Greve de pilotos e comissários de voos atinge 5° dia
Aeronautas recusam proposta do TST e continuam em paralisação
Greve de pilotos e comissários de voos atinge 5° dia. Os aeronautas recusaram a proposta apresentada nesta quinta-feira (22).
Com 59,25% dos votos contrários e 40,02% favoráveis, a categoria recusou a proposta de renovação da Convenção Coletiva de Trabalho apresentada nesta quinta-feira, pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). A votação obteve ainda 0,73% de abstenções.
A proposta contemplava reajuste 100% do INPC (5,97%) nos salários fixos e variáveis, mais 1% de aumento real, piso salarial, seguro, multa por descumprimento da Convenção e vale-alimentação. Para o teto, o reajuste seria de 100% do INPC, menos 2,74%.
A paralisação da categoria está sendo realizada todos os dias de 06h a 8h. Nesta quinta-feira, somente neste período, foram cerca de 100 voos atrasados e 22 cancelados nos principais aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro.
O movimento de greve continuará sendo realizada nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos, Viracopos, Galeão, Santos Dumont, Porto Alegre, Confins, Brasília e Fortaleza.
O presidente do SNA, Henrique Hacklaender, informa que o movimento grevista está previsto para amanhã, e a continuidade dele depende do resultado da votação. “Se votar sim, perfeito. Segue a convenção coletiva e suspende a greve. E a partir daqui, então, temos a nossa correção renovada e os nossos salários reajustados. No caso de reprovação, nós vamos continuar a greve e ela vai ter que ser de forma intensiva. Ela vai ter que endurecer. Porque, afinal de contas, nós passamos aqui quatro dias e tivemos essa proposta”, afirma.
Assim, o presidente alerta para a possibilidade de um julgamento de dissídio, que acontece quando não há negociação direta entre trabalhadores ou sindicatos e empregadores.
Voos atrasados e cancelados
De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), até às 16 horas de hoje, foram registrados 48 atrasos e 14 cancelamentos na partida de voos no Aeroporto de Congonhas, e 41 atrasos e 9 cancelamentos na partida de voos no Aeroporto Santos Dumont.
Data | Congonhas | Santos Dumont |
21/12 | 144 atrasos e 75 cancelamentos | 153 atrasos e 98 cancelamentos |
20/12 | 127 atrasos e 52 cancelamentos | 155 atrasos e 66 cancelamentos |
19/12 | 108 atrasos e 29 cancelamentos | 17 cancelamentos e 32 atrasos |
Fonte: Brasil 61
Confira a nota divulgada pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias
O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) informa que a proposta apresentada ontem (22/12) pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) não foi aceita pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).
A proposta foi a segunda apresentada pelo TST e previa aumento salarial equivalente ao INPC mais ganho real de 1% para todas as cláusulas econômicas, incluindo salários fixos e variáveis, diárias nacionais, seguro e vale alimentação, entre outras. Cabe destacar que se trata da terceira proposta negada pelo sindicato. A primeira foi apresentada pelo SNEA ainda no âmbito da negociação sindical.
De acordo com a assembleia virtual do SNA realizada ontem (22), a greve está mantida das 6h às 8h nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos, Galeão, Santos Dumont, Viracopos, Porto Alegre, Brasília, Confins e Fortaleza nesta sexta-feira (23), véspera do feriado de Natal.
O SNEA enfatiza que iniciou as negociações desde os primeiros dias de outubro deste ano para preservar os direitos dos tripulantes, estendendo a validade da CCT vigente até o fim das negociações, e garantir as viagens aéreas dos passageiros, especialmente durante a alta temporada. Além disso, após encerrada as negociações diretas entre sindicatos, no último fim de semana, as companhias aéreas acataram a primeira proposta de mediação elaborada pelo TST, que foi rejeitada pelo SNA.
É importante destacar, ainda, que o preço das passagens aéreas foi fortemente impactado por conta da pandemia, da desvalorização do real frente ao dólar e do conflito na Ucrânia, resultando no aumento do preço do petróleo. O querosene de aviação (QAV) acumula alta de 118% na comparação com o ano de 2019 e hoje representa mais de 50% dos custos totais das empresas, que por sua vez têm uma parcela de cerca de 60% dolarizada. De 2016 a 2021, as empresas aéreas acumulam prejuízo de R$ 41,8 bilhões, segundo dados da ANAC. Além disso, o setor segue enfrentando os impactos da pandemia, quando foi deflagrada a maior crise de sua história.
Greve de pilotos e comissários de voos atinge 5° dia