“O homossexual não precisa que ninguém aceite ele: ele precisa de respeito”, afirma Rei da Diversidade sobre combate ao preconceito
Camaquense Douglas Osterberg é o Rei da Diversidade da escola Unidos do Guajuviras; no Estúdio Clic, ele falou sobre combate ao preconceito
Nesta segunda-feira, 13 de abril, o programa Estúdio Clic recebeu um convidado muito especial, que trouxe uma importante fala de combate ao preconceito. O camaquense Douglas Osterberg foi escolhido como Rei da Diversidade pela escola Unidos do Guajuviras, de Canoas, que desfila pelo Grupo Bronze do Carnaval de Porto Alegre.
Na entrevista, ele falou sobre sua trajetória, desde pequeno, sobre seus atuais trabalhos carnavalesco e sobre o combate ao preconceito, que ganha ainda mais força com o título de Rei da Diversidade.
Ele contou que desde pequeno, foi criado e sempre apoiado pela mãe:
“Hoje em dia não é fácil se assumir em uma sociedade machista, homofóbica, em uma cidade pequena de interior. Ela sempre me apoiou muito. […] Hoje eu já não sofro, porque sou empoderado e consigo manejar. Mas tenho muitos amigos que ainda sofrem com a violência. […] A gente entra nos lugares e percebe os olhares diferentes por sermos homossexuais”
Assista a entrevista completa:
Rei da Diversidade
Na noite da última quinta-feira, 7 de abril, um jovem camaquense foi escolhido Rei da Diversidade 2022 da Escola de Samba Unidos do Guajuviras, de Canoas. Douglas Osterberg irá desfilar pela agremiação no Carnaval de Porto Alegre, do qual a escola faz parte do Grupo Bronze.
A Nação Guajuvirense leva para a avenida seu novo tema enredo: “Do sonho à realidade – Amazônia – Patrimônio da Humanidade”. O tema foi desenvolvido pela temista Pabline Corrêa.
A escola de samba Unidos do Guajuviras – Canoas- RS promete trazer uma releitura do carnaval de 1996, apresentado no Desfile Oficial de Porto Alegre. Naquele momento, quando entrou na avenida, a entidade exaltou as belezas da Amazônia, chamando à necessidade de preservar a biodiversidade da mesma.
De acordo com o Jornal Timoneiro, esse foi um dos carnavais mais marcantes da agremiação nestes 30 anos de trajetória, fazendo a devida homenagem à história da escola, trazendo magia, o misticismo e exaltando o maior bioma do mundo.
Combate ao preconceito
Na última semana, Douglas foi escolhido como Rei da Diversidade da escola de samba Unidos do Guajuviras. No começo da noite desta segunda-feira, 11 de abril, Douglas concedeu sua primeira entrevista após ser escolhido na nova função. Ele participa do programa Estúdio Clic a partir das 18h. O programa foi transmitido pelo Facebook e YouTube do Clic Camaquã, além do aplicativo da ClicRádio.
Em sua fala, Douglas relatou a importância do título de Rei da Diversidade para representar diversas pessoas que são oprimidas, agredidas e desrespeitadas diariamente:
“Eu sempre digo e frizo: eu não preciso que ninguém me aceite, e o homossexual não precisa que ninguém aceite ele: ele precisa de respeito. A gente precisa se aceitar. Eu sei que sou gay e eu me aceito gay. Isso basta!”
O jovem conta que entrou para a vida carnavalesca aos 5 anos. “Fui passista por alguns anos. Depois disso, nunca mais me desvinculei desse mundo que tanto amo. Sou apaixonado pelo Samba”, relatou.
Questionado pelo apresentador, Douglas confirmou e explicou o motivo pelo qual a comunidade carnavalesca é mais receptiva com o público LGBTQI+: “Eu costumo dizer que o homossexual é alegria. E o Carnaval é alegria! […] O Mundo LGBT é muito mais alegre, tem muito mais brilho!”
No dia 23, o jovem participa da Escolha da Corte do Carnaval de Porto Alegre. No dia 30 de abril, ele desfile como muso da escola Leões da Feitoria, de São Leopoldo.
Douglas ainda destacou que se tornar rei era um sonho que agora, se torna uma grande alegria:
“Ser Rei? Um grande sonho realizado… E é uma grande honra desfilar a frente desta agremiação como Rei da Diversidade 2022, é um misto de sentimentos, sendo o de gratidão o maior deles. Obrigado Unidos do Guajuviras! Obrigado Deus! Obrigado Universo! Estou extremamente honrado e feliz!”
Em defesa do povo LGBTQI+
Como Rei da Diversidade, Douglas contou que iniciou um trabalho junto à Rede de Atenção a Mulher (RAM) de Camaquã, para ampliar os serviços da entidade em defesa do povo LGBTQI+. O trabalho irá oportunizar que atendimento sejam realizados na Sala das Margaridas, que hoje recebe mulher vítimas de agressões e violência doméstica.
A sigla LGBTQIA+ é resultado de uma evolução do movimento que, ao longo do tempo — não só no Brasil, mas também em outros países — ganhou espaço e mostrou a importância da singularidade de indivíduos que integram cada uma dessas letras e vivem experiências, preconceitos e lutas distintas.
Cada letra dessa sigla tem um significado e representa um grupo distinto:
L: Lésbica – Pessoa que se identifique como mulher e que tenha atração/preferências sexuais por pessoas que identifiquem como mulheres.
G: Gay – Pessoa que se identifica como homem e sente atração por outras pessoas que se identificam como homens.
B: Bissexuais – pessoas que sentem atração sexual por mais de um gênero (importante lembrar que não existe “proporção” nessa atração sexual e nem se deve perguntar isso a essas pessoas).
T: Travestis, transexuais e transgêneros – pessoas que não se identificam com o gênero atribuído no nascimento.
Q: Queer – termo emprestado do inglês que se refere a pessoas em não conformidade com os padrões de sexualidade ou gênero, ou seja, não se identificam totalmente com identidades masculinas e nem com femininas.
I: Intersexuais – pessoas que apresentam variações clínicas relacionadas aos cromossomos ou órgãos reprodutivos ou sexuais.
A: Assexual – Que sente pouca (a depender do contexto) ou nenhuma atração sexual por quaisquer dos gêneros.
+: Abarca todas as outras siglas e identidades que integram o movimento, como pessoas pansexuais, não binárias e etc.
O Carnaval
O Carnaval de Porto Alegre será realizado nos dias 6, 7 e 8 de maio, no Complexo Cultural do Porto Seco. Os desfiles na sexta, sábado e domingo, terão início às 18h e contarão com as 22 escolas de samba e com a tribo Os Comanches. O Grupo Prata desfilará na sexta-feira, o Grupo Ouro no sábado e o Grupo Bronze no domingo.
O Carnaval da Capital, que já teve um público de cerca de 20 mil pessoas por noite, não é realizado há dois anos. Na sua retomada, com uma nova modelagem pós-pandemia, deverá reunir cerca de 10 mil pessoas.
A Escola de Samba Unidos do Guajuviras será a terceira a desfilar durante a terceira noite de desfiles, no domingo, dia 8 de maio.
