Festa de São João com fogueira de Santo Antônio!
As festas juninas antigamente chamadas joaninas tiveram origem em Portugal. O festejo é resultante da aglutinação dos cultos pagãos com a data de nascimento do santo católico João Batista, que foi o preparador da vinda de Cristo. Quando os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, os jesuítas foram os primeiros a acender fogueiras e tochas para comemorar a festa de São João, na nova colônia. A novidade foi muito bem aceita pelo povo indígena, pois se identificava com suas danças sagradas realizadas também em torno do fogo.
Com o passar do tempo as festas juninas espalharam-se pelo Brasil, sendo comemoradas de norte a sul, e acabando por transformarem-se em grandes eventos turísticos. Em suas pesquisas em diversos pontos do Rio Grande do Sul, os historiadores Barbosa Lessa e Paixão Cortês identificaram a origem das fogueiras e seus significados: Santo Antônio (13 de junho – fogueira quadrada), São João (24 de junho – fogueira redonda) e São Pedro (29 de junho – fogueira triangular).
Em Camaquã, no mês de junho, a Paróquia de São João Batista promove a Novena do Padroeiro no período de 15 a 24 do corrente mês, assim como escolas e entidades também organizam festejos populares. Todos sem exceção montam fogueiras com a base redonda conforme a tradição e que identificam São João.
No entanto desde 1992, a partir do governo José Cândido de Godoy Netto, passando pelos prefeitos Hermes Rocha, João Carlos Machado, Ernesto Molon e atualmente Ivo de Lima Ferreira, a festa ganhou contornos de evento turístico. Nas administrações trabalhistas, a fogueira gigante media entre 25 e 30 metros, e a promoção era realizada no Centro Municipal de Esportes. A partir de 2001, no primeiro mandato de João Carlos Machado, a festa mudou para o Complexo Poliesportivo Ruy Castro Netto, a Prainha. A fogueira não tão alta teve seu diferencial ao ser colocada no lago artificial, tornando-se a única fogueira no Estado a ser montada dentro d’água.
Contudo, até a presente data foi esquecido um pequeno detalhe – o formato das fogueiras – nenhuma tem a base redonda que identifica São João. A fogueira gigante tinha formato tridimensional mais identificada com São Pedro, enquanto a atual sobre a água é totalmente quadrada (chiqueirinho) lembrando Santo Antônio. Pelo visto em todos esses anos os organizadores não tomaram conhecimento da obra:“Festejos do Ciclo de São João na Tradição Gaúcha”, do saudoso folclorista Paixão Cortês.
Será que certas dificuldades porque passa Camaquã, como o caso das enchentes e outras adversidades, não são motivadas pela falta de interferência do Padroeiro São João, que por não receber sua fogueira legítima tem se omitido do papel de santo protetor do Município? Neste ano pela primeira vez depois de 28 edições, em virtude da pandemia a tradicional festa foi cancelada prometendo voltar em 2021, com sua bela fogueira iluminada sobre o espelho d’água da Prainha.
Fogueira atual é típica de Santo Antônio
Foto: Arquivo Criarte
Os Santos Padroeiros
O mês de junho é marcado por homenagens aos santos padroeiros: Santo Antônio (13), São João (24) e São Pedro e São Paulo (29).
Santo Antônio: o Santo Casamenteiro. É homenageado com uma fogueira de formato quadrangular, ou seja, sua base é um quadrado, popularmente chamado de chiqueirinho.
São João: O protetor das mulheres grávidas é o Padroeiro de Camaquã. É lembrado com uma fogueira de formato cônico (pirâmide), o que significa ter uma base redonda.
São Pedro: O porteiro do céu e protetor dos pescadores é o Padroeiro do RS. É homenageado com uma fogueira de formato triangular, tendo um triângulo como base.