Racismo e negritude estão na pauta mundial
O dia 25 de maio poderá tornar-se o Dia Mundial da Consciência Negra. A morte cruel e desumana de George Floyd, ocorrida em Powderhorn – Minneapolis, estado do Minnesota, motivada pela suspeita de que ele teria pago uma compra com uma nota falsa de vinte dólares, acendeu uma onda de protestos que tomou conta dos EUA, e se espalhou para grandes capitais e cidades do mundo inteiro. Mais que o crime hediondo cometido pelos quatro policiais brancos o que causa mais indignação é a cena deprimente das imagens daquele olhar sarcástico do policial Derek Chauvin ajoelhado sobre o pescoço de Floyd durante oito minutos e quarenta e seis segundos.
Aqui no Brasil a moda é entrar atirando em favelas. Uma das mais recentes operações da polícia carioca acabou na trágica morte do jovem João Pedro Matos, de apenas 14anos, cuja casa foi metralhada por dezenas de tiros onde até granadas foram utilizadas pela PF, que também foi protagonista do triste episódio.
Como se não bastasse tantas ações que indicam racismo explícito, recentemente se confirmou uma das afirmativas desta coluna. Em áudio vazado, entre ameaças e expressões chulas, o diretor-presidente da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento de Camargo – um cidadão negro – chamou o Movimento Negro de escória maldita, e no que depender dele neste governo jamais haverá eventos comemorativos ao Dia da Consciência Negra. Sua fala foi parar na Justiça, e mais uma vez está sendo solicitado o seu afastamento da Fundação via judicial.
Este é somente um dos incontáveis esquemas, que visam desestruturar a cultura brasileira, começando por destruir políticas sociais antirracismo, que afetam principalmente os negros das camadas mais pobres e das periferias. Na mesma intensidade está sendo orquestrada a negação e o desmonte das conquistas dos povos indígenas. É o guru Olavo de Carvalho – rei do palavrão – fazendo escola. Resta a nós denunciar esta tentativa de sufocar os movimentos sociais: “I can’t breathe!”, traduzindo: “Não consigo respirar!”
Negro Adelino – o Sr. Gentileza
Camaquã perdeu esta semana uma figura ímpar de sua vida social. Partiu o eterno garçom Adelino Flores De Mattos, aos 85 anos de idade. Os atos fúnebres foram realizados na terça-feira, 09, e o sepultamento ocorreu no Cemitério Bom Pastor. Adelino nasceu em 06 de maio 1935, e deixa enlutadas a esposa Elly Ferrão de Mattos e a filha Morgana Mattos Bittencourt, demais familiares, além de uma legião de amigos.
Ele iniciou sua trajetória, em 1963, trabalhando no salão paroquial da Igreja Matriz, na Festa de São João Batista, depois atuou no extinto Clube Comercial e no Clube Camaquense. Seguiu sua vocação no CTG Camaquã e na S.R. Alvorada. Trabalhou na Lancheria Tropical a convite do amigo Jorge Atrib, e nos antigos restaurantes Rex e Umbu. Foi presença marcante nas reuniões-almoço da ACIC, e atuou em incontáveis festas e eventos.
Em 2015 comemorou 80 anos de idade, e na matéria “Atender bem também é uma arte” – revista cAMAquã – ele revelou a saudade imensa que guardava dos antigos Bailes de Debutantes e das festas juninas do passado. Naquela oportunidade Adelino – o Sr. Gentileza – fez esta singela declaração: “Para mim o mais importante é que tenho uma relação muito boa com o povo, ele gosta de mim e eu dele. Adoro a profissão de garçom”.
Adelino esteve na ativa mesmo depois dos 80 anos, e do alto de sua simplicidade deixa um legado de afeto e respeito a sua terra natal, que com certeza é compartilhado pelo amigo de tantas jornadas de trabalho, Isaí Nunes Soares, o nosso estimado garçom Solon.
Clic Humor com Sabedoria: “Eu sou o branco mais preto do Brasil. Saravá!” (Vinícius de Moraes)