Testemunhas mentiram sobre suposto ritual satânico em NH
Delegado afirma que não há prazo para um desfecho
As revelações feitas pela Polícia apontando a morte de duas crianças em um ritual satânico em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, acabam de cair por terra. Segundo uma nova investigação conduzida pelo delegado Rogério Baggio, todas as declarações dadas por testemunhas que atribuíam o crime a uma suposta cerimônia bizarra eram falsas.
“A partir deste momento a investigação volta do zero. O que nós tínhamos até aquele momento é mentira, é uma farsa”, enfatizou o delegado.
As mentiras eram ricas em detalhes. Devido a isso, o inquérito policial que buscava a identificação de responsáveis pelo esquartejamento de duas crianças seguiu as pistas dadas pelas testemunhas.
Na ocasião, um dos delegados, Moacir Firmino, anunciou que, graças a uma revelação divina, foi possível relacionar as mortes com o ritual satânico: “Foi uma revelação para dois profetas de Deus”.
Assim que voltou de férias, o delegado Rogério Baggio assumiu o caso e passou a estudá-lo. Durante as investigações, novos depoimentos foram recolhidos e contradições acabaram sendo encontradas. As testemunhas teriam sido induzidas e orientadas a dar falsas declarações em troca de benefícios.
As cinco pessoas que foram presas, incluindo o bruxo, que foram relacionadas ao assassinato das crianças, foram liberadas. Outras duas eram consideradas foragidas, mas os mandados estão revogados.
O suspeito por promover as falsas denúncias está preso preventivamente. A identidade não foi divulgada pela polícia: “Conhece muito bem os investigados e com certeza conhece muito bem a própria investigação”, apontou Baggio.
Questionado sobre os vestígios de sangue encontrados no templo e em vestimentas utilizadas em rituais, o delegado destaca que não eram humanos: “As perícias encontram sangue, sangue de animal, de bicho, sangue humano não foi constatado”.
O delegado Rogério Baggio, responsável pelo inquérito que apura a morte de duas crianças encontradas esquartejadas em Novo Hamburgo, em setembro do ano passado, afirma que não há prazo para um desfecho.
“Nós temos o homicídio e nós não temos nenhuma testemunha, não temos imagens de câmera de segurança, a investigação voltou ao zero. Tudo que foi feito ali, que gerou todas essas prisões, agora vão fazer parte de outro inquérito”, explica. “Como voltamos do zero eu não faço a menor ideia do que pode ter acontecido, pode ter sido ritual satânico, pode ter sido briga de facções”.
Quanto ao inquérito relacionado às falsas declarações – e que conta com um preso -, a Polícia Civil espera concluir em menos de duas semanas.
