Fumaça de incêndios na Amazônia atinge a região sul do Brasil
Partículas ficam suspensas na atmosfera e são "lavadas" pela chuva; meteorologistas destacam que fenômeno da "chuva escura" precisa de verificação
O céu cinza e encoberto por uma névoa registrado nos últimos dias em alguns municípios catarinenses está associado aos focos de queimadas no norte do Brasil, afirmam especialistas. Como o vento está direcionado para o sul do país, essas partículas são transportadas para cá. Na terça-feira (10), moradores de Chapecó, oeste de Santa Catarina, notaram o fenômeno, que sequer foi percebido no Rio Grande do Sul.
Conforme a MetSul, imagens de satélite indicam uma espécie de corredor de fumaça proveniente do Norte canalizado até o Sul.
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Essa condição ocorre desde Rondônia, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraguai. Toda essa fumaça está sendo carregada para Santa Catarina e Paraná. Esta névoa que agora está em Santa Catarina e no Paraná já havia passado, no início desta semana, pelo Rio Grande do Sul, mas sem ser notada.
O ar quente vindo da Amazônia é direcionado para a região de atuação da frente fria. Como no começo da semana a frente fria estava atuando entre o Uruguai e o sul gaúcho, o vento em baixos níveis (aproximadamente 1,5 mil metros) estava direcionado para o Rio Grande do Sul.
Esse escoamento do vento passa pelo Norte, pela Bolívia e Paraguai e transporta a fumaça proveniente dessas regiões para o Sul, incluindo o Rio Grande do Sul. A circulação do vento, geralmente, fica direcionada a região de influência da frente fria.
Como a frente fria que avançou pelo Rio Grande do Sul provocando chuvas já está deixando o território gaúcho, o Estado passou a receber a influência dos ventos vindos do Sul, desconfigurando esse transporte de partículas do Norte.
Chuva escura?
As precipitações ajudam a “lavar” a atmosfera, onde essas partículas de fumaça ficam suspensas. Portanto, relatos de chuva “escura” feitos por alguns gaúchos poderiam estar relacionados a essa limpeza.
A meteorologista Estael Sias explica que a precipitação com fuligem é comum, ainda que possa causar espanto em algumas pessoas. “Quando a atmosfera está suja, o que limpa é a chuva. Então, o que ocorreu mostra que a atmosfera esta com essas fuligens da região amazônica. Áreas do norte, onde a chuva está longe, como Erechim, Iraí, estão com uma fumaça está presente porque não houve essa limpeza”, explica. “Isso é normal. O produtor agrícola tem que fazer queimadas para limpar as lavouras, mas às vezes está muito seco. No centro do país há áreas em que não ocorre precipitação há cem dias. Umidade baixa e vento forte ampliam essas queimadas e fazem com que haja um descontrole da proporção”.