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Os ganhos e os riscos da possível retirada da vacina contra a febre aftosa no RS

Ministério avalia condições sanitárias para o Estado avançar no status sanitário, mas criadores estão divididos entre apelo de novos mercados e consequências da mudança


Por Redação/Clic Camaquã Publicado 06/09/2019
 Tempo de leitura estimado: 00:00

A auditoria do Ministério da Agricultura, concluída nesta sexta-feira (6) depois de uma semana de inspeções no sistema sanitário do Rio Grande do Sul, foi o primeiro e possivelmente o passo menos problemático na caminhada rumo à suspensão da vacina contra a febre aftosa no Estado. 

Seguindo um questionário padrão, em 30 dias os técnicos vão revelar a nota atribuída ao serviço veterinário gaúcho. Se ela for superior a quatro, habilita o governo a solicitar a progressão de status sanitário internacionalmente, passando de território livre de aftosa com vacinação, para território livre de aftosa sem vacinação.

— A retirada da vacina permite o avanço em busca de novas parcerias comerciais — explica Geraldo Marcus de Moraes, diretor do departamento de saúde animal do Ministério da Agricultura.

Esse é o lado mais atrativo da medida, pois vários países bloqueiam a importação de proteína animal mesmo de territórios onde não há vírus, mas sim vacinação.

— A carne gaúcha não acessa 60% de seus mercados potenciais — estima Rosane Collares, chefe da divisão de defesa sanitária animal da Secretaria da Agricultura.

Outra vantagem da condição seria o preço pago ao produtor, que tende a aumentar entre 25% e 30% a partir da evolução de status sanitário. A tonelada de carne bovina, por exemplo, vendida entre US$ 3 mil e US$ 3,5 mil quando proveniente de países com vacinação, ultrapassa US$ 4 mil quando a medida sanitária é retirada.

— E há exceções como o Japão, que chega a pagar US$ 7 mil por tonelada — complementa Bernardo Todeschini, superintendente federal do ministério no Estado.

Confiante no resultado positivo da auditoria no Rio Grande do Sul, e pendente da solução de apenas três pontos que o Paraná deve melhorar para oficialmente pleitear o novo status, o governo federal já abriu tratativas com o país asiático para ampliar a oferta de carne bovina brasileira livre de vacinação, condição desfrutada hoje apenas por Santa Catarina.

— A pergunta que precisamos responder quando os importadores vêm negociar: se não tem aftosa, porque vacinam? Em termos técnicos, ninguém vacina contra uma enfermidade que não existe, isso não faz sentido. Mas o fato é que a condição epidemiológica da enfermidade no Rio Grande do Sul, no Brasil e no Conesul não justifica mais trabalharmos como há 20 anos — pondera Todeschini.

Xadrez doméstico entre produtores

As sanções internacionais atingem não só as espécies vacinadas, mas o segmento proteico como um todo. E esse é um ingrediente importante no xadrez doméstico brasileiro. Suinocultores e criadores de aves estão de olho na ampliação de preços que seus produtos podem ter de forma quase imediata a partir de eventual evolução do status.

Nos últimos 12 meses, o preço do quilo de suíno vivo em Santa Catarina (maior produtor brasileiro) superou R$ 0,29, em média, o do Rio Grande do Sul. A partir de março, quando ficaram mais evidentes os efeitos da peste suína na Ásia, que jogou para cima o preço da mercadoria, a diferença se ampliou para R$ 0,45. No setor avícola, a diferença é ainda maior: na média anual de R$ 0,88 entre produtos de ambos os Estados – com vantagem para os catarinenses.

— Não é unanimidade. A vantagem de mercado é grande, especialmente para suinocultores, que fazem pressão para igualar preços com Santa Catarina. Mas, entre pecuaristas, há resistência — diz Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).

Em estágio mais avançado que o do Rio Grande do Sul, o Paraná fecha a partir deste mês sua fronteira para animais com vacinação. E Santa Catarina não permite o ingresso de bovinos provenientes de cabanhas rio-grandenses desde que adquiriu essa condição, em 2007.

—No caso de não acompanhar a progressão de status regional, além de perder esses mercados, o Rio Grande do Sul precisará aceitar a imposição de um corredor sanitário entre seu território e São Paulo, o que pode dificultar também o comércio com o restante do Brasil.

— A viagem que seria de um só dia, vai ser de dois, três. Vai encarecer frete, aumentar a burocracia, porque cada entrada e saída de um dos Estados precisará ser registrada. Se ficarmos isolados, o Rio Grande do Sul pode perder investimentos — alerta Covatti Filho, secretário estadual da Agricultura.

