Cpers garante manutenção da greve após Estado suspender negociação
Paralisação da categoria completa 72 dias
O Cpers-Sindicato reagiu à manifestação da Secretaria Estadual da Educação, que suspendeu as negociações com a categoria enquanto durar a greve, e publicou nas redes sociais que não vai mais aceitar respostas evasivas por parte do governo estadual. O comunicado defende que a “greve é justa e continua enquanto o governo não atender as reivindicações”. O movimento completou 72 dias, nesta quarta-feira.
O magistério exige que ocorra a garantia dos salários pagos em dia, incluindo o pagamento do 13º, e a abertura de uma Mesa de Negociação para discutir a recuperação das perdas inflacionárias. Conforme o sindicato, o percentual de defasagem nos salários chega a 21,85% no governo atual. Na última assembleia, contrariando a orientação do Cpers, a maioria dos educadores presentes decidiu manter a paralisação.
Ontem, os professores realizaram protesto em frente ao Piratini em busca de uma nova reunião com o governo, mas não foram atendidos e seguiram para a sede da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul). No local, trancaram as portas de acesso ao prédio. A justificativa do Cpers pela escolha do edifício é que o vice-governador, José Paulo Cairoli, presidiu a federação. “Este prédio representa os empresários que sonegam impostos que não entram nos cofres públicos para honrar os nossos salários”, disse a presidente da entidade, Helenir Schürer. A Federasul lamentou a postura “agressiva” do protesto.
No final da tarde, o governo estadual anunciou a suspensão das negociações com o comando de greve do Cpers. De acordo com um documento encaminhado à entidade, o diálogo com os professores vai ser mantido por meio das Coordenadorias Regionais de Educação (CREs). “O compromisso de preservar o diálogo sobre a qualidade da educação está mantido, mas neste momento temos de retomar a normalidade das aulas”, sustenta o secretário da Educação, Ronald Krummenauer.
Ainda de acordo com o documento, a mesa de negociação com o Cpers para abordar “os desafios da qualidade do ensino e valorização do magistério” só vai ser reaberta quando as aulas forem restabelecidas em 100% da rede estadual. No ofício o governo citou ainda que o comando de greve foi recebido inúmeras vezes e que as negociações avançaram em oito pontos.
Na segunda-feira, a Secretaria de Educação (Seduc) informou que apenas 2% das escolas da rede pública estadual seguem sem aulas em função da greve. O Cpers garante que vai percorrer todas as 2,5 mil unidades para realizar um balanço in locosobre a paralisação dos professores. A expectativa é reunir esses dados, junto aos núcleos da entidade, até o fim da semana