Lançamento do primeiro satélite gaúcho está previsto para 19 de junho
O Polo Espacial Gaúcho se prepara para colocar em órbita o primeiro nanossatélite produzido no Estado, o NanosatC-BR1. O artefato, que foi desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), teve sua fase de testes concluídas no Brasil, e está a caminho da Holanda para uma nova etapa, antes do lançamento na Rússia, previsto para 19 de junho.
O polo é uma iniciativa do Governo estadual em convênio com empresas de tecnologia, universidades, Forças Armadas e institutos científicos. Tem como âncora a AEL Sistemas, companhia especializada no desenvolvimento de soluções em defesa. Gerente do projeto no Centro Regional Sul (CRS/Inpe), em Santa Maria (RS), e coordenador do Programa NanosatC-BR, Nélson Schuch acredita que o desenvolvimento de um nanossatélite no Estado só foi possível com a parceria e apoio disponibilizados pela Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico (SCIT). “O secretário (Cléber)Prodanov nos auxiliou em todas as etapas do processo, buscando recursos para qualificar os pesquisadores”.
Prodanov destacou a importância de apoiar um projeto desta magnitude. “A meta desta gestão tem sido introduzir o Rio Grande do Sul no mercado internacional. Esse primeiro nanossatélite totalmente gaúcho mostra a capacidade dos nossos pesquisadores, e nada mais justo do que a secretaria auxiliar na busca de investimentos para ampliar cada vez mais o nicho de atuação desses profissionais e elevar o nível de desenvolvimento do Estado”.
Pesquisa
Para auxiliar o projeto, a SCIT tem fomentado as pesquisas em universidades, articulado a busca de recursos e, principalmente, investido para a formação e capacitação de recursos humanos na área espacial. “Junto à UFSM e o Inpe, estamos desenvolvendo ações que possibilitem a ampliação de especialista na área, como o lançamento do curso de engenharia espacial na UFSM, previsto para iniciar em 2015, com verba que estamos trabalhando junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para investimentos”, disse Prodanov.
De acordo com Schuch, a união entre Inpe, UFSM e SCIT deve ter continuidade em outros projetos. “Já estamos com o segundo nanossatélite, o Nanosatc-Br2, praticamente pronto. Ele foi desenvolvido na UFSM e já está na sede do Inpe, em São José dos Campos (SP). Faltam apenas as cargas úteis e o artefato poderá ser lançado imediatamente. A previsão é 2015.” Para a etapa de conclusão do satélite, Prodanov negocia com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação a liberação de R$ 1,25 milhão.
Santa Maria
O secretário Prodanov conheceu nesta quarta-feira (02), em Santa Maria, as instalações da sede do Inpe. Um dos espaços visitados foi o Centro de Rastreio e Controle do nanossatélite. Segundo o chefe do Centro Regional Sul (CRS/Inpe), Adriano Petry, o local é responsável pela comunicação com o artefato. “Uma coisa é o satélite ser lançado em órbita. Outra é a estrutura necessária na terra para que ocorra a comunicação com o nanossatélite.” A sede do Inpe em Santa Maria já tem uma unidade instalada. “Nossa estrutura permite rastrear uma grande quantidade de satélites, não apenas os que desenvolvemos”.
Petry ressaltou, ainda, a importância do Governo do Estado nesse processo. “Para que pudéssemos chegar a este estágio, foi essencial o aporte da SCIT. E este apoio, com a busca de novos recursos junto ao Ministério, permitirá darmos continuidade à elaboração dos nanossatélites e alavancar ainda mais os níveis de produção espacial”.
“A presença do Inpe e os projetos que eles desenvolvem com Santa Maria são fundamentais para o desenvolvimento do Estado, e a nossa pasta se orgulha em investir nesse projeto”, destacou Prodanov.
Projeto
O NanosatC-Br1 é um pequeno satélite científico (pouco mais de um quilo) e o primeiro cubesat desenvolvido no país, produzido em parceria do CRS, do Inpe e da UFSM. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e as empresas Emsisti, Innovative Solution in Space (ISS), empresa holandesa fornecedora da plataforma do cubesat, e a brasileira Lunus Aeroespacial também estiveram envolvidas na preparação.
O NanosatC-Br1 comportará dois instrumentos científicos, sendo um magnetômetro e um detector de partículas de precipitação para o monitoramento, em tempo real, do geoespaço, para o estudo da precipitação de partículas e de distúrbios na magnetosfera sobre o território nacional. Com isso, será possível determinar os efeitos em regiões como a da Anomalia Magnética no Atlântico Sul (Sama, sigla em inglês) e do setor brasileiro do eletrojato equatorial.
A Sama é uma “falha” do campo magnético terrestre nesta região, que fica sobre o Brasil. Como consequência desta anomalia, há um maior risco da presença de partículas de alta energia, que podem afetar as comunicações, redes de distribuição de energia, os sinais de satélites de posicionamento global (como o GPS), ou mesmo causar falhas de equipamentos eletrônicos como computadores de bordo. O Inpe estuda e monitora o fenômeno há vários anos por meio do Centro de Informação e Previsão do Clima Espacial.