Após reunião em Brasília, Sartori diz que crise financeira irá se prolongar
Segundo Sartori, dentro de dez ou 15 dias haverá uma reunião
Um dia após o Rio Grande do Sul anunciar calote à dívida de R$ 263 milhões do Estado com a União, o governador José Ivo Sartori (PMDB) se reuniu com o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Barbosa Saintive, em Brasília. O encontro também estava previsto na agenda do ministro Joaquim Levy, mas ele não participou, e deve encontrar Sartori no fim da tarde.
Sartori afirmou que o problema não é momentâneo: o Estado tem passado por dificuldades financeiras e a situação deve se estender. Ele pediu solidariedade e negou o calote. Para ele, “ninguém está dando calote em ninguém, o Estado apenas não cumpriu uma parte da dívida”.
Segundo Sartori, dentro de dez ou 15 dias haverá uma reunião entre técnicos do Estado e do Tesouro para tentar avançar em uma saída para o impasse no Estado. Ele não esclareceu como o Estado pretende agir em relação aos próximos vencimentos da dívida, mas afirmou que pretende manter um “diálogo permanente” sobre as finanças do seu governo.
“Evidentemente que nós vamos estudar qual é a melhor maneira, a melhor situação. Não é uma situação momentânea, vai se prolongar em outras ocasiões. Vocês são testemunhas de que nós vinhamos atrasando a dívida em tantas outras ocasiões”, disse.
O Estado atrasou a dívida com a justificativa de que, na falta de caixa, iria priorizar o pagamento de servidores. Ontem, a União bloqueou as contas do Rio Grande do Sul em R$ 60 milhões. Segundo informações do governo do Rio Grande do Sul, o dinheiro do Estado nas contas do Banrisul foi bloqueado para o pagamento de uma parcela da dívida com a União no valor de R$ 280 milhões que deveria ter sido paga em julho. Como o Estado não tem esse dinheiro em caixa, todas as próximas receitas serão sacadas pela União até o quitamento da parcela devida.
“Na verdade, nós fizemos uma opção no Rio Grande do Sul no dia 10 em função da realidade financeira do Estado, nas suas dificuldades. Nós não desejamos em nenhum momento fazer um confronto com o governo, nem estabelecer uma ação política”, enfatizou o governador.
Sartori afirmou que um grupo técnico do Tesouro Nacional deve trabalhar junto ao Estado para levantar possibilidades de solução da situação. O governador pediu “solidariedade ativa em relação às finanças do Rio Grande do Sul” e afirmou que continuará conversando com o governo.
Segundo ele, o Estado, assim como a União, tem tentado realizar um ajuste fiscal nas contas e afirmou considerar a possibilidade de extinção de fundações estaduais. A reunião com o governador constava também na agenda do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que não compareceu. Sartori afirmou que o estado não havia pedido uma audiência com o ministro e foi informado apenas de que ele tinha compromissos pessoais.