Quem Guardará os Guardas?
Leia a coluna de Nelson Egon Geiger, advogado e comentarista de toda quarta-feira no programa Bom Dia Camaquã, transmitido através da Clic Rádio.
“Juvenal, poeta de Roma no tempo de Jesus deixou a pergunta sobre aqueles que deveriam nos proteger e garantir as instituições. Os quais, não raras vezes extrapolam suas prerrogativas. Se estão para nos proteger e não o fazem quem nos protegerá?”
Juvenal, ou Décimo Junio Juvenal, escritor e poeta satírico romano do 1º século de nossa era, portanto beirando dois mil anos perguntava: “Quem guardará os guardas?”. Em latim: “Quis custodiet ipsos custodes?”
Em verdade questionava a Guarda Pretoriana do império. Os Pretorianos estiveram no meio da sucessão de césares. Impondo, por exemplo, Cláudio como sucessor do sobrinho Calígula; e o general Galba, sucedendo Nero. Nesse último caso a satírica frase atribuída a Juvenal, já teria sido escrita; eis que remonta aos anos 50 / 60 dC.
Assim, a Guarda Pretoriana formada para proteger o imperador acabava se intrometendo na sucessão. E impondo quem queria.
Há tempos os gregos haviam criado a idéia de democracia. O governo deveria ser do povo. Na concepção original o povo (“demos”) deveria cuidar de seu próprio governo (“cracia”). Pulo do latim de Juvenal para o grego de Clistenes, o pai da concepção, na Atenas de 05 séculos aC.
O intuito é apenas seguir a história da idéia filosófica que, dezesseis séculos depois foi aprofundada por Montesquieu na tripartição e separação dos poderes. A idéia era acabar com o absolutismo. Quando refiro que foi extinto o absolutismo em verdade se esbarra em governos que, na atualidade agem com mão de ferro nos moldes absolutistas da Idade Média.
Por exemplo: na Venezuela o corrupto e perseguidor esquerdista Nicolas Maduro faz o que quer. Comanda como quer. Impede candidaturas de oposição, afastando competidores.
Contando com um judiciário submisso impediu a candidatura de Maria Corina Machado tornando-a inelegível; e agora quer afastar a substituta que se apresenta. Não é diferente em Cuba, com os irmãos Castro, desde 1959. Ou na Nicarágua de Daniel Ortega, que utiliza o método de perseguir e prender adversários.
Sem deixar a Rússia de Putin que venceu as eleições semana passada para mais um mandato. Não sem, desde o ano anterior perseguir e prender seu adversário Alexei Navalny. Que morreu na prisão de forma suspeita.
Esse tipo de ditadura é hostilizado por todo o Mundo e por todas as nações democráticas. Mas, no Brasil, nosso desgoverno os trata bem. Maduro aqui é recebido como chefe de estado, quando todos os Países democráticos o repudiam.
Na sexta feira o PT convocou atos pela democracia de esquerda no Brasil. Em São Paulo, no Largo de São Francisco juntaram 1.300 pessoas; em Salvador não chegou a dez mil. Apoio, mínimo, mas querem impor sua democracia esquerdista. Sistema repudiado pela esmagadora maioria do planeta. O muro de Berlin, resquício do Partido Socialista dos Trabalhadores da Alemanha, criado em 05.01.1919, depois Partido dos Trabalhadores Alemães, em verdade o Partido Nazista de Hitler deu no que deu. E o nome é mera coincidência.
A esquerda marxista, leninista e stalinista insiste em impor suas idéias utilizando todos os meios, desde a propaganda enganosa até as instituições que, em verdade, deveriam pertencer ao povo.
Nunca a frase de Juvenal esteve tão em voga como nos dias atuais.