Após terem dinheiro de passeio levado da escola, crianças conhecem zoológico de Sapucaia do Sul
Servidores do governo do Estado se reuniram e oferecem viagem e visitação aos estudantes da zona sul de Porto Alegre
Estava difícil conter tanta euforia. Os sorrisos largos, os olhos curiosos e a conversa frenética denunciavam a alegria da gurizada durante o sonhado passeio pelo zoológico de Sapucaia do Sul nesta sexta-feira. As turminhas da Escola de Educação Infantil Osmar dos Santos Freitas, do bairro Santa Tereza, na zona sul de Porto Alegre, após terem a escola arrombada na madrugada do dia 20 de novembro e o dinheiro do passeio de fim de ano levados por criminosos, finalmente puderam concretizar os seus planos.
A visita ao zoológico foi viabilizada por uma rede de voluntários que se formou após a notícia. Servidores da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), que faz a gestão do parque, se mobilizaram para juntar dinheiro para oferecer lanche, almoço e brindes aos pequenos. A secretaria também liberou os ingressos. A Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) conseguiu um ônibus e a Viação Ouro e Prata ofereceu outro.
— Tudo começou quando um colega me mandou o link da reportagem. Imediatamente aquilo começou a repercutir nos nossos grupos de WhatsApp. Resolvemos ajudar e no dia seguinte eu fiz o contato com a escola. Muitos colegas, pessoas de setores diferentes começaram a depositar o dinheiro e ajudar — conta a auxiliar administrativa Inês Tremarin, 59 anos, há 40 anos atuando no zoológico.
Gratidão
O encontro entre Inês e a diretora da escola, Maria Alice da Silva, 58 anos, na chegada ao parque foi tomado de emoção. Realizadas em poder proporcionar o passeio, as duas tentaram conter o choro.
— Extremamente emocionada, pois se construiu uma rede muito grande, muito bonita para nos ajudar. E esta rede atingiu uma extensão tão grande, que já estamos levando ela adiante. Recebemos tantos brinquedos, que contemplaram todos os alunos, que agora estamos levando para outras escolas — disse a diretora.
Curiosidade
Assim que chegaram ao parque, 68 alunos, com idades entre três e seis anos, e 16 professores da escola deram início ao passeio. O objetivo maior era encontrar os animais de grande porte e mais curiosos: jacaré, hipopótamo, leão, elefante estavam na lista de prioridades da gurizada.
— Está sendo muito legal, eu adorei ver o leão e o tigre — detalhava entusiasmado Arthur Galvão, de 5 anos.
— Eu ainda quero ver o hipopótamo! — exclamava Caio Kiefer, 6 anos.
Após o almoço, os alunos ganharam picolés e brindes. Professores, que acompanhavam a excursão, também comemoraram e agradeceram pela ajuda.
— Para nós está sendo um momento de felicidade, pois estamos conseguindo realizar o sonho deles. Isso tudo está acontecendo depois de uma tristeza muito grande, mas que se tornou em algo bem maior depois que tudo passou — descreveu a professora Sheila Morel, de 43 anos.
Relembre o caso
Durante o crime, que ocorreu na madrugada do dia 20 de novembro, além do dinheiro, os ladrões levaram duas televisões, dois rádios, caixas de som e notebook. Os aparelhos apareceram no dia seguinte em um terreno nos fundos da creche, mas o valor não foi devolvido.
Os R$ 4 mil furtados seriam usados para pagar a ida ao zoológico, um passeio para a Quinta da Estância, em Viamão, e nas festas de formatura e Natal. O valor foi recolhido ao longo do ano a partir de doações de pais e professores e também na festa junina, rifas, brechós e venda de doces. Após o crime, a escola fez uma caminhada pelo bairro pedindo mais segurança e uma corrente de solidariedade se formou.