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ClicTV: “Cheguei na sala dele e o que vi foi traumatizante: ele estava nú”, afirma vítima

Assista o depoimento de duas camaquenses vítimas de assédio sexual no ambiente de trabalho nesta série de três reportagens exclusivas do Portal Clic Camaquã


Por Redação/Clic Camaquã Publicado 13/10/2017 Atualizado 26/01/2022
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Com o passar do tempo as mulheres conquistaram vários direitos civis e sociais, dentre eles, a possibilidade de inserção no mercado de trabalho. Apesar deste grande passo, elas ainda enfrentam um inimigo silencioso: o assédio sexual no ambiente profissional. Conforme dados divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 52% das mulheres economicamente ativas já sofreram esse tipo de assédio no exercício de suas profissões.  

Em Camaquã, existem muitos casos como os que serão contados nesta reportagem, porém, o índice de ocorrências registradas é baixo. O motivo? O medo da demissão, as constantes ameaças feitas pelo agressor e a vergonha perante uma sociedade que ainda insiste em culpar a vítima.

ASSISTA AS ENTREVISTAS:

Com a intenção de quebrar o silêncio, o Clic Camaquã conversou com duas mulheres que sofreram algum tipo de abuso no trabalho. Nossa reportagem vai chamar as vítimas pelos nomes fictícios “Flávia” e “Simone”, já que elas não querem ser identificadas. Os casos aconteceram nos anos de 2004 e 2013, respectivamente. Nenhuma das vítimas quis denunciar os abusadores, pois eles possuíam cargos superiores nas empresas onde elas trabalhavam.

Flávia: “Chegando na sala, primeiro ele me forçou um beijo…”

Começamos com o relato de Flávia; ela tem 27 anos, mas sofreu abuso em seu primeiro emprego, aos 16 anos. Ela começou a estagiar em uma empresa de turismo no ano de 2004. Segundo a vítima, o dono do estabelecimento era um homem muito conhecido na cidade e já havia se envolvido várias vezes em casos de assédio sexual, mas Flávia não tinha conhecimento da “fama” de seu empregador: “Várias denúncias já haviam sido feitas contra ele, inclusive ele tinha um caso com uma das secretárias”, completa.

Flávia conta que tudo começou com pequenos elogios: “Você está muito bonita hoje. Seu café é muito bom. Seu trabalho está muito bem feito”. A vítima ainda conta que o abusador convidava amigos para ir a empresa e eles também a intimidavam: “Depois ele ficava com os amigos na sala dele, ficavam rindo, bebendo, falando baixo… Eles ligavam para nossa sala de secretária e mandavam nós passarmos lá, onde ficavam me olhando dos pés à cabeça e atirando charadinhas, o que me incomodava bastante”.

Após estes pequenos sinais de que estaria sendo abusada, Flávia foi surpreendida quando estava sozinha na empresa com o patrão: “Um dia a secretária que era amante dele foi viajar, então, eu e ele ficamos sozinhos no estabelecimento. Ele ligou para minha sala e mandou eu passar lá. Chegando na sala, primeiro ele me forçou um beijo; eu empurrei ele, perguntei se ele estava louco e sai correndo. Voltei para minha sala e fiquei lá chorando, bem chateada. Era meu primeiro emprego, eu precisava dele para ajudar minha mãe.”

“Ele estava nú. Simplesmente pelado. Eu saí correndo dali”

Pensando que o homem não tentaria mais nenhuma investida, Flávia não imaginava que o pior estaria por vir: “O telefone tocou e era ele. Gritando, ele mandou eu ir urgentemente na sala dele. Pensei: “Tá, vou ser demitida.”. Bati na porta, entrei, e o que eu vi foi a coisa mais horrível do mundo. Ele estava nú. Simplesmente pelado. Eu saí correndo dali. Deixei minha bolsa e todos os meus documentos na empresa. Eu nunca mais voltei, porque o que eu vi aquele dia, foi muito traumatizante.”.

