Investigação da PF indica que médicos do SUS fraudavam ponto no Hospital Conceição para ir à academia, fazer compras e atender em clínicas particulares
Investigados são concursados e recebem salários entre R$ 14 mil e R$ 31 mil
A Polícia Federal cumpriu 11 mandados de busca e apreensão da Operação Hipócrates nesta terça-feira (28), com objetivo de apurar possíveis crimes de peculato, falsidade ideológica ou estelionato contra o Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), praticados por médicos que registram o ponto com a finalidade de iludirem os controles quanto à sua presença no local de trabalho. Os mandados foram cumpridos em clínicas, hospitais e consultórios de Porto Alegre.
Os investigados são empregados concursados que recebem salários entre R$ 14 mil e R$ 31 mil. Conforme flagrantes, os médicos investigados saem do hospital para ir à academia, fazer compras e atender em consultórios e clínicas particulares. Depois, retornam ao hospital para o fechamento do ponto.
Segundo o delegado Regional de Polícia Judiciária, Thiago Delabary, a investigação é sobre jornadas de trabalho fictícias, sobre fraude, salário recebido sem a prestação de um serviço essencial. Em nota, o Grupo Hospitalar Conceição afirmou estar colaborando com as investigações.
Hipócrates
O Juramento de Hipócrates é tradicionalmente realizado pelos médicos no momento da formatura, no qual juram praticar a medicina honestamente. A palavra se aproxima do termo Hipócrita, que é uma transcrição do vocábulo grego ypokritís. Os atores gregos usavam máscaras de acordo com o papel que representavam numa peça teatral, dando origem ao termo hipócrita, que designa alguém que oculta a realidade atrás de uma máscara de aparência.
Leia as notas do Conceição enviadas à GZH:
Na manhã desta terça-feira, 28/11, o Grupo Hospitalar Conceição tomou conhecimento da operação Hipócrates quando policiais chegaram ao Centro Administrativo para realizar busca e apreensão de dados relacionados à atividade funcional de médicos investigados por fraude no ponto eletrônico. O GHC abriu, nesta manhã, sindicância interna investigativa para apurar administrativamente as denúncias e tomar as medidas cabíveis.
A instituição está colaborando com as investigações da Polícia Federal e fornecendo todas as informações necessárias para o andamento das apurações. O Grupo reafirma que não compactua e não compactuará com fraudes e irregularidades que prejudiquem o bom andamento do hospital e da assistência aos usuários do SUS.
Aqueles profissionais que tiverem comprovadas as irregularidades no exercício de suas atividades serão demitidos de seus cargos no GHC.
Assessoria de Comunicação do Grupo Hospitalar Conceição Porto Alegre, 28 de novembro de 2023.
Mais tarde, o grupo enviou uma nova nota:
Com relação às considerações da reportagem, informamos o que segue:
Vários mecanismos já foram adotados para garantir mais controle sobre o cumprimento da jornada de trabalho dos funcionários do GHC, incluindo os médicos: a implantação do ponto biométrico; catracas nos acessos às dependências do Hospital e instalação de câmeras de segurança.
No entanto, a característica da atividade médica envolve a circulação entre: visitas aos pacientes internados; a realização de consultas no Ambulatório; realização de procedimentos no bloco cirúrgico, entre outros. Essa circulação no interior do hospital, infelizmente, permite que maus profissionais aproveitem da natureza de sua atividade para práticas irregulares como a que a investigação policial revelou. Nosso esforço permanente é para identificar situações de descumprimento das atribuições funcionais e efetuar as providências para que não se repitam.
No caso revelado pela Operação Hipócrates, os médicos funcionários permanecerão trabalhando até que sejam concluídas as investigações e, então, sejam adotadas as devidas providências administrativas e funcionais.
Grupo Hospitalar Conceição
Assessoria de Imprensa GHC
Poa, 28/11/23