Morador de Porto Alegre se recupera da Covid-19: ‘Minha saúde estava muito debilitada’
Márcio Silva da Silva relata que buscou atendimento três vezes no Hospital da Restinga sendo diagnosticado com uma gripe
Morador do bairro Restinga, no extremo sul de Porto Alegre, o açougueiro Márcio Silva da Silva foi mais um dos pacientes de coronavírus da Capital. Após sentir os primeiros sintomas, procurou atendimento médico.
“Procurei o hospital da Restinga por quatro vezes, onde nas três primeiras, apenas me examinaram visualmente e constataram uma simples gripe”.
As primeiras consultas, segundo Márcio, ocorreram nos dias 26, 27 e 29 de março.
“Foi quando comecei a sentir os sintomas. Fortes náuseas, febre, dores nas articulações, falta de ar e muita tosse seca”, conta.
Ele procurou diretamente a tenda, que foi instalada em frente ao Hospital da Restinga e Extremo-Sul, para atender suspeitos da doença.
“Lá, me indicaram dipirona e paracetamol para tratar a gripe”.
No documento entregue ao paciente no atendimento no dia 29 de março, a impressão descrita por parte dos médicos foi de “síndrome gripal sem sinais de alerta”.
Por meio de nota, o Hospital da Restinga diz que Márcio procurou atendimento por três vezes e que “os sintomas apresentados pelo paciente eram leves e, nos dois primeiros atendimentos, foi medicado e indicado isolamento social”. Veja nota completa abaixo.
Já no dia 4 de abril, Márcio conta que começou a piorar. “Fui direto para a emergência do hospital, onde uma doutora pediu dois exames. Descobriram que eu estava com pneumonia bacteriana e fui transferido imediatamente com suspeita de Covid-19 para o Hospital Conceição”.
Assim que chegou foi internado e testado, com resultado positivo para coronavírus. O Hospital Conceição, por meio da assessoria de imprensa, informou que não comenta informações sobre os pacientes.
“Minha saúde estava muito debilitada. O médico chegou a sugerir a intubação. Logo me levaram para um quarto isolado, onde me deram soro e oxigênio. Tomava anticoagulantes quatro vezes por dia, dois pela manhã e dois pela noite”, conta.
‘Eu estava muito ruim’
Márcio reclama que a foi a demora no diagnóstico, já nos primeiros atendimentos, contribuiu para a piora do quadro de saúde.
“Fizeram só um exame visual em mim. Eu estava muito ruim. Desde o dia 26 só comia bolacha salgada e água. O último médico me disse que não precisava mais procurar hospitais, apenas posto de saúde”, conta.
Ele relata que teve febre entre 38 e 39 graus. “A tenda, que é para receber os pacientes com sintomas, eles só dão remédio para gripe e mandam para casa”, diz.
Desafios e sequelas
Para Márcio, que recebeu alta na segunda-feira (13), depois de 10 dias internado, o vírus trouxe muitas dificuldades.
“Me trouxe algumas sequelas, 50% dos meus pulmões foram afetados e a partir de agora preciso tomar algumas precauções para que eu não crie coágulos no sangue, pois corro o perigo de embolia pulmonar”, diz.
Segundo ele, uma infectologista orientou cuidados extremos com o corpo, evitando o estresse para não criar coágulos.
“Não posso fazer mais nada, tenho que me cuidar. A doutora disse que eu tenho que me cuidar durante cinco anos, não posso nem trabalhar na minha área, que sou açougueiro”, lamenta.
Márcio foi orientado a ficar em isolamento domiciliar com a esposa e os três filhos até o dia 19 de abril. Nenhum deles apresenta sintomas. “Eu saí do hospital como curado. Ainda tenho uma tosse seca e preciso usar máscara todo tempo, mas estou curado”, conta.
Márcio precisa ficar em isolamento domiciliar até o dia 19 de abril — Foto: Arquivo pessoal
Nota do Hospital da Restinga
Os sintomas apresentados pelo paciente eram leves e, nos dois primeiros atendimentos, foi medicado e indicado o isolamento social.
Na terceira consulta, em 4 de abril, foi encaminhado diretamente ao Hospital Conceição para teste e internação.
Todos os procedimentos adotados pelo HRES seguem os protocolos do Ministério da Saúde e órgãos da saúde, inclusive neste caso específico.