Os historiadores não sabem com precisão quando o Natal surgiu, embora exista uma teoria que aponte o papa Júlio I como criador dessa festividade. Acredita-se que, em algum momento, entre os séculos II d. C. e IV d. C. é quando começou a convencionar-se a comemoração do nascimento de Jesus Cristo no dia 25 de dezembro.
Isso porque sabemos que, no final do século II d. C., os grandes teólogos da Igreja que debatiam sobre o nascimento de Cristo não consideravam o 25 de dezembro como o dia de tal evento. Sabe-se disso porque uma declaração de Clemente de Alexandria aponta a consideração de diferentes dias para o nascimento de Cristo: 15 de abril, 20 de maio, e 20 ou 21 de abril.
Então por que o Natal foi colocado no dia 25 de dezembro, sendo que essa data sequer era cogitada até o final do século II d. C.? Os historiadores não têm uma resposta certa, mas acreditam que a escolha do dia 25 de dezembro foi parte de uma estratégia da Igreja de enfraquecer comemorações pagãs que aconteciam nessa data.
Uma dessas comemorações pagãs era conhecida como Dies Natalis Solis Invicti e era realizada para o Sol Invicto, um deus romano. Com o tempo, essa festa associou-se com Mitra, um deus persa que era cultuada nas terras romanas. Outra comemoração que ocorria próximo ao 25 de dezembro era a Saturnália, festa em homenagem a Saturno.
Assim, é muito provável que, gradativamente, durante os séculos III e IV, a comemoração natalina em 25 de dezembro popularizou-se ao ponto de o papa Júlio I ter anunciado que o nascimento de Cristo seria, de fato, comemorado nessa data. O anúncio do papa, supostamente, foi realizado em 350, e o primeiro registro escrito que mostra o Natal nessa data é do ano de 354.
O professor de filosofia da Universidade de Brasília Agnaldo Cuoco explicou para a Agência Brasil, que a comemoração teve início no século 4. Antes disso, na Roma Antiga, a Saturnália, festival agrícola dedicado ao deus Saturno, era realizado quatro dias após o solstício de inverno, que no hemisfério norte se dá no dia 21 de dezembro.
“Essa festa da Saturnália era exatamente reunir as famílias. Elas faziam grandes banquetes, davam presentes uma às outras. E de certo modo, uma vez que o cristianismo surge dentro do Império Romano, lá pelo século 4 d.C, ele acaba botando essa data como a data de comemoração do nascimento de Jesus”.
A data traz à lembrança a vinda do menino Jesus, o Salvador, para os cristãos, nascido em um estábulo, em Belém, já que seus pais, José e Maria, não tinham onde se hospedar. Felipe Aquino, professor e religioso ligado à comunidade católica Canção Nova, explica por que o presépio, cena constituída pela primeira vez na Itália, no século XIII, por São Francisco de Assis, é um dos símbolos mais importantes do Natal.
“Nós vemos, em primeiro lugar, Jesus, que está naquela manjedoura. Nasceu pobre, pequeno, mas ao mesmo tempo é Deus que veio para salvar a humanidade. Segundo, vemos ali a Virgem Maria. Ao lado vemos São José e vemos outras coisas importantes: os pastores, que receberam na noite de Natal o anúncio do anjo, depois vemos os reis magos e também até a presença dos animais”.
Aquino aponta que, para os cristãos, a árvore de Natal, normalmente um pinheiro, tem por significado a ressurreição de Cristo.
“Porque o pinheiro é uma árvore que, no inverno da Europa, resiste ao frio, resiste à neve e ela não morre. Logo que chega a primavera, ele renasce com toda a força. Então ele passou a ser um símbolo da ressurreição, que é o que Cristo veio trazer, que é o que há de mais importante na fé católica”.
As luzes, os enfeites e os presentes integram este cenário e alegram principalmente as crianças. E o que dizer do Papai Noel? Segundo o professor da UnB, Agnaldo Cuoco, não se sabe exatamente a origem desse bom velhinho tão aguardado pelas crianças nesta época do ano.
“Muita gente acha que tem a ver com o bispo de uma cidade onde hoje é a Turquia, que se vestia de vermelho – que é a cor dos trajes dos bispos na época (…) aparentemente uma pessoa muito generosa, dava presentes para aqueles mais desfavorecidos, mais pobres, economicamente (…) e a partir, na verdade, de uma propaganda de um refrigerante nos Estados Unidos”.
De caridade, alegria e fé, sabe bem o aposentado Antônio Eustáquio, que há 20 anos trabalha como um verdadeiro ajudante do
Papai Noel. Em sua própria casa, que fica na região administrativa de Ceilândia, no Distrito Federal, ele capricha na decoração de Natal e abre para visitação. A casa já virou um verdadeiro ponto turístico. Todos são bem-vindos, e fica ainda melhor, se a pessoa levar alguma doação.
“Depois da oitava montagem, nós começamos a arrecadar alimentos, brinquedos para poder fazer doação. Quando a gente abre a casa para visitação, a gente não cobra nada, mas se a pessoa quiser levar um quilo de alimento, roupa e brinquedo (…) porque todo ano a gente atende duas creches e orfanatos. Eu levo até a casa de Papai Noel, todo ano os bombeiros cedem o caminhão para a gente, e aí o Papai Noel chega e vai entregar o presente para essas crianças”.
Tempo de reflexão e esperança, o Natal e os seus símbolos dão um sentido todo especial para quem vive essa tradição.