No Dia Mundial do Tabaco, produtores pedem reconhecimento
A cultura do tabaco é trabalhosa, envolve muitos processos e vários meses para conclusão
Desde 2012 o dia 28 de outubro é oficialmente o Dia Mundial do Produtor de Tabaco. A data foi definida na Assembleia da Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (Itga), em alusão à data de chegada da comitiva de Cristóvão Colombo à Cuba, em 1492, onde nativos já consumiam folhas queimadas, que mais tarde viriam a ser conhecidas como tabaco.
O Brasil é o segundo maior produtor de tabaco do mundo, com destaque para os três Estados da Região Sul, que concentram, juntos, 97% do total. O país perde apenas para a China. A cultura, além da importância econômica também tem papel social já que, em sua maioria, é exercida em pequenas propriedades, na agricultura familiar.
Segundo dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), o tabaco movimenta mais de R$ 6 bilhões ao ano, com produção superior a 685 mil toneladas de tabaco e geração de mais de 2 milhões de empregos diretos e indiretos. O tabaco é cultivado em 321.520 mil hectares do território nacional.
Trabalho árduo
A cultura do tabaco é trabalhosa, envolve muitos processos e vários meses. Primeiro é necessário produzir a muda. Este sistema evoluiu nos últimos anos, passando dos canteiros de chão para o sistema floating, que consiste em bandejas de isopor instaladas sobre uma fina lâmina d’água previamente fertilizada.
Nesta fase, que dura em média 60 dias, é preciso ter atenção para evitar doenças como o amarelão, mofo azul, mancha aureolada e podridão. As mudas devem ser podadas nesta período. Depois é feito o preparo de solo que vai receber as mudas, o plantio, aplicação de herbicidas e demais defensivos. O processo segue com fertilização, capina, retirada das flores e controle de pragas.
A colheita é feita em partes, conforme o amadurecimento da folha, de baixo para cima. Existem variedades secas em estufas como o Virgínia e as que são curadas em galpão, como é o caso do Burley. Depois de seco o fumo é separado por classes, manocado e colocado em fardos onde segue para a indústria para posterior beneficiamento. Geralmente o produtor tem contrato com uma fumageira integradora, recebendo os insumos para a produção e o compromisso de entregar o produto a ela.
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Pouco reconhecimento
O Brasil é uma referência no combate ao tabagismo. Em 2005 país passou a ser signatário da Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco (tratado internacional para o controle do tabaco). Desde então busca implantar alternativas de renda para os produtores de tabaco. Estudos mostram que a renda média mensal das famílias por trabalhador é de um terço do salário mínimo nacional além dos prejuízos à saúde pela alta exposição dos defensivos agrícolas, doenças ocasionadas pela exposição ao sol sem proteção e questões sociais como evasão escolar e baixa escolaridade.
A produtora Zélia Maria Studzinski, produz tabaco junto com o esposo e filha, há mais de duas décadas, em Dom Feliciano, no Centro Sul do Rio Grande do Sul. Em tempos onde a mulher é protagonista no agronegócio ela destaca que na fumicultura não é diferente. A mulher se divide entre lavoura, casa, participa da gestão mas o reconhecimento é baixo.
“Acima de sermos fumicultores somos agricultores mas a discriminação é grande pelo uso do agrotóxico que a cultura exige. Acredito que não deveria ser assim pois fazemos o manejo correto do produto para não prejudicar a ninguém. É árduo, cansativo. Trabalha de sol a sol, em dia de chuva, em domingo. Temos dificuldades quando o clima não é favorável, como chuva em excesso ou a falta dela que prejudica na produção ou granizo que destrói todo trabalho em minutos. Além disso na atualidade sofremos com os baixos preços do mercado de tabaco”, conta.