Comunidade realiza protesto por morte de jovem em Canguçu
Ato ocorreu nesta terça-feira (08)
No mesmo dia em que se comemora a conquista das mulheres na luta por direitos e igualdade, a adolescente Jaine Centeno, 16 anos, foi sepultada no Cemitério das Irmandades, 4º distrito de Canguçu. O corpo da jovem foi encontrado de bruços, com sinais de violência e ferimentos na cabeça, na tarde da última segunda-feira, em um matagal às margens da BR-392, a 300 metros de um dos acessos ao município. A suspeita é de que ela tenha sido estuprada e em seguida assassinada. Jaine havia desaparecido no início da manhã de sábado quando saía de uma festa ocorrida em um clube no centro da cidade.
A mãe da adolescente – única filha de Ivaine Centeno, 44 – conta que a vida dela e do pai da menina, o trabalhador rural, Vitelmo, perdeu o sentido. Com o nome da jovem tatuado em um dos braços, a dona de casa fala do amor por Jaine. “Se eu pudesse pedir uma filha, eu teria pedido ela. A Jaine era uma menina carinhosa, amiga e responsável. Sempre na minha volta, sempre na volta do pai dela. Não sei como vão ser os nossos dias. Peço a Deus que nos dê sabedoria para seguir em frente sem ela, nada que eu fizer vai trazer minha filha de volta”, disse.
Uma das amigas de Jaine que estava com ela pouco antes do desaparecimento, disse que a adolescente havia deixado a Zona Rural e decidido morar na cidade para se dedicar aos estudos. Ela lembra que acompanhou a adolescente até a metade do caminho da casa de Jaine com mais duas amigas. Segundo ela, a jovem teria dito que já estava a uma quadra e meia de casa e por isso não precisava de companhia. “Eu virei as costas e fui embora. Não olhei para trás. Se eu tivesse feito isso, algo poderia ter sido diferente”, lamentou.
Revoltados, cerca de 200 pessoas participaram nesta terça-feira (08) de um ato no centro de Canguçu contra a violência à mulher, morte da adolescente e por mais segurança. Com faixas e cartazes com pedidos de Justiça e frases contra agressão às mulheres, os manifestantes se concentraram em frente à prefeitura e realizaram o trajeto feito pela jovem antes de desaparecer. Por volta das 18h – horário do sepultamento da adolescente – os manifestantes se deram as mãos e fizeram uma oração. “Esse ato é pela nossa liberdade de ir e vir. Esse ato é pela Jaine que saiu de casa e não voltou. Quantas meninas ou mulheres ainda vão sofrer por conta da violência?”, questionou a estudante Laura Alves.
De acordo com o titular da Delegacia de Canguçu, Édson Ramalho, as imagens das câmeras de segurança do Centro mostram C.J.S.M. 28 abordando a adolescente e em seguida a puxando pelo braço. “Ele falou que teria dado um beijo nela e em seguida um outro homem teria aparecido, mas isso não aconteceu”, disse. Questionado sobre o crime C.J.S.M ficou em silêncio.
Conforme o delegado, a possibilidade da participação de outras pessoas no crime é descartada. O suspeito está preso no Presídio Regional de Pelotas. Segundo a polícia, há duas semanas ele havia sido preso por furto.
O laudo com as causas da morte de Jaine Centeno deve ser apontado em até 30 dias pelo Insituto Geral de Perícias (IGP).
Relembre
Jaine Centeno, 16, estava acompanhada de duas amigas quando, por volta das 7h, teria decidido ir para casa. Segundo a mãe da jovem, Ivaine Centeno ao sair da festa, a filha teria dito às amigas que não precisaria de companhia para retornar, já que sua residência ficava perto do clube, menos de três quadras.
Registro de ocorrência
O registro de ocorrência sobre o desaparecimento da jovem foi feito no início da tarde do último domingo por que a vítima havia saído de casa e trancado a porta fazendo com que a mãe, Ivaine, não conseguisse sair da residência. Foi necessário acionar o pai de Jaine – que estava na Zona Rural – para que abrisse a casa com a cópia da chave.
