Economista-chefe da CDL/POA analisa economia do Rio Grande do Sul e do Brasil
Economista-chefe da CDL/POA realizou análise da economia do Rio Grande do Sul e do Brasil e fez projeções para 2023
Oscar Frank Junior, economista-chefe da CDL Porto Alegre, foi o palestrante da Reunião Almoço da ACIC desta quinta-feira, 10 de novembro, apresentando o tema “Cenários e Perspectivas para a Economia”. A reunião aconteceu na sede da Associação Comercial e Industrial de Camaquã (ACIC).
O palestrante é economista-chefe da Câmara dos Dirigentes lojistas de Porto Alegre e responsável pelas previsões que colaboram para a construção do Relatório FOCUS, do Banco Central.
Propiciou à Entidade quatro ingressos no Top 10 ranking nacional de projeções da Agência Estado por apresentar estimativas mais próximas dos resultados para dois índices de inflação (IPCA e IGP-M), taxa SELIC e taxa de câmbio.
Também atuou como Economista sênior da FIERGS, professor universitário da FADERGS em nível de graduação e da Verbo Educacional em nível de pós-graduação.
Graduado pela UFRGS em Ciências Econômicas, com mestrado acadêmico pela mesma Instituição. Eleito Economista do Ano de 2021 pelo Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Sul (CORECON-RS).
Na reunião, Oscar falou sobre os cenários econômicos e perspectivas para a economia, abordando elementos da conjuntura internacional, nacional e regional, além das projeções das principais variáveis macro para o futuro.
Desempenho do varejo decepciona
O faturamento deflacionado do comércio restrito teve queda de 3,1% em agosto em comparação com julho, após a correção pela sazonalidade, segundo o IBGE. De acordo com o consenso dos especialistas sondados pela Refinitiv, a projeção era de alta de 0,7% nessa base. No tocante ao conceito ampliado, que inclui materiais de construção e veículos / motos, a redução foi de 2,5%. Por sua vez, o volume de vendas do setor no Rio Grande do Sul, considerando a totalidade dos recortes, encolheu 6,2%. Consequentemente, o nível da série recuou para patamar abaixo do verificado em agosto do ano passado, e encontra-se 8,7% inferior ao pico registrado em maio.
Ao analisarmos os dados no mês anterior, ressaltamos nossa visão de que haveria dificuldades para uma expansão sustentada nos períodos subsequentes. Distintos fatores apoiam esse entendimento. No que se refere à demanda, temos: (1) a deterioração do poder de compra dos salários; (2) o começo do processo de repasse do aumento da Taxa SELIC para as operações de crédito na ponta final; (3) a diminuição dos efeitos das políticas públicas para minimizar a crise; (4) antecipação do consumo fomentada pela liquidez distribuída pelo governo e pela realocação de despesas das famílias em segmentos cuja característica própria apresenta recorrência mais longa – fundamentalmente os duráveis e semiduráveis. Já pelo lado da oferta, as pressões de custos seguem expressivas.
Avaliação por categorias: hiper / supermercados e combustíveis / lubrificantes têm sofrido com o acréscimo dos respectivos preços. Além disso, os nichos relacionados aos automóveis, eletrodomésticos e equipamentos de informática são afetados pela escassez de insumos, o que gera limitação das transações.
Vale lembrar que os indicadores capturam somente a dinâmica das lojas com pelo menos 20 colaboradores, de modo que cremos ter ocorrido um deslocamento parcial da procura das pequenas para as grandes no decurso da pandemia.
Avaliação dos indicadores de inflação às famílias em setembro
O IPCA cresceu +1,16% em setembro, marca inédita para o período desde 1994, após o início da vigência do Plano Real. Apesar da forte aceleração, o resultado veio abaixo do consenso das instituições sondadas pela Refinitiv (+1,25%). Conforme o IBGE, oito das nove grandes aberturas registraram alta, de modo que três delas responderam por 86,2% da majoração no agregado: “habitação” (+2,56%), “transportes” (+1,82%) e “alimentação e bebidas” (+1,02%).
No primeiro caso, destaque para a energia elétrica (+6,47%): por conta da falta de chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste, o governo tem recorrido às térmicas, cuja geração é mais dispendiosa. Quanto ao segundo recorte, vale ressaltar a influência dos combustíveis (+2,43%), em especial do etanol (+3,79%) e do respectivo impacto sobre a gasolina, em decorrência da quebra da safra de cana-de-açúcar. Além disso, continuam as pressões de custos sobre os automóveis novos, fruto da desorganização das cadeias de insumos globais, e de seus substitutos, como os veículos usados, motos e deslocamento via apps. Já no tocante ao terceiro, entendemos que ainda estamos observando os reflexos do clima adverso sobre determinados bens.
Os efeitos supracitados são apenas a consequência, mas não a causa do fenômeno. Por um lado, a oferta segue combalida pelos desdobramentos da pandemia e pela tentativa da China em reduzir a emissão de poluentes de sua matriz energética, afetando as commodities. Por outro, a demanda permanece aquecida, a partir da conjunção de medidas sem precedentes do ponto de vista fiscal, monetário e de crédito adotadas não só pelo Brasil, como no restante do mundo.
De outubro de 2020 até setembro de 2021, o IPCA atingiu +10,25% – cômputo não verificado desde fevereiro de 2016 (+10,36%), e bem distante da tolerância máxima de 5,25% definida no sistema de metas para o ano corrente.