Bebê de apenas 9 meses com doença rara recebe doação anônima de remédio que custa R$ 70 mil por dose
Emanuela Castanho Gasperin, 9 meses, tem atrofia muscular espinhal; a menina é de Caxias
A solidariedade de uma figura que sequer quis se identificar permitiu que Emanuela Castanho Gasperin, 9 meses, tivesse pela primeira vez acesso a um tratamento para a Atrofia Muscular Espinhal (AME) Tipo 1, a forma mais grave da doença degenerativa e progressiva que limita a capacidade motora e respiratória. O medicamento, chamado Risdiplam, chegou a Caxias do Sul, por meio da mobilização da Força Aérea Brasileira (FAB), no dia 13, quando também começou a ser ministrado à menina.
O remédio, que não é fornecido pelo SUS, ajuda a dar maior mobilidade ao pulmão e no desenvolvimento motor, mas não cura a doença. O custo é de aproximadamente R$ 70 mil por dose. Para Emanuela, diagnosticada em 1º de abril, foram destinadas duas doses. A notícia da doação partiu de Curitiba, por meio da médica Andréia Banzatto, referência em AME no Brasil. Diante da necessidade de uma logística para a entrega, a FAB se mobilizou para buscar a doação no Paraná e levá-lo até Canoas de avião. Do município da Região Metropolitana de Porto Alegre até Caxias do Sul, o transporte foi por carro.
“Missões como essa refletem os valores que aprendemos na FAB e mostram a característica marcante da Aviação de Transporte, o apoio a qualquer hora, em qualquer lugar”, diz o comandante do Esquadrão de Transporte Aéreo, tenente-coronel-aviador Allan Buch Sampaio.
Tratamento definitivo
A família também obteve recentemente a confirmação de que Emanuela poderá tomar um outro medicamento paliativo. O nome é Spinraza. A primeira de quatro doses injetáveis será aplicada na menina na semana que vem. O remédio é fornecido pelo SUS, mas também não cura a AME. Por isso, a luta dos pais de Emanuela, Osmar Luiz Gasperin, 48 anos, e Daniela Cristovan Castanho, 42, é para que a menina consiga na Justiça o acesso a um medicamento, chamado Zolgensma, que tem preço estimado de aproximadamente R$ 9 milhões, com fornecimento por meio do governo federal.
“O tratamento é genético, é uma terapia genética. Esse medicamento, na verdade, vai criar uma cópia funcional do gene que falta. O quanto antes ela tomar esse medicamento, vai se desenvolver como uma criança normal, não vai haver nenhum tipo de perda. Mas esse medicamento precisa ser aplicado até os dois anos, a gente precisa correr contra o tempo” explica o pai.
A rotina de Emanuela inclui sessões de fisioterapia e fonoaudiologia três vezes por semana, o que é garantido por meio do plano de saúde. Ela também usa um respirador à noite para a expansão dos pulmões.
Com a necessidade de cuidados permanentes à menina, a família também busca recursos para colaborar com a manutenção dessa atenção em tempo integral e para pagar a contratação de uma advogada que representa o casal na ação judicial. Além disso, mesmo que a Justiça obrigue a União a fornecer o Zolgensma, haverá custos extras. A aplicação da dose deve ocorrer em Curitiba, onde a família terá de ficar por 30 dias, para o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar de profissionais da saúde. Os pais estão mobilizados em campanhas (veja como ajudar abaixo) para buscar doações.
Fonte: GZH.