Arrozeiros organizam protesto contra Bolsonaro durante possível vinda à Camaquã
União de Arrozeiros planeja protesto contra o presidente Jair Bolsonaro caso o mesmo venha à Camaquã na próxima segunda-feira (12); produtores cobram providências sobre margem de lucro e justiça social na cadeia produtiva
Um grupo de arrozeiros de Cachoeira do Sul, liderados pela União Central de Rizicultores (UCR), estão com suas máquinas nas ruas. O maquinário foi levado no início da manhã de segunda-feira (5) para Praça José Bonifácio, no Centro da cidade. Faixas com cobrança à margem de lucro e questionamentos sobre a justiça social na cadeia produtiva estão na frente dos tratores, estacionados na rua Sete de Setembro.
A mobilização deverá ser estender até sexta-feira (9). A ideia é mobilizar outras regiões produtoras de arroz, para que na próxima segunda-feira (12), aconteça amplo protesto em Camaquã, aproveitando a vinda do presidente Bolsonaro ao Rio Grande do Sul para a entrega oficial de trechos da duplicação da BR-116.
A vinda do presidente ainda não foi confirmada por sua assessoria. No entanto, deputados e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, garantem que o presidente da República estará na cerimônia.
Em contato com o presidente da Associação dos Arrozeiros de Camaquã, Celso Bartz, os arrozeiros de Camaquã não possuem qualquer ligação com o protesto que está sendo realizado em Cachoeira do Sul. Ele afirmou que a UCR possui uma diferente linha de pensamento e que a Federarroz não possui qualquer ligação com as manifestações.
Celso ainda destacou que nem sequer sabia da possibilidade até o presente momento.
Em entrevista ao portal Planeta Arroz, o presidente da UCR afirmou que pretende lotar um ônibus de Cachoeira do Sul para Camaquã, caso o presidente esteja presente na entrega do trecho duplicado.
Foto: Robson Neves – Planeta Arroz / Divulgação
“Algo precisa ser feito. Não é possível que o governo não atenda nossas reivindicações”, disse o presidente da UCR, Ademar Pinto Kochenborger, acrescentando que o setor econômico do governo não conhece o dia a dia do agronegócio. “Paciência tem limite”, afirmou.
Ele disse que o setor arrozeiro também enfrenta a concorrência do arroz trazido do Paraguai e Uruguai e de Brasília por enquanto é só promessa. “Não podemos vender nossa produção pelo preço do mercado o que nos deixa mais descontentes”, salientou. Para Kochenborger, o ministro da Economia, Paulo Guedes, só conhece a Avenida Paulista e, por isto, não cumpre as determinações do presidente Bolsonaro. “Mas não vamos nos entregar. Vamos convocar a bancada ruralista, para que se una a nós neste momento em que precisamos mostrar a todos a situação do produtor de arroz”, observou.
“O cenário é de desespero, descaso e revolta. O governo sequer toca nos assuntos estruturais da lavoura. Temos uma carga tributária de 33% da porteira para dentro e praticamente não somos subsidiados”, lamentou Kochenborger.