Maioria apoia renúncia de Temer e eleições diretas, aponta Datafolha
Temer precisa deixar o cargo até 31 de dezembro para que sejam convocadas novas eleições diretas
A pesquisa Datafolha divulgada nesse domingo (11) aponta que a maioria da população brasileira apoia que o presidente Michel Temer (PMDB) renuncie ao cargo ainda neste ano para que sejam convocadas eleições diretas.
Conforme a pesquisa, 63% dos entrevistados deseja que o presidente deixe o posto ainda em 2016, enquanto uma minoria, de 27%, prefere que Temer fique no comando do país. Outros 6% se declararam indiferentes e 3% não souberam responder.
A pesquisa do Datafolha foi realizada com 2.828 pessoas entre os dias 7 e 8 de dezembro, portanto antes da divulgação da delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht. O ex-executivo da empreiteira citou Temer 43 vezes em sua delação. Segundo Melo Filho, Temer teve papel “relevante” na arrecadação do PMDB em 2014, quando, segundo ele, pediu R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht para a campanha eleitoral durante jantar no Palácio do Jaburu.
Pela Constituição brasileira, caso Temer deixe a presidência a partir de 2017, seja por renúncia, impeachment ou decisão judicial, eleições indiretas são realizadas. A única forma da população ir às urnas escolher um novo presidente é Temer deixar o cargo até 31 de dezembro desse ano.
No questionário aplicado na pesquisa, o Datafolha apresentou esse cenário com a seguinte pergunta: “Uma situação em que poderia haver eleição antecipada para a Presidência no Brasil seria em caso de renúncia de Michel Temer até o final deste ano. Você é a favor ou contra Michel Temer renunciar até o final do ano para a convocação de uma nova eleição direta para a Presidência da República?”.
Essa é a primeira vez que o Datafolha pergunta à população sobre a possibilidade de saída somente de Temer para realização de novas eleições. Em julho, o instituto fez pergunta semelhante, mas como Dilma ainda era presidente e Temer era vice, era preciso que ambos renunciassem para que houvesse nova eleição direta. Naquela oportunidade, 62% defenderam a renúncia de ambos, outros 30% foram contra, 4% disseram não saber e outros 4% se declararam indiferentes.
No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tramita uma ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer da eleição de 2014. Uma decisão contrária a Dilma e Temer pode tirar o peemedebista do comando do país. Entretanto, o tribunal já disse que a definição não ocorrerá ainda este ano.
Maioria também rejeita governo Temer
A popularidade do presidente Michel Temer sofreu uma queda desde julho, quando o índice de rejeição era de 31%. Segundo levantamento da Datafolha, 51% dos entrevistados consideram o governo Temer ruim ou péssimo. Enquanto o presidente atuava como interino, 41% dos brasileiros afirmavam que o governo era regular. Agora, são 34% que mantém a mesma opinião.
A pesquisa do Datafolha ainda pontuou que 40% da população afirma que a gestão Temer é pior do que a anterior. Já 34% a avaliam como igual e 21% apontam melhorias.
Além da queda de popularidade, o Datafolha também mapeou que há uma diminuição na confiança em níveis econômicos, fazendo com que o período atual seja parecido com o cenário pré-impeachment. São 66% dos brasileiros que dizem acreditar que a inflação aumentará, 19% que continuará no mesmo patamar e apenas 11% preveem diminuição.
Ainda considerando os dados econômicos, o Datafolha mostra que 65% da população afirma que a situação financeira do Brasil piorou, 25% diz que continua a mesma e 9% apontam que houve melhorias.