Os 70 anos da Seleção Canarinho
Leia a coluna de Nelson Egon Geiger, advogado e comentarista de toda quarta-feira no programa Bom Dia Camaquã, transmitido através da Clic Rádio.
“Por sete décadas a camiseta da Seleção Brasileira, alcunhada Canarinho, veste nossos jogadores. Aqui destaco seu autor porque o conheci diretamente. E menciono como foi um professor emérito de uma matéria difícil. Refiro-me ao Dr. Aldyr Garcia Schlee.”
Os leitores vão ficar abismados. Eu falando em futebol. Nunca foi minha área; nem minha mania. Aliás, mesmo quando jovem era lá nada eficiente. Jogava de forma amadora sem grande resultado: se na defesa, passava tudo; se no ataque não resolvia nada. Quando goleiro engolia todas. Então sempre me deixavam na reserva; acabei desistindo.
Até hoje, salvo jogos importantes do Grêmio ou de Copa do Mundo não fico na TV assistindo. No Estádio pouca freqüência. A última foi no Beira Rio e não era contra o Grêmio; absurdo. Onde mais assisti e torci em jogos foi na cancha de salão da AABB.
Mas o assunto de hoje não posso deixar passar. Máximo porquanto a ZH na edição de 4ª feira, dia 28 de fevereiro, na página 40 trouxe uma enorme matéria de que, naquele dia a Seleção Canarinho completou 70 anos de atuação com a camiseta que lhe deu o nome.
A notícia conta que no dia 28 de fevereiro de 1954 foi a primeira vez que a camiseta, até hoje utilizada pela Seleção Brasileira estreou em uma partida. Em jogo contra o Chile que o Brasil venceu 2 x 0. O 1º gol com o novo uniforme foi marcado pelo centroavante Baltazar (titular do Corinthians) aos 37 minutos do 1º tempo; segundo a reportagem.
Mas o que quero enfatizar aqui; conforme foi comentado no Portal CLIC na quarta-feira foi meu conhecimento da camiseta. Sabia que ela fora idealizada por Aldyr Garcia Schlee. Desde o início de 1970 quando, na primeira aula de Direito Internacional Público, na Faculdade de Direito de Pelotas. Que, exato naquele ano, por iniciativa governamental passou a integrar a então criada Universidade Federal de Pelotas – UFPEL.
Retornando à camiseta. A Seleção tinha usado muitos modelos: um traje todo branco com golas e mangas azuis; no início do século XX usou camiseta vermelha; depois listradas em preto e amarelo. Até então, nenhuma dera sorte, não é verdade?
Exato em 1954 o Brasil foi para a Copa do Mundo, vencida pela Amanhã, com a nova camiseta. Criação do “desenhista e escritor nascido em Jaguarão e que viveu o resto da vida em Pelotas”, conforme a ZH.
O desenho que atendeu um concurso da então CBD datado de 1953. Segundo a ZH 301 pessoas no Brasil atenderam ao concurso; Schlee foi o vencedor. Na época a camiseta vestida por um jogador (Índio, do São Cristóvão) e remetida por foto gravura e ele tinha 18 anos de idade.
Mas o que a reportagem da ZH não contou é que Aldyr Garcia Schlee se formou em Direito (na citada Faculdade), e depois ingressou como professor e lecionou até aposentadoria. Professor de Direito Internacional Público, matéria que cursei em 1970, ele dava aulas com um conhecimento do ramo internacional e com uma eloqüência que deixava todos os alunos atentos até final.
Schlee nascido em 1935 faleceu em 2018, aos 83 anos de idade. Quando de seu falecimento as notícias informavam que era dele a autoria da camiseta da Seleção nacional. Na reportagem de que me refiro até consta uma foto do ilustre e culto professor, também autor de livros, já idoso. Mas, em nenhum momento foi aludido que ele foi Professor universitário. De uma matéria que, nos tempos atuais está em voga em razão dos fatos internacionais que pululam na mídia.
EDIÇÃO de 03 de fevereiro de 2024.___.