Em 2023 foram apreendidas em média 26 armas por dia pela BM e Polícia Civil no RS
Foram 9.462 armas retiradas das ruas no ano passado – houve queda de 4% no comparativo com 2022, quando foram 9.856
Em um sítio na área rural de Gravataí, policiais desenterraram um arsenal formado por formado por fuzis e pistolas. Foram localizadas ao todo na propriedade, 26 armas que estavam na posse de um grupo criminoso. O número é a média de apreensões de armamentos realizada por dia no Estado pela Brigada Militar e Polícia Civil em todo ano passado.
Ao longo de 2023, foram recolhidas 9.462 armas no Rio Grande do Sul pelas duas corporações, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). No comparativo com 2022, houve ligeira redução, de 4%. Entre as duas instituições, a Brigada Militar, que faz o policiamento ostensivo nas ruas, foi responsável por apreender o maior número de armas, com 59% do total.
Dos armamentos apreendidos pela BM, um ponto que desperta a atenção é o número de fuzis: foram 46, em 2023, um crescimento de 22% no comparativo com o ano anterior. Esse tipo de arma, segundo as polícias, costuma ser apreendida nas mãos das facções. O Comandante-Geral da BM, Claudio dos Santos Feoli, destaca:
O número chama atenção porque os fuzis são armas utilizadas em guerras e tem o potencial lesivo bastante grande. Ele pode significar num único disparo a morte de mais de uma pessoa. Então, a retirada dessas armas de circulação é muito importante para a segurança pública do Estado. Esses fuzis são trazidos sempre para a utilização dessas organizações criminosas que nós combatemos no dia a dia
Origem
Para o comandante alguns fatores explicam o alto número de apreensões de armas, como o total de prisões realizadas no ano passado pela BM, que chegou a 111,6 mil e o de recaptura de 8 mil foragidos. Em muitos casos, segundo Feoli, essas pessoas são presas portando armas de fogo. Outra estratégia apontada como importante para a apreensão de armamentos é a Operação Agro-Hórus, voltada para coibir crimes típicos das áreas rurais e de fronteiras.
— A maioria dessas armas vem principalmente do Paraguai, pelas nossas linhas de fronteira. Geralmente são apreendidas nas mãos de traficantes e de criminosos que cometem roubos. Estão diretamente conectadas com a criminalidade violenta dentro do Estado. É um número que nós gostaríamos, num universo utópico, que fosse menor, mas em 2024 certamente vamos ampliar as apreensões — projeta Feoli.
Além do Paraguai, as armas que chegam ao RS têm origem em outros países, como Argentina e Uruguai. Em março do ano passado, uma ação na fronteira com o Uruguai envolveu a Polícia Civil gaúcha e do país vizinho. Na periferia de Rivera, prenderam um foragido por homicídio, que costumava ostentar fotos com drogas e armas. A suspeita é de que ele estivesse envolvido num esquema de contrabandear armas do Uruguai para o Brasil.
As armas, por vezes, também chegam às mãos dos traficantes de outra forma. Uma operação realizada pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) em dezembro prendeu dois atiradores suspeitos de usar o registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) para adquirir armas e coletes para o crime organizado.