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Cartas para minha avó e o despertar de um escritor


Por Redação/Clic Camaquã Publicado 23/07/2020
 Tempo de leitura estimado: 00:00

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Neste sábado, 25 de julho, entre outras profissões e vocações significativas (colono e motorista), também comemora-se o Dia Nacional do Escritor, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Em maio de 1974 morria o poeta camaquense Laury Farias dos Santos. Naquele mesmo ano era editado o volume autobiográfico do vate chileno, Pablo Neruda, ganhador do “Prêmio Nobel de Literatura” (1971), com o originalíssimo título: “Confesso que vivi”, uma das mais celebradas obras da poesia latino-americana. Esta breve introdução, serve para delinear os caminhos mágicos da palavra neste planeta chamado Poesia.

Nasci aos oito de março de 1964 (mesmo dia do nascimento do Laury Farias). Portanto em 1974, a data de sua partida, eu chegava aos 10 anos de idade. Naquela época, em plena ditadura militar, nunca ouvira falar no “Canto General” de Neruda, embora começasse a esboçar alguns versos tímidos sobre o papel.

Neste mesmo ano, a matriarca Doralícia Rodrigues Pacheco, a vó Mulata – uma benzedeira de mão cheia – comemorava seu 74º aniversário. Ela nascera no final do século XIX, em 21 de maio de 1900, na localidade de Pessegueiros (Cerro Grande do Sul).Naquele longínquo ano de1974, dois de seus filhos seguiram para o Mato Grosso do Sul, junto com aquela leva de gaúchos, que partiram para a conquista do Centro-Oeste.

Entristecida pela distância, vó Mulata recorria às cartas, para não perder o contato com os filhos amados. Analfabeta, chamava-me a sua modesta casa para que eu redigisse sua saudade. Durante anos escrevi cartas para minha vó. Impossível esquecer aqueles sábados de sol, em que eu trocava a paixão pelo futebol para realizar a mais importante tarefa de minha vida. Generosa, como todas as avós, ela não me deixava ir embora sem um afago. Recebia sempre de suas mãos calejadas pelo tempo, doces e alguns trocados como agradecimento.

Hoje tenho certeza, que ao escrever cartas para minha vó, acabei me envolvendo com este universo místico da literatura. Em maio de 1994, ano da morte de Mario Quintana, vó Mulata se foi. Lembro que passava por um momento difícil. O dinheiro só dava para as despesas mensais. Mesmo assim reuni alguns trocados, aqueles mesmos dos tempos de infância, e em parceria com um primo gremista compramos uma flâmula do Grêmio para pôr junto ao seu corpo. Vó Mulata acompanhava tudo sobre futebol em seu inseparável rádio de pilha (que hoje por um designío do destino está comigo), e seu hobby preferido era tocar flauta nos netos colorados, quando o tricolor vencia um Grenal.

Há alguns dias relendo um trecho de “Confesso que vivi”, cheguei a conclusão de que esta frase se encaixa perfeitamente no perfil de minha avó materna. Ainda sob o impacto da comparação, de imediato me veio a mente, imagens do filme “O carteiro e o poeta”, e aquela sentença única, de Neruda: “a poesia não é de quem escreve, mas sim de quem a usa”. Agora sei, escrevendo cartas para minha avó, me descobri poeta, e mais do que isso, vó Mulata ensinou-me a identificar os atalhos para a verdadeira poesia – a vida.

 

Clic Humor com Sabedoria:“Quando os escritores morrem, eles se transformam nos seus livros. O que, pensando bem, não deixa de ser uma forma interessante de reencarnação.” (Jorge Luis Borges)

 


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