Flávia relata que não pôde entrar em contato com nenhum de seus familiares, pois na época não possuía aparelho celular. Porém, sua tia era dona de um estabelecimento comercial, localizado próximo a agência onde Flávia trabalhava: “A sorte que eu tive era que a minha tia tinha o negócio dela ali perto. Cheguei chorando. Ela me perguntou o que havia acontecido, mas eu só respondi que um cliente tinha sido muito grosso e que eu nunca mais iria trabalhar ali.”.

“Não se calem. Camaquã e o mundo não são terra de ninguém, você é quem decide quem fica e quem sai da sua vida”.

Desde então Flávia estava calada, assim como tantas outras mulheres, guardando dentro de si toda perturbação emocional causada por um abusador: “É a primeira vez que eu falo sobre isso. Foi muito traumatizante. Era meu primeiro emprego e eu me calei porque me senti acuada. Mas eu tenho um conselho: Não se calem. Camaquã e o mundo não são terra de ninguém, você é quem decide quem fica e quem sai da sua vida. Denunciem.”, a vítima finaliza chorando, ao reviver o maior trauma de sua vida.

Simone: “você fica com um bundão com essa calça”

Após o relato de Flávia, outra vítima de assédio sexual no trabalho se dispôs a falar: Simone. Atualmente ela possui 25 anos, seu episódio de abuso aconteceu no ano de 2013. Ela trabalhava em um estabelecimento comercial de Camaquã. “Logo que eu entrei na empresa um colega começou a me convidar para sair. No começo eu desconversava, dizia que não, até porque sou casada, mas começou a ficar chato.”, completa.

Mesmo não recebendo abertura da vítima, o homem insistia e intensificava os abusos: “Eu usava legging no serviço. Eu estava trabalhando e ele passava por mim e falava coisas que me deixavam constrangida, do tipo: “gostosa”, “você fica com um bundão com essa calça”. Não era só comigo, ele fazia com outras colegas, mas principalmente comigo. A convivência já estava ficando insuportável.”, conta Simone.

“Ele usava o cargo dele, que era superior dentro da empresa, para fazer ameaças. Oferecia regalias que a gente poderia ter se saísse ou tivesse um caso com ele, e se a gente dissesse não, ameaçava demitir, dizia que quem precisava do emprego éramos nós. Eu não poderia contar para ninguém, ele era da chefia, quem acreditaria em mim, uma funcionária?!”, complementa a vítima.

“Eu me demiti. Não dá para trabalhar em um ambiente onde se é assediada o tempo todo”

Em um certo dia, Simone havia terminado seu trabalho e estava aguardando um colega finalizar o expediente para irem embora da empresa: “Eu estava parada e o cara que me assediava chegou gritando, mandando eu trabalhar. Eu disse que já havia terminado meu expediente, então ele ameaçou me demitir. Eu falei que preferia mesmo ir embora, porque já não aguentava mais ser perseguida por ele. Eu me demiti. Não dá para trabalhar em um ambiente onde se é assediada o tempo todo.”, completa.

Estes são apenas dois dos muitos casos que acontecem diariamente em Camaquã e em demais localidades. As vítimas sofrem caladas e não denunciam por medo. O agressor, e a sociedade em geral, fazem elas acreditarem que este tipo de comportamento é normal. O assédio sexual não pode ser banalizado; uma simples piada maliciosa gera um desconforto enorme e pode ser uma porta aberta para atitudes piores.

Os relatos apresentados na primeira parte desta série de reportagens servem para alertar sobre a gravidade do assédio sexual no trabalho. Além de trazer às claras estas situações que ainda são consideradas tabus, a intenção do Clic Camaquã é mostrar para as mulheres que elas não estão sozinhas; devem reagir e denunciar quaisquer abusos sofridos, pois a culpa nunca é da vítima.

Neste sábado (14), você vai conferir a continuação desta reportagem. O psicólogo e neurocoach, Enio Júnior, irá falar sobre os sinais que um abusador emite, além das atitudes detectadas mais frequentemente pelas vítimas. O profissional também irá abordar os traumas psicológicos deixados por este tipo de abuso e algumas formas de tratamento, para que as vítimas possam reestabelecer sua saúde emocional e superar os bloqueios psicológicos.


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