Delegados e delegadas do RS suspendem medida de silêncio após mais de dois meses de protesto por reajuste salarial
A categoria não divulgava detalhes de operações nem concedia entrevistas, há mais de dois meses, com o objetivo era pressionar o governo a conceder reposição salarial
A Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (ASDEP) e seus representados decidiram suspender a medida de silêncio a partir desta sexta-feira (1). A categoria não divulgava detalhes de operações nem concedia entrevistas, há mais de dois meses, com o objetivo era pressionar o governo a conceder reposição salarial.
- Delegados da Polícia Civil estão há três semanas sem repassar informações para imprensa
- Delegados da Polícia Civil do RS suspendem entrevistas e informações à imprensa em protesto por reajuste salarial
Desde o dia 20 de dezembro, a associação havia tomado a decisão, por unanimidade em uma assembleia geral, interrompendo todo o repasse de informações para a imprensa. A mesma decisão já foi tomada no começo de novembro do ano passado e durou por quase três semanas.
Na última semana, a ASDEP passou a intensificar contatos com deputados e demais entidades como forma de sensibilizar quanto ao problema que está prestes a agudizar na segurança pública. O presidente da associação, delegado Guilherme Wondracek, destacou:
A situação está grave. Queremos demonstrar aos parlamentares a gravidade da cenário, não só de delegados e delegadas, como da segurança pública como um todo. A ausência de valorização salarial vai acabar repercutindo na sociedade, pois os profissionais estão abandonando as carreiras da Polícia. E isso está acontecendo rapidamente. A sociedade, os empresários, precisam entender que a valorização salarial dos policiais é uma questão de estado urgente. Sem isso até a economia e os negócios serão prejudicados
De acordo com a Asdep, um dado que chama atenção é que, apesar de ter havido concurso em 2020, 2021, 2022 e 2023, promovendo o ingresso de novos policiais, nos últimos quatro anos a exoneração de policiais civis aumentou 300%, fruto da necessidade de valorização.
“O Estado faz o concurso, treina, capacita, mas o profissional não fica. Migra para outras carreiras ou para polícias de outros estados que remuneram mais e melhor. Essa é a situação. Delegados estão deixando a carreira no RS. Estamos perdendo força para combater o crime. E segurança pública se faz com pessoas. A situação é bem preocupante”, destaca Wondracek.