Sem garantia de acesso ao mercado catarinense 

Mesmo que os gaúchos acompanhem a evolução sanitária da Região Sul, não há garantias de que o acesso a Santa Catarina será facilitado. No que depender da defesa do Estado vizinho, poderá haver a exigência de rastreabilidade de todo o rebanho gaúcho antes de abrir o ingresso sem barreiras.

— Vamos exigir a identificação individual de cada animal por meio de brincos, conforme prerrogativas da Organização Mundial de Saúde Animal — revela Luciane de Cássia Surdi, presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc).

Memórias que ainda assustam

Paulo Renato Pinheiro / Bezier Filmes

Rodrigo Cherubini, de Nova Prata, teme perder genética selecionada por décadas.Foto: Paulo Renato Pinheiro / Bezier Filmes

O receio dos criadores a que se refere Gedeão Pereira, presidente da Farsul, tem duas origens. A primeira é a característica dos rebanhos gaúchos, formado em parte por animais puros de origem, cujo valor está sobretudo na genética trabalhada durante quase um século. É que a principal medida em caso de ocorrência de um foco da doença é o chamado “rifle sanitário”, o abate dos animais doentes e com ameaça de infecção, o que pode colocar em risco esse banco de hereditariedade.

— Esse touro grande campeão da raça devon na Expointer tem quatro anos, mas atrás dele tem uma seleção de 70 anos. Chego a me arrepiar só de pensar em perder isso — admite Rodrigo Cherubini, da cabanha São Valentin, de Nova Prata, proprietário de Topázio, animal de mais de uma tonelada que venceu o concurso na feira de 2019.

Outro temor tem a ver com a memória do surto de aftosa ocorrido em 2000 e 2001 no Estado. Era um momento em que Rio Grande do Sul e Santa Catarina tentavam avançar conjuntamente de status sanitário. As vacinas em ambos os Estados foram feitas em janeiro do ano 2000, mas em agosto daquele ano apareceu um foco em Joia, no norte do RS, cujo controle foi feito com procedimentos que não incluíram vacinas, para não estragar o plano combinado com os vizinhos.

— Porém, em maio de 2001 vieram os focos da fronteira, na esteira da crise sanitária do Uruguai e Argentina, onde havia 1,5 mil focos e a situação estava fora de controle. Foi quando o Rio Grande do Sul voltou a vacinar — recorda Rosane Collares, da Secretaria da Agricultura.

Tecnicamente, entretanto, ela salienta que o Estado não suspendeu a vacinação porque o intervalo entre as doses foi curto em relação às exigências internacionais. Mas a lembrança ficou entre os pecuaristas.

Desde essa época, o Uruguai, que era livre de aftosa sem vacinação, passou a vacinar regularmente e procurou outros caminhos não sanitários para reconquistar espaço para sua carne. Vende produtos in natura para mercados muito restritivos sanitariamente, como Japão e Estados Unidos, o que lhes garante portfólio e confiabilidade para entrar em outros países.

— Comercializamos com o mundo todo. Por isso, sob nenhuma circunstância, suspenderíamos voluntariamente a vacinação — assegura Alvaro Diaz Nadal, presidente da Sociedade de Criadores de Angus do Uruguai.

Assunto foi tema de fórum nacional durante a Expointer

É também na possibilidade de negociação dessas cláusulas restritivas que apostaria Antonio Martins Bastos Neto, da cabanha São Bibiano, de Uruguaiana — cujos animais sagraram-se grandes campeões nas categorias macho de angus e brangus e fêmea angus:

— Mais cedo ou mais tarde esses mercados vão vir, porque não vão encontrar carne in natura com a qualidade e o preço da que produzimos aqui.

Muitos pecuaristas que circularam na Expointer, em Esteio – onde o assunto foi pautado inclusive pela realização da primeira edição do Fórum Nacional do Programa de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa — mencionaram a falta de confiança na capacidade de o poder público fiscalizar adequadamente o território para reduzir a probabilidade de ocorrências.

— Alegrete é a maior extensão de terras do Estado, e tem três ou quatro técnicos. Vejo uma oportunidade, mas qual a garantia de que o Estado vai dar conta? — se pergunta Marcírio Alves, o criador pentacampeão no concurso de vacas jersey da feira, proprietário da Fazenda Santo Isidro. 

A extensa área de fronteira com Argentina e Uruguai são ingredientes a mais nesse caldeirão de dúvidas.

O plano para incrementar a vigilância 

O Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa foi desenvolvido para ter aplicação entre 2017 e 2026, período no qual o Brasil iria gradualmente retirar a vacina em todo o território nacional. O planejamento original era que, tomando o ano de 2017 como o início dos trabalhos, em 2019 evoluiriam de status os seis Estados do Norte. Na sequência, em 2020, viria o Nordeste, com sete Estados, e, somente em 2021, as regiões Sudeste e Sul, onde se encerraria o ciclo de transição. A ordem dos fatores não só foi alterada, iniciando pelo Sul, onde terminaria, como a execução do plano atrasou bastante.

— De fato, agora é que estamos tomando pé do assunto, organizando o trabalho. Em 2018 não se fez praticamente nada porque foi ano eleitoral, e 2017 foram as primeiras reuniões. Mas o Rio Grande do Sul já vinha trabalhando anteriormente. Junto com o Paraná, são locais com longo histórico de sistemas sanitários de defesa animal e hoje têm condições de evoluir — pondera Geraldo Marcus de Moraes, diretor do departamento de saúde animal do Ministério da Agricultura.

O dirigente nacional salienta que não se trata da mera supressão da vacina, mas da “substituição” desse recurso “por outros elementos de vigilância que fortaleçam a prevenção”. Educação e conscientização dos produtores, sistema ágil para notificações de suspeita, resposta veloz das autoridades sanitárias na investigação e intervenção precisa em casos de eventuais focos são algumas das medidas a serem implementadas.

A revisão do plano, divulgada durante o fórum nacional, ressalta “a necessidade de melhorias e adequações” nos sistemas veterinários. O bloco V, formado por RS, SC e PR, o mais avançado na transição, tem pouco mais de 20% das metas estabelecidas originalmente concluídas e 30% das ações nem sequer foram iniciadas.

Sistemas veterinários devem se adequar

Fernando Kluwe Dias / Seapi,Divulgação

Caso a decisão seja de manter a vacina, bovinos devem ser imunizados em novembro. Foto: Fernando Kluwe Dias / Seapi – Divulgação

Ainda aguardando os apontamentos que poderão vir no relatório do ministério, em 30 dias, o governo do Estado já trabalha na resolução de algumas lacunas que haviam sido identificadas anteriormente. Foram solicitados R$ 19 milhões à União para a compra de drones, carros, computadores e outros equipamentos. O maior problema, neste momento, é a falta de pessoal. 

— Temos veterinários e agrônomos em número suficiente; nossa carência é na área administrativa das inspetorias. Mas há restrições para fazer concursos públicos em razão da renegociação da dívida e precisaremos encontrar outros meios de contratação — explica o secretário da Agricultura, Covatti Filho, que estima déficit entre cem e 150 gestores no Interior.

A chefe da divisão de defesa sanitária animal, Rosane Collares, acrescenta que o Estado tem iniciativas inéditas em andamento. É o único ente da federação a ter seu próprio plano de mitigação de risco, composto por estudos que consideram hipóteses de introdução e dispersão do vírus da aftosa, e que permite um planejamento de resposta mais ágil em caso de infecção.

A doença

  • A aftosa é uma doença infecciosa que atinge animais de casco fendido — bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos estão suscetíveis, embora apenas os dois primeiros sejam vacinados. 
  • Provoca febre e aparecimento de bolhas — aftas — nas patas e na boca, dificultando locomoção e alimentação.
  • Não é uma enfermidade grave, mas o vírus se difunde com muita facilidade inclusive por meio de objetos e pode permanecer ativo por longos períodos mesmo, por exemplo, em carnes embaladas congeladas. Daí as restrições de compra de produtos oriundos de regiões ou países que vacinem seus rebanhos.
  • Não há risco para humanos.

 

Entenda o caso

Secretário da Agricultura, Covatti Filho, promete consultar “todas as entidades” antes de solicitar a progressão de status sanitário, caso o Rio Grande do Sul esteja habilitado.

Entenda os próximos passos:

Setembro

Após o fim da auditoria do Ministério da Agricultura (6/9) no serviço veterinário do Rio Grande do Sul, técnicos vão elaborar relatório final em Brasília.

Outubro

Publicação de relatório com resultado da inspeção técnica; notas 4 ou 5 habilitam a solicitar evolução do status sanitário.

Novembro

Vacinação contra a febre aftosa para novilhos e animais de até 24 meses.

Até o fim do ano 

Farsul vai reunir sindicatos rurais e Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) para ouvir opinião de todos.

Governo do Estado promete fazer um debate público com entidades para a decisão de solicitar ou não a progressão de status sanitário.


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