População Endividada
A vida está dura para todos, mas especificamente para os mais pobres. Dívidas sempre existem, porém com a pandemia veio o desemprego e com ele a falta de recursos para compra inclusive de alimentos. O percentual de famílias com dívidas atingiu 67,4% em julho, o maior nível da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O crescimento se deve ao aumento do endividamento das famílias com até 10 salários mínimos de renda, que chegou ao recorde de 69% em julho, acima dos 68,2% de junho e dos 65,4% de julho de 2019. Por outro lado, o grupo de famílias com renda superior a esse patamar teve uma redução do endividamento, chegando a 59,1% em julho, abaixo dos 60,7% em junho. Apesar disso, o percentual ficou acima dos 58,7% de julho de 2019. A dívida mais comum entre os brasileiros é o cartão de crédito, declarado por três em cada quatro entrevistados, com 76,2%. Carnês foram mencionados em 17,6% das entrevistas; financiamento de carro, em 11,3% e financiamento de casa, em 10,1%. A CNC avalia que há sinais de alguma recuperação da economia a partir de maio e junho, mas a proporção de consumidores endividados no país é elevada. “Assim, é importante seguir ampliando o acesso ao crédito com custos mais baixos, como também alongar os prazos de pagamento das dívidas para, com isso, diminuir o risco do crédito no sistema financeiro”, afirma o texto, que destaca que benefícios emergenciais têm impactado positivamente o consumo, e as quedas de taxas de juros e inflação podem favorecer o poder de compra dos consumidores. Todos os dias, milhares de consumidores são atraídos por peças publicitárias tentadoras, que oferecem os mais diversos produtos disponíveis no mercado, sempre com a comodidade de se parcelar as compras a perder de vista. E desta forma os consumidores vão adquirindo cada vez mais produtos como smartphones, tabletes, televisores gigantescos e outros bens tecnológicos, em condições que não conseguem pagar e com financiamentos que comprometem em muitos casos a integralidade de seus rendimentos. O assunto que abordamos extrapola a seara da economia e se transforma num fato ligado à própria vida em sociedade. Sociedade esta que acaba por determinar o comportamento do cidadão e, uma vez delineado seu comportamento, decreta seu fim, que é a “morte social” dos endividados. Desta forma, evitar o endividamento é crucial para vivermos melhor, com mais dignidade e menores preocupações. Adquira apenas o necessário sem dar o “passo maior do que a perna”, eis que assim viveremos melhor!
Prá você pensar:
“É melhor ir dormir sem jantar do que se levantar com dívidas”. (Textos Judaicos)