Morte em São Gabriel: PMs mentiram em boletim de ocorrência e agrediram jovem, aponta investigação
Durante a abordagem, o jovem foi agredido e na confecção do boletim de ocorrência, os policiais militares mentiram sobre o ocorrido
A Polícia Civil vai pedir à Justiça a prisão preventiva de três policiais militares pela morte (homicídio) do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, ocorrida em São Gabriel. A investigação possui informações que apontam que durante a abordagem, o jovem foi agredido e que na confecção do boletim de ocorrência, os policiais mentiram sobre o ocorrido.
O Setor de Investigação da Polícia Civil de São Gabriel coletou elementos que sustentam que o jovem foi agredido no local da abordagem e que ao ser levado para a viatura, já estava cambaleando, possivelmente devido à violência empregada pelos PMs.
Gabriel foi levadopara a localidade de Lava Pés, distante dois quilômetros do local da abordagem. As condições em que ele foi deixado lá ainda estão sendo apuradas, mas o corpo foi encontrado em um açude que fica na localidade.
Conforme o delegado regional de São Gabriel, Luis Eduardo Benites, há depoimentos e outras informações que fazem parte do inquérito e indicam a ocorrência de homicídio doloso contra o jovem.
Temos um conjunto de indícios que levam a polícia a concluir por homicídio doloso. Ainda teremos complemento a partir da análise de perícias e do resultado da necropsia”, destacou Benites.
O delegado titular da investigação, José Soares Bastos, citou ter elementos para enquadrar os PMs por homicídio duplamente qualificado. Os três policiais investigados pela morte de Gabriel estão presos desde a sexta-feira (19) por determinação da Justiça Militar. Ao depor na investigação da Brigada, os PMs disseram ter levado Gabriel para a Lava Pés a pedido do jovem.
Ao registrar a ocorrência da abordagem, eles não informaram este “pedido” e nem sequer informaram ter levado o jovem para a localidade de Lava Pés. No registro, ele informaram que haviam liberado Gabriel no próprio local da ocorrência, na rua Sete de Setembro, no bairro Independência.
O registro do GPS da viatura confirmou que foi feita uma parada naquele local, próximo ao açude, com duração de um minuto e 50 segundos. Um vídeo mostra o momento da abordagem:
Antes de ir até a casa da vizinha que acionou a BM, pouco depois das 23h, o jovem passou em um bar que fica na mesma rua. Segundo o dono do estabelecimento, o rapaz comprou uma garrafa de Corote, de 500ml, bebida cujo teor alcoólico é de 13,5%.
O chefe da Polícia Civil ainda afirmou que é essencial aguardar o resultado da perícia — que indicará a causa da morte do jovem — para a apuração dos fatos:
“É a perícia que vai dizer se o jovem morreu por afogamento, ou se ele tem sinais, por exemplo, de agressão. Esse é um detalhe que é importante para saber se foi agredido, morto e jogado no açude. Se ele tem ou não sinais aparentes de lesão ou se não tem qualquer lesão e morreu por afogamento”