‘Cartas na Pandemia’: projeto de jornalista de Porto Alegre promove troca de correspondências
Período de quarentena inspirou Joana Berwanger a criar site que conecta destinatários a remetentes. Lançado nesta semana, projeto já tem 20 inscritos
O distanciamento social inspirou a criação de um projeto em Porto Alegre que aposta numa forma de comunicação que, para muitos, pode ter caído em desuso: as cartas. Respondendo a pergunta “até que ponto podemos estabelecer contato humano através da tecnologia?”, a jornalista Joana Berwanger, com apoio da arquiteta Julia Roizemberg, criaram o projeto “Cartas na Pandemia”.
As duas promovem a aproximação de pessoas pela comunicação clássica da escrita – cartas de papel enviadas pelos Correios.
“Eu sinto muita falta de contato humano. Na carta, tu pensa em como a pessoa escreveu aquilo, tem a questão da caligrafia, é única, cada linha é única, aquele momento que tu escreveu com aquele sentimento. Igual a fotografia, é única, não consegue repetir de novo aquele momento”, diz Joana.
Mesmo que o objetivo seja manter-se perto, ainda que longe em meio a pandemia, as idealizadoras atentam para as medidas de prevenção ao Covid-19 no momento da postagem das cartas.
“A gente está, claro, preocupadas com o isolamento social, quando a pessoa se inscreve a gente pede que não seja uma pessoa de risco para postar no Correio, e se for, que peça a outra para se deslocar e enviar. Se for enviar mais de uma tenha todas prontas para enviar todas de uma vez”, diz.
Como funciona o “Cartas na Pandemia”
O projeto lançado nesta quarta-feira (20) já conta com 20 inscritos, divididos entre destinatários e remetentes. Inicialmente, Joana, que é de Porto Alegre, postou a ideia no Twitter e recebeu o apoio da amiga arquiteta Julia Roizemberg, do Rio de Janeiro.
O “Cartas para Pandemia” seleciona remetentes e destinatários pelo seu site próprio. Os interessados em participar preenchem um formulário e escolhem a categoria que preferem – mandar ou receber cartas.
As responsáveis pelo projeto fazem a curadoria, enviam os dados do remetente para o destinatário, que fica responsável pela postagem, no valor de R$ 1,30 nos Correios. Joana ressalta que os participantes assinam um termo de confidencialidade sobre os dados recebidos.
O próximo passo é fazer uma breve descrição sobre o que faz, do que gosta, para que seja possível identificar o destinatário ou remetente que tenha alguma conexão.
“O conteúdo é livre, a gente botou restrições de proibição de conteúdo violento e preconceituoso, pedimos que as pessoas contem uma história ou que façam uma poesia, nas minhas eu coloco uma fotografia, a gente sugere que as pessoas também façam um desenho.”
O hábito de escrever cartas faz parte da vida da idealizadora do projeto. Joana conta que, quando morou em Portugal e na Itália, sempre mandava cartas. O estímulo final foi quando percebeu que, apesar da comunicação humana depender cada vez mais da tecnologia, o prazo de trocar conrrespondências continua.
“Eu lembrei que eu adorava escrever cartas, sempre que viajo eu mando cartas para os meus amigos e familiares. Eu morei em Portugal e na Itália por um tempo, sempre mandava cartas. Quando eu morei em Portugal, trocava cartas com a minha avó, porque ela não entende nada de internet e a ligação telefônica era muito cara também.”
Projeto faz conexão entre destinatários e remetentes para iniciar uma troca de correspondência — Foto: Divulgação