete décadas de vida: tempo livre.
“Eu fiquei viúva e estava morando sozinha. Minha cunhada queria voltar a estudar e ela me incentivou a voltar com ela. Eu sempre tive vontade de estudar de novo. Eu não tinha o segundo grau completo, então completamos juntas, e nos matriculamos e começamos a fazer o curso”, conta.
No curso, Serlei era tratada como a vovó dos colegas e até mesmo dos professores, em grande parte mais jovens. As aulas à distância promovidas pelo Centro Universitário Internacional (Uninter), onde é oferecido o curso de Tecnólogo em Coaching e Desenvolvimento Pessoal, são feitas via internet, o que foi uma barreira para a costureira aposentada.
“Tive vontade de desistir, achei muito difícil. Mas fui lá, conversei com os professores, e eles me incentivaram muito. Como não tenho muita prática com computador, minha neta me ajudou muito e eu consegui. Foi o incentivo dos netos, dos filhos, de todos, que me ajudou a não desistir. Depois que tive essa dificuldade e consegui vencê-la, não quis desistir mais. Pensei ‘uma pessoa na minha idade desistir, quando que eu vou terminar? Agora vou até o fim’, e resolvi dar uma injeção de ânimo e tocar pra frente”, comemora.
Em junho deste ano, Serlei recebeu seu diploma de graduação e se formou como coach. A formatura, em 10 de junho, foi duplamente emocionante: Serlei formou-se ao lado da cunhada que a incentivou a voltar aos estudos. Ambas retomaram as aulas no segundo grau e trilharam juntas o caminho até o diploma de graduação.
Para Serlei, a formação serviu não só como uma forma de crescimento profissional, mas, principalmente, pessoal:
“Escolhi esse curso porque sou muito tímida, então sempre tive vergonha de falar em público. Esse curso me ajudou muito. Não perdi toda a timidez, mas progredi bastante. Foi muito bom para mim, até para a minha saúde”, diz.
Para o futuro, ela diz que pretende focar nos estudos e no desenvolvimento pessoal. Voltar a trabalhar ainda é uma ideia distante:
“Trabalhei a vida toda como costureira e em serviços gerais. Tenho ideia de fazer outros cursos, estudar mais. Trabalhar, por enquanto, ainda não. Quero fazer um curso para entender melhor como manejar o computador, porque muitas vezes precisei de ajuda, porque não sei mexer direito. E outros cursos que complementem esse que eu fiz”, diz.
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