Da lavoura à condução da tocha Olímpica: conheça a história de Carlos Souza
O fundador do Super São José, falecido neste domingo (27), está sendo velado no ginásio do Alvorada; conheça um pouco de sua trajetória em entrevista concedida ao Clic Camaquã
Na tarde deste domingo (26), a família de Carlos dos Santos de Souza informou o seu falecimento. Ele estava internado no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre e não resistiu aos ferimentos, após sofrer um acidente doméstico.
O empresário de 77 anos era casado com Soely Souza e deixa dois filhos e três netos. Ele está sendo velado no ginásio da Sociedade Recreativa Alvorado, com ato fúnebre seguindo as recomendações do decreto municipal.
Em entrevista ao Portal Clic Camaquã, o empresário contou a sua história de vida. Filho de fumicultores da cidade de Cerro Grande do Sul, Carlos dos Santos de Souza resolveu largar a lavoura para se dedicar ao comércio. Antes disso, o jovem comunicativo e simpático, foi professor do primário na rede municipal da cidade natal, antes de se mudar para Guaíba, onde abriu uma lancheria junto com um tio. O negócio não deu certo.
Resolveu então encarar a vida na terra da esposa, em Camaquã. Junto da companheira Maria Soely Silva de Souza, com quem é casado desde 1975, e da filha Chenia, na época com apenas seis meses de idade, aproveitou a carona de um caminhoneiro e colocou para cima de um caminhão de lenha tudo o que tinha: uma cama, o guarda roupas, um fogão e quatro banquinhos que possuíam em uma pequena peça onde moravam em Guaíba e partiram para a cidade onde conquistou a vida profissional e pessoal.
Desembarcou no dia 12 de junho de 1976, em uma pequena peça em frente a praça localizada no Clube Alvorada, onde abriu o próprio negócio. “Era um botequinho bem pequeno, de quatro por quatro, onde eu vendia arroz e feijão a granel. Eram duas peças alugadas. A da frente usávamos para o comércio e morávamos nos fundos”.
Durante a entrevista, Seu Carlos se emocionou ao recordar o esforço da mulher Maria Soely para ajudar no sustento da casa. “Ela fazia rapaduras de amendoim e roupas de tricot para vender. E juntos conseguimos comprar a tão sonhada tv. É uma mulher guerreira e sem ela não teria conseguido vencer na vida”, afirmou o empresário.
Mais tarde, conseguiu sair do aluguel e comprou a casa própria. No bairro Cohab morou durante 11 anos até conseguir adquirir um terreno na avenida José Loureiro da Silva. Na época, já tinha nascido o filho mais novo Charles. “O meu filho Charles tinha uns seis anos, e ficou decepcionado pela venda da casa na cohab. Ele gostava de morar lá, todos nós na verdade, ele tinha os amiguinhos dele lá. Lembro do dia que ele disse que quando crescesse ia trabalhar para comprar aquela casa novamente”, recorda o empresário.
Na avenida José Loureiro da Silva, construiu um pequeno prédio que abrigou o mercado e a moradia. “Levantei as paredes e sai trabalhando. Nem reboco tinha. Eu tinha um fusca que eu usava pra tudo. Para o trabalho, eu tirava o banco do carona e entregava os ranchos dos clientes. E para o lazer, viajava pra tudo que era lugar com a minha família. Nunca me deixou na mão”, recorda.
Mas com muito trabalho junto da família, Seu Carlos conseguiu construir um edifício no local e alguns anos depois, conseguir edificar o prédio onde hoje é o Super São José. Atualmente a família possui um supermercado na cidade de Cerro Grande do Sul. “Não conseguiria construir isso que tenho, se não fosse com o trabalho da minha família. Minha mulher e meus dois filhos. Tudo isso nós construímos juntos. Sou uma pessoa realizada”.