Assessor parlamentar registra boletim de ocorrência por ato de racismo em Tapes
Emerson de Oliveira Peres afirma ter sofrido racismo por parte do assessor de outro parlamentar em uma sala da Câmara de Vereadores
O assessor parlamentar Emerson de Oliveira Peres, de 35 anos, afirma ter sofrido racismo de um colega, assessor de outro vereador, na Câmara de Vereadores de Tapes. O caso teria ocorrido na terça-feira (31) e foi protocolado na quarta-feira (1), quando o suposto agressor, que não teve a identidade divulgada, foi exonerado.
De acordo com Emerson, o ato de racismo ocorreu durante uma conversa entre ele, o assessor exonerado e outros dois colegas em uma sala da Câmara de Vereadores. O agressor teria dito que “Tapes não se desenvolvia porque os morenos não gostavam de trabalhar” e que “não tinham foco no trabalho”. Em seguida, olhou para o colega e disse “você é uma exceção, Feijão”, chamando o colega por um apelido pelo qual é conhecido na cidade.
Na oportunidade, uma testemunha teria pedido para que o ex-assessor reformulasse