CONSERVAÇÃO DO SOLO
As perdas de terra nas lavouras gaúchas, que ocorreram no passado e que ainda ocorrem em muitas situações, são decorrentes da falta de práticas conservacionistas, do mau manejo do solo e do uso do solo em desconformidade à sua capacidade de uso. Felizmente nos últimos anos muita coisa mudou, veio o cultivo mínimo, o plantio direto, terraços de base larga em nível e a adequação do uso do solo a sua capacidade. Isso ocorreu em alguns pontos do Estado, mas em outros essa preocupação ainda não se transformou em ação, embora se saiba que os organismos de assistência técnica, fazem de tudo para que isso aconteça.
Na região sul a conservação do solo deixa muito a desejar, basta observar os nossos arroios e sangas para tirar as conclusões. Todo curso de água muda de ano para ano, mas o que está acontecendo é uma verdadeira destruição dos mananciais com o assoreamento e a poluição extrema.
Para avaliar as perdas de solo e o que isso representa para o proprietário, vamos fazer a seguinte conta. Numa área de um hectare a perda de 10 cm representa um total de 1.000 m3 de sedimento. Com as precipitações se avolumando, o problema tende a se agravar, certamente que as últimas chuvas que causaram inundações e estragos em todo Estado carregaram as reservas do solo, elas se esgotam muito rapidamente, mas demora para se recompor. Tem ainda a ser considerado que a chuva leva além da terra melhor mais sementes, adubos, venenos etc., e, com isso, perde-se dinheiro e trabalho.
Essa situação nos põe a pensar e nos deixa preocupado, com o que vai acontecer nos próximos anos. De uma coisa temos certeza: se tudo continuar do mesmo modo a situação só pode piorar. Cada vez mais teremos áreas erodidas e facilmente afetadas por pequenas estiagens e grandes precipitações, além de diminuir a produtividade a cada ano, mesmo com toda tecnologia colocada a disposição do produtor.
A lavração e a gradeação também colabora na erosão, pois desagregam o solo na sua parte superficial, pulverizando-o, com isso fecham-se os poros por onde a água passa, e, quando o solo não suporta mais água, ela escorre na superfície causando a erosão. A utilização somente de uma prática para conservação do solo, não resolve a questão, mesmo que seja o plantio direto. É necessário utilizar pelo menos as práticas de baixo custo.
A erosão é o último e mais grave sintoma de um solo que está desestruturado e é o indicativo da necessidade de procedimentos urgentes. Estes procedimentos são viáveis, de custo razoável e em muitos casos nulo. As práticas são simples e primitivas, podemos dizer que são os “mandamentos do solo”. Isso nós vamos tratar no próximo texto. Fiquem espertos.