Coronavírus tem cura? Saiba os principais sintomas e modo de transmissão da doença
Após confirmação de caso no Brasil, especialistas afirmam que a higiene das mãos e a etiqueta respiratória são as grandes armas contra a doença
Wuhan, cidade do centro da China onde o novo coronavírus foi detectado em dezembro do ano passado, e quase toda a província de Hubei estão isoladas do mundo desde quinta-feira passada (23) por ordem das autoridades para tentar frear a epidemia. No Brasil, o primeiro caso foi confirmado após contraprova na manhã desta quarta-feira (26), causando preocupação nos moradores de São Paulo e de todo o país.
Mesmo com as medidas de controle, o vírus já se propagou para 34 países, além da China, conforme a Organização Mundial da Saúde. Mais recentemente, a Itália viu o número de casos e mortes subir.
Confira tudo que você precisa saber sobre o coronavírus. As informações são do portal Viagem & Turismo.
O que é?
O coronavírus pertence à família viral Coronaviridae, que foi descoberta em 1960 e provoca doenças respiratórias em humanos e animais. Além de enfermidades leves como a gripe, o coronavírus é o causador de doenças como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), transmitida de dromedários para humanos, e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), transmitida de felinos para humanos. Esta última ocasionou um surto em 2002 que afetou mais de 8 mil pessoas. O foco também foi a Ásia, com 349 mortes na China continental e outras 299 em Hong Kong.
Como a doença é transmitida?
Acreditava-se que o coronavírus só poderia ser transmitido de animais para humanos, assim como nas outras doenças provocadas pelo coronavírus. Porém, foi confirmado que a transmissão desta nova variante do vírus pode acontecer de pessoa para pessoa, algo que complica o controle sobre a proliferação da doença. A propagação pode acontecer através do espirro, saliva, catarro e tosse de indivíduos infectados. O toque direto com pessoas doentes, como um simples aperto de mão, ou o contato com objetos infectados também podem causar a proliferação do vírus.
Duas análises feitas sobre a doença concluíram que cada pessoa infectada pode transmitir o vírus para dois ou três outros indivíduos, o que representa uma velocidade de contágio muito grande. Uma pesquisa da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, também anunciou que o número de casos pode chegar a 190 mil no início de fevereiro caso as medidas de contenção não funcionem.
Quais são os sintomas?
As pessoas infectadas apresentam sintomas parecidos com os da gripe comum: febre, coriza, dificuldade para respirar, tosse e dor de garganta. Com o desenvolvimento da doença, pode haver complicações como pneumonia, insuficiência renal e até a morte. Pessoas com complicações de saúde prévias, principalmente no sistema respiratório, ou que pertencem a grupos de risco elevado, como é o caso de idosos e grávidas, são mais propensos a desenvolverem os sintomas avançados.
O ministro da Comissão Nacional de Saúde da China, Ma Xiaowei, afirma que os indivíduos infectados podem demorar de 1 a 14 dias para apresentar os sintomas – e que é justamente nesse período que ocorre a transmissão da doença. No mesmo pronunciamento, Xiaowei disse que o vírus está se desenvolvendo e aumentando sua capacidade de se espalhar. A notícia causou preocupação ao redor do mundo, principalmente depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reavaliou o risco internacional do coronavírus de “moderado” para “elevado”.
Como evitar?
Não há uma receita pronta para evitar o contágio, mas algumas atitudes podem diminuir as chances de contaminação. Evitar áreas que são centros de transmissão e não entrar em contato com pessoas que apresentam sintomas da doença são as primeiras medidas a serem tomadas. Evitar proximidade com animais selvagens e pessoas que apresentem sintomas de infecção respiratória aguda.
Alguns cuidados de higiene pessoal também ajudam, como lavar as mãos frequentemente, utilizar lenços descartáveis, cobrir nariz e boca quando tossir ou espirrar e evitar o toque direto nos olhos, nariz e boca. Não compartilhar objetos de uso pessoal também é aconselhado pelo órgão do governo brasileiro.
As máscaras respiratórias, constantemente usadas na China por conta da poluição, também são indicadas, porém não evitam 100% o contágio. Algumas cidades do país, incluindo Wuhan, passaram a obrigar o uso deste aparato pela população local.
Armas contra o vírus – Por Lessandra Michelin, infectologista e diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia
Os coronavírus são uma grande família de vírus, conhecidos desde 1960, que causam infecções respiratórias semelhantes a um resfriado comum em seres humanos e em animais. Um novo coronavírus, chamado de 2019-nCoV, foi identificado como agente causador de pneumonias graves a partir de 31 de dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, província de Hubei, China. Atualmente, mais de 500 casos foram reportados envolvendo países da Ásia e os Estados Unidos, todos com história de viagem a Wuhan.
Os sintomas da infecção por 2019-nCoV são febre, tosse, falta de ar, que pode evoluir para pneumonia e insuficiência renal. Estão sendo considerados casos suspeitos pessoas com sintomas respiratórios que tenham viajado nos últimos 14 dias para a China ou local de casos confirmados. A transmissão pode ocorrer por contato com animais que são reservatórios, ou de pessoa para pessoa através de secreções respiratórias.
Não existe tratamento específico para a doença causada por um novo coronavírus, somente medicamentos para aliviar os sintomas. Como foi identificado em 07 de janeiro de 2020, ainda não há vacina. Assim, nossa grande arma contra o vírus é a higiene das mãos e a etiqueta respiratória (ao tossir ou espirrar, lavar as mãos, e não tocar nos olhos, nariz e boca). Manter práticas alimentares seguras e evitar contato próximo com pessoa suspeita de infecção respiratória também é importante.
A população necessita ficar alerta sobre medidas preventivas e buscar cuidados médicos imediatos caso inicie com sintomas respiratórios após ter estado em local onde estão ocorrendo os casos. Não há motivo para pânico, mas a higiene correta e frequente das mãos é fundamental para prevenir essa e outras doenças transmissíveis. Desde o dia 3 de janeiro de 2020, quando o Ministério da Saúde do Brasil foi informado dos casos de pneumonia grave na China, ações têm sido feitas para identificação precoce dos casos e orientação para vigilância no país, além de medidas de prevenção e controle de portos, aeroportos e fronteiras. Até o momento, nenhum caso suspeito foi confirmado no país.
O rápido aumento no número de casos de coronavírus na China e fora dela – conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), já são 29 países além do território chinês – acende o sinal de alerta na comunidade internacional, que já se preocupa com uma possível declaração de pandemia. Entretanto, a OMS tranquiliza a população e afirma que ainda é cedo para usar o termo.
— No momento, não estamos testemunhando uma disseminação mundial sem controle. Esse vírus tem potencial pandêmico? Absolutamente, mas usar a palavra pandemia agora não se encaixa nos fatos. Isso pode causar medo. Este não é o momento de focar em qual palavra vamos usar. Isso não vai prevenir uma única infecção hoje ou salvar uma única vida — garantiu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante conferência para imprensa na segunda-feira (24).
Para se ter uma pandemia, explica Nancy Bellei, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é preciso que se tenha uma disseminação por vários países, em vários continentes e com transmissão local. O termo “pandemia” se aplica a doenças infecciosas ou não e graves ou não, completa Renato Grinbaum, médico consultor da SBI.
— Epidemia é a ocorrência de casos de doença, infecciosa ou não (pode ocorrer contaminação por químicos, por exemplo), superior à quantidade de casos que ocorrem normalmente. Já a pandemia, é quando se tem epidemia em vários países do mundo. As pessoas associam com doenças graves, mas não é necessariamente — fala Grinbaum.