As lives do mal e os shows pejorativos
Em virtude do distanciamento social imposto pela covid 19 o meio artístico, que depende de eventos com público, vem se apresentando através da internet e redes sociais. Uma febre mundial que se espalhou e chegou ao Brasil. Em todo o país virou moda as chamadas lives shows – termo em inglês para espetáculo ao vivo.
Artistas famosos e mesmo os pouco conhecidos da mídia nacional têm usado este expediente com sucesso para manter-se próximo dos fãs, mas principalmente para exercitar o prazer de cantar, atuar e tocar. Mas o que poderia ser apenas um momento cultural e um entretenimento saudável para quem está em isolamento social muitas vezes têm se transformado em ações de desrespeito e mau gosto.
Entre tantos exemplos negativos de artistas midiáticos chama a atenção três casos onde as lives assistidas por milhões de pessoas, das mais diferentes idades, ofereceram a plateia internauta um conteúdo que incentiva a promiscuidade e o consumo de bebidas. Entre os maus modelos está a intragável dupla, que comanda a live com o sugestivo título: “Cabaré Leonardo & Eduardo Costa”, referência ao show que já vinha sendo apresentado em todo o país, e que não passa de um festival com músicas de gosto duvidoso recheado de palavrões gratuitos e piadas sem graça.
Já a pop star e símbolo sexual Anitta, em recente live, mostrou toda sua beleza vazia e narrativa pouco inspiradora. A artista, que já alcançou fama mundial, cantou seus hits, rebolou, e no final levou o público ao clímax. Munida de vibradores, ensinou técnicas para um sexo anal, digamos assim, menos traumático.
Contudo, em se tratando de chutar o balde, ninguém foi tão eficiente quanto o “sertanejo” Gusttavo Lima, ao se apresentar embriagado nas lives “Buteco em casa”. Afora as expressões chulas e insinuações de duplo sentido o artista cometeu diversas ilegalidades. A afronta foi tão explícita que o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – CONAR abriu uma representação ética contra as ações publicitárias realizadas nos shows live “Gusttavo Lima – Buteco em Casa” e “Buteco Bohemia em Casa”.
As lives patrocinadas pela Ambev desobedeceram recomendações do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária para a divulgação de bebidas alcoólicas. O artista simplesmente “bebeu todas” durante a live, que foi assistida por milhares de menores de idade. Neste caso me parece que caberia, inclusive, uma intervenção da própria Justiça e do Conselho Tutelar.
Não bastasse as baixarias estes artistas recebem vultuosos patrocínios para disseminar desinformação e conteúdo pouco recomendável. As referidas lives, que se proclamam do bem, ainda tem a cara de pau de pedir aos expectadores, que contribuam com dinheiro para futuras ações sociais a ser realizadas com os valores arrecadados. Resumo da ópera – estes cantores faturam com a mídia, bebem de graça… quem paga a conta é você, e eles ainda levam a fama de ajudar as instituições.
Evidente que existem as lives do bem, mas este será tema para uma próxima coluna. Neste primeiro momento queríamos despertar a atenção do leitor/internauta principalmente porque estes “artistas” são vistos por milhões de pessoas, e em vez de aproveitar esta visibilidade para passar bons exemplos de virtude e empatia, incitam, em particular a juventude, para o descaminho. Por isso não se deve considerar esse tipo de música como promoção cultural. É preciso saber separar o que é cultura de entretenimento e cultura do conhecimento!
Clic Humor com Sabedoria:“O fígado faz muito mal à bebida.” (Barão de Itararé). “Eu bebo e não me embriago… a bebida é apenas um hábito que trago.” (Catullo Fernandes)