Grêmio prevê atraso por pandemia e teme postergar novamente compra da Arena
Presidente Romildo Bolzan afirma que acordo já está encaminhado, mas depende de ação do Ministério Público; negócio deve ficar para 2021
O Grêmio pretendia anunciar a conclusão do negócio da compra da gestão da Arena ainda em 2019. Ficou para 2020. E a tão sonhada notícia aos torcedores pode ser adiada até mesmo para 2021, devido à paralisação do sistema judiciário por conta da pandemia do coronavírus.
Quem afirma isso é o presidente Romildo Bolzan Jr.. Em entrevista à RBS TV, o mandatário gremista admite que as pendências a resolver com o Ministério Público devem atrasar o andamento das tratativas.
Conforme o mandatário, já há um acordo entre o Grêmio, a OAS (empreiteira responsável pela obra do estádio) e a Karagounis sobre o negócio.
A oficialização esbarra em uma ação movida pelo MP sobre a conclusão das obras do entorno do estádio. O órgão ainda não reconhece o clube como parte do processo judicial.
– Prefeitura, OAS, Grêmio, Karagounis, todas essas partes acertaram o ajuste final. Mas isso depende do MP, que é o titular de uma cobrança das ações. Quando essas ações forem aceitas, as coisas vão andar. Isso vai atrasar um pouco mais. Tínhamos ideia de que poderíamos chancelar (a compra) durante o ano. Mas não sei se será possível. Até mesmo o judiciário está fechado – teme o presidente.
As negociações
A compra da gestão do estádio é quase uma obsessão entre os gremistas desde que o ex-presidente Fábio Koff afirmou, lá em 2012, que “a Arena não é do Grêmio”.
Mais tarde, em 2014, o ex-dirigente chegou a anunciar acordo com a OAS em outubro. Hoje, o Tricolor paga R$ 1,75 milhão por mês à OAS para que seus sócios tenham acesso em dias de jogos.
Recentemente, o clube avançou nas conversas e fez uma proposta à OAS para assumir as obras do entorno da Arena e o pagamento do financiamento da empreiteira com os bancos. A diretoria diz ter um acerto para pagar R$ 113 milhões em vez dos R$ 200 milhões originais pela compra da gestão.
Desse total, R$ 53 milhões virão de empréstimos bancários com pagamentos mensais pelos próximos seis anos. Os outros R$ 60 milhões sairão da venda da área do estádio Olímpico.
Pelo plano de negócio, o clube quitará ao final de 2027 a dívida relativa ao financiamento. Já as garantias para a execução das obras do entorno, avaliadas em R$ 42 milhões, seriam dadas com receitas que o clube receberá a partir da gestão do estádio.
O atual contrato do Grêmio com a OAS prevê 20 anos de exploração comercial pela construtora, até 2033. A Arena Porto-Alegrense também controla toda a operação em dias de jogos e eventos como shows, bem como fica com suas receitas.
O clube estima ter um acréscimo de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões na receita anual com projetos que pretende implementar quando assumir a operação, como aumento do quadro social e comercialização dos espaços da Arena para lojas e eventos. Na parte prática, também pesa a desburocratização da operação do estádio em dias de jogos.