Como perceber se seu filho está sofrendo bullying
Abatimento, introspecção, irritabilidade, insônia, falta de apetite e falta de interesse são alguns sinais de que algo pode estar errado; saiba identificar e o que fazer
Infelizmente, o bullying ainda faz parte da realidade de muitos jovens, que na maioria das vezes se calam diante dos ataques. Os pais precisam ficar atentos a sinais de que os filhos possam estar sendo vítimas de bullying. Abatimento, introspecção, irritabilidade, insônia, falta de apetite e falta de interesse de voltar a escola são alguns deles. O bully, expressão usada para se referir ao agressor, normalmente possui uma conduta específica.
Segundo a psicóloga comportamental Aline Gerbasi, na maioria das vezes os praticantes são crianças com dificuldade de empatia, que possuem forte gosto pela sensação de poder sobre o outro. “O comportamento do agressor tende a ser provocativo e intimidador, com uma forte tendência a resolver conflitos com agressividade”, ressalta.
Mas essa pessoa geralmente precisa de um elemento para desencadear uma reação agressiva. Assim, Aline diz que normalmente os herdeiros reproduzem modelos familiares pouco afetivos e agressivo. “Isso significa imitar as figuras de confiança, com quem passam a maior parte de seu tempo: os pais ou cuidadores”, diz.
Para ilustrar seu ponto de vista, ela descreve como uma situação pode ocorrer: “Quando um pai abusa de uma mãe e dois filhos presenciam esse momento, um filho pode apresentar a mesma personalidade do genitor e o outro pode repetir a atitude vinda do lado materno”, ressalta.
No entanto, observando de um outro ponto de vista, a profissional destaca que este não é necessariamente um fator determinante. “Isso não significa que crianças que vivem em ambientes mais equilibrados emocionalmente não possam apresentar esse problema, mas, sem dúvidas, o ambiente e os modelos presenciados são fortes influências”, afirma.
Ele percebe o mal que causa?
Geralmente, o praticante tem consciência de cada ato e maldade que faz. No entanto, Aline declara que alguns interesses dele têm mais importância para si. “A necessidade de pertencer a um grupo e demonstrar sua soberania sobre o outro parece sobrepor à sua capacidade de ser empático”, explica.
De acordo com a psicóloga comportamental, a vítima normalmente é escolhida por ser introspectiva e apresentar dificuldades de se posicionar em determinada situação, mas o ciúmes e a inveja do agressor também podem ser motivos para a perversidade.
O que fazer?
Quando os pais ou professores percebem este costume, o ideal seria procurar um tratamento especializado, pois, acima de tudo, se trata de um jovem que tem grandes dificuldades em socializar. “O agressor pode estar sofrendo tanto quanto quem é agredido”, avalia Aline.
Já a doutora e psicanalista Ana Olmos reitera que, neste momento, a vítima tem que reportar a violência, pois, em sua opinião, essa atitude contribui para o bem de ambos os lados. “Paulo Freire dizia que os oprimidos libertarão os opressores. Então, quando um menino ou uma menina torna o abuso público, ele está ajudando o agressor”, conta.
O papel da escola
Ana avalia ainda que a escola precisa se colocar como responsável. “A instituição tem que estar muito presente para perceber as situações que não estão explícitas, que não são denunciadas pela vítima”, diz.
A terapeuta cognitiva comportamental afirma ainda que, caso a instituição de ensino não tomar o controle e o agressor e a vítima “não forem observados e tratados com devida atenção, as consequências para ambos podem ser devastadoras”.
As diferentes formas de bullying
Bullying físico: agressões como socos, chutes e empurrões ou qualquer outro tipo de agressão física fazem parte desta categoria.
Bullying verbal: inclui apelidos pejorativos, xingamentos e provocações.
Bullying social: é composto pelo ato de excluir ou incentivar a exclusão com a finalidade de humilhar.
Bullying material: quando os pertences são danificados, roubados ou ainda atirados contra si.
Bullying moral: neste caso, a situação mais comum é o deboche utilizando trejeitos do alvo.
Cyberbullying: pela velocidade de alcance e disseminação, é hoje uma das formas mais impactantes do problema. A agressão se dá por meios virtuais e muitas vezes as redes sociais são utilizadas para espalhar fotos, vídeos e posts que causam constrangimento na vítima.