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União de fenômenos naturais deixa Lagoa dos Patos cristalina
Vídeo e fotos com imagens paradisíacas no Sul do Estado têm impressionado até quem está acostumado ao cenário
Por Redação/Clic Camaquã Publicado 28/04/2020 Atualizado 26/01/2022
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Águas cristalinas e salobras na Lagoa dos Patos, às margens das praias de São Lourenço do Sul e Arambaré, vêm surpreendendo até quem é da região e está acostumado ao cenário. Durante a manhã deste sábado (25), o internauta Márcio Cunha registrou lindas imagens na Praia do Caramuru, em Arambaré.
Após a salinização da Laguna dos Patos, a água ficou completamente cristalina, bem diferente da tonalidade esverdeada que trouxe o apelido carinhoso da “verde praia da lagoa”. Assista:
Nos últimos 10 dias, os poucos que se aproximaram das praias das Nereidas, das Ondinas e da Barrinha presenciaram imagens raras. A área está restrita a passeios devido ao distanciamento social durante a pandemia de coronavírus, mas o cirurgião-dentista Plínio Abel Alexandre, 29 anos, conseguiu captar com um drone uma lagoa quase transparente no dia 19 de abril.
— Conheço a região há muitos anos e, ainda assim, fiquei encantado com o que vi. Me impressionei porque estou acostumado a tomar banho nas águas turvas. E, olhando as fotos, não estamos falando de Caribe ou Nordeste brasileiro, é São Lourenço do Sul mesmo — comenta Plínio, que compartilhou imagens nas redes sociais.
Praia das Nereidas ficou cristalina. Foto: Plínio Abel Alexandre / Arquivo Pessoal
Segundo a bióloga Maria Cecília Monteiro, da Secretaria Municipal de Planejamento e Meio Ambiente de São Lourenço do Sul, quando há um período maior de seca, como agora, aliado ao vento Sul, as águas do mar acabam invadindo a lagoa.
— O maior índice de salinidade faz com que a água fique mais transparente e cristalina e aumente também a quantidade de camarão na região — salienta.
Lagoa dos Patos transparente. Foto: Plínio Abel Alexandre / Arquivo Pessoal
Para o diretor do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) Osmar Möller Junior, situações naturais ocorreram ao mesmo tempo e desencadearam o fenômeno. Os ventos fracos na última semana não criaram ondas na lagoa. Sem vento, não há movimentação do material fino existente no fundo do estuário. Esta situação mudou a partir da noite de domingo (26), quando o vento retornou à região, o que deve promover o fim do “oásis temporário”.
Como consequência deste fenômeno natural, estão prejuízos nas lavouras de arroz do entorno da lagoa. A boa notícia é que a safra do grão já chegou ao fim neste período em que estamos. Os três ciclones extratropicais que passaram pelo Estado seguidamente também colaboraram para a incidência da salinização.
Nas últimas décadas, a lagoa tem sido uma fonte quase que inesgotável de água para irrigação agrícola, sendo importante para o sustento e o desenvolvimento socioeconômico do local. Porém, na metade sul, em tempos de estiagem, a água pode sofrer salinização, prejudicando seu uso para a agricultura.
Outra questão é a estiagem que assola o Estado. Menos água nos rios que desembocam na Lagoa dos Patos, como o antes potente Rio Camaquã, facilita a entrada do mar no estuário. Não ocorrendo a mistura das águas turvas dos rios com as mais claras vindas do oceano, aumenta o sabor salgado da mesma e, consequentemente, altera a cor.
