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13 de outubro de 2024
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Uma cidade também é feita de figuras folclóricas e pitorescas


Por Redação Clic Camaquã Publicado 27/10/2021
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Os dias, nestes tempos de pandemia, parecem todos iguais. Mas aos poucos as coisas retornam à normalidade se é que pode ser normal morrerem mais de 600 mil pessoas em menos de dois anos em um único país. Nem somando todas as guerras e revoluções em que o Brasil se envolveu ao longo dos anos chegaríamos a este resultado tão desolador. 

No entanto as perdas sempre nos fazem refletir sobre o futuro e via de regra também nos remetem ao passado. Episódios extremos nos provocam nostalgias e reminiscências. Dentro deste contexto sobram perguntas e interrogações. Onde estarão aquelas figuras pitorescas que povoaram nossa infância? Afinal do que é feita uma cidade? Eis algumas respostas neste texto/poema.

Uma cidade é feita de sua geografia, sua história, de suas belezas naturais, de seus símbolos pátrios e de sua religiosidade. Uma cidade é feita, acima de tudo, da mistura de raças, do olhar de seu povo. Uma cidade é feita de governantes, empreendedores, trabalhadores de todas as classes e líderes comunitários. 

Mas uma cidade também é feita de gente humilde e até sem horizontes. Uma cidade é feita de figuras folclóricas. As do meu tempo – anos 1970: General da Pipoca, Paulinho Louco, Bailarina, Cocota, Adão Cacaca, Candinha do Guaco, Alvício Louco, Zero Hora, Batatinha, Pia Pum – Bandolim e Negro Camaquã… talvez a mais carismática de todas. Hoje estas figuras, tipo o Jiboião que atualmente está em tratamento, ainda existem mas sem o “glamour” daqueles tempos de outrora. 

Negro ou Nego Camaquã – José Theodoro Gonçalves, irmão da famosa benzedeira Siá Juliana – Juliana da Silva Padilha – mãe do grande músico Naná dos Teclados (79 anos), único sobrevivente da prole de nove filhos. Depois de perambular pela cidade, nos finais de tarde o negro andarilho (poema no final desta matéria) se dirigia para sua “bolanta”, construída por pessoas simples do povo, e que ficava próxima ao Prado, como era chamado o Jockey Club Camaquense. 

General da Pipoca (foto) – O nome Ataídes Gonçalves da Silva tem imponência independente de ser ou não ancestral do general. De dólmã e quepe ele vendia pipocas em frente ao Cine São João e no Estádio do Guarany. Em 1973, quando registrou-se os 50 anos da Revolução Federalista de 23, não se fez de rogado, e posou para uma fotografia junto de importantes autoridades em frente à atual Câmara de Vereadores.

Paulinho Louco – Era morador da rua Luiza Maraninchi bem próximo a atual agência da CEEE. Com problemas mentais corria e gritava desvairadamente pelas ruas da cidade. Comovia a todos quando, em sua corrida semanal até o cemitério, levava um ramalhete de flores para depositar no túmulo dos pais.

Cocota – Uma senhora de idade avançada, que durante o dia vivia acampada, em pleno centro da cidade, ao lado da Agência dos Correios e Telégrafos. A molecada, onde se misturavam meninos engraxates e alunos do Colégio Sete de Setembro, implicava com ela, e então recebia em troca toda a sorte de palavrões.

Zero Hora – Um mulato com deficiência nas duas pernas, e que vendia jornais no centro da cidade, em particular as edições dos extintos Folha da Manhã e Folha da Tarde, que ironicamente pertenciam a Caldas Junior, mesma empresa do Correio do Povo, e eram jornais concorrentes da Zero Hora. Seu grito de “óia a fóia” fazia trepidar a sinaleira histórica. Neste pormenor era um forte concorrente dos alto-falantes do comerciante tricolor Jorge Atrib.

Alvício Louco – Adorava política. Ele morava na ruazinha que ainda existe, próxima a Rua Walter Kess, que fica à direita do campo do Guarany, como era chamado o Estádio Cel Sylvio Luis. Andar oscilante e por vezes alcoolizado ele percorria as ruas e praças da cidade gritando “Brizola” – o seu político preferido.

Bailarina – Uma negra com deficiência na coluna e nas pernas, o que dava ao seu andar a impressão de estar dançando. No tradicional Restaurante e Churrascaria Umbu, na Av. Olavo Moraes, famoso pelo galeto do Tio Chico, recebia um café ao final da tarde. Detalhe: a garrafa, pacientemente lavada pelo próprio proprietário Armando Rodrigues Pacheco, só era enchida com café com leite. Café preto nem pensar? 

Neste cenário pitoresco, onde bicheiros conhecidos que ainda estão na ativa, anotavam os palpites dos apostadores, estreei como garçom no Umbu – meu primeiro emprego aos 14 anos. Observando uma figura e outra no entorno da Praça Donário Lopes, fui moldando o futuro poeta e pesquisador… 

Clic Humor com Sabedoria: “Mitologia é aquilo no que os adultos acreditam, folclore é aquilo que eles contam para seus filhos, e religião é ambos.” (Cedric Whitman) 

Negro Camaquã 

Entre tantas imagens

de minha infância humilde:

a gravata do Sete de Setembro

a casa quase tapera

de tudo ainda me lembro

a cerca de bambu…

a bola de borracha

os pés de laranjeira,

e o sobressalto daquela figura

com sua ternura andarilha

passeando pelo mundo

Andar trôpego

tropeiro das ruas

estropiado e sem tropa…

Negro Camaquã

sem eira nem beira

sem barco, sem cavalo, sem nada

o catre uma esteira…

o rancho pobre

perto do Prado

destino de fim de tarde

Negro Camaquã…

rio dos meus sonhos

daquela menino ao te ver passar

imaginando a mãe temerosa a gritar:

“Venham pra dentro crianças

porque o velho do saco

pode levá-los a uma 

Pasargada distante”

Negro Camaquã

personagem da saudade

carregava sobre os ombros

o nome de uma cidade.


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