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09 de outubro de 2024
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Paralíticas de alma


Por Kathrein Silva Publicado 01/04/2024
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Foto: divulgação/ ilustrativa

Leia a coluna de Bianca Benemann, escrivã da Polícia Civil e apresentadora do programa Elas por Elas, transmitido toda quarta-feira através da Clic Rádio.

É essa a figura de linguagem que utilizo quando cada vítima de estupro me pergunta: A CULPA FOI MINHA?

Na resposta, peço que elas imaginem que estão passando pela faixa de segurança e um motorista avança em alta velocidade e, querendo, lhe atropela, deixando-a fica paralítica. É exatamente isso que o abusador faz, só que sua vítima fica paralítica de alma. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de exploração sexual de crianças e adolescentes, só perdendo para Tailândia

O anuário de segurança pública do Brasil referente aos dados do ano de 2022, informa que 74.930 pessoas foram estupradas, número baseado nos registros de ocorrência desse crime. Ocorre que, segundo o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, apenas 8,2% dos estupros chegam ao conhecimento da Polícia, o que eleva o patamar para alarmante cifra de 822.000 estupros anuais. É urgente a necessidade de retirar da cifra oculta os milhares de crimes sexuais que ainda estão entre o abusador e sua vítima, esta coagida a manter o silêncio.

O Projeto Libertar criado pela Polícia Civil na 29ª Região Policial – Camaquã tem conseguido êxito nessa missão, tanto que inspirou o Projeto de Lei 66/2024, de autoria da Deputada Estadual Laura Sito, logrando retirar da cifra oculta dezenas de crimes sexuais, aumentando os registros de ocorrência de estupros de vulneráveis em 153% nos municípios que integram a 29ª Região Policial. Que o Libertar alcance cada escola do estado do Rio Grande do Sul, que os alunos possam ser municiados de conhecimento para se protegerem de ataques de predadores sexuais reais e virtuais e, caso já violentados, saibam que são vítimas e que merecem toda proteção do Estado.

Maya Angelou escreveu que “o talento das crianças para aguentar as coisas vem da ignorância sobre as alternativas”. Que o Libertar se espalhe pelo Rio Grande do Sul, retirando de todas crianças e adolescentes o véu da ignorância sobre a proteção que merecem, que encontrem a mão do Estado a lhe assegurar um mundo livre da violência sexual.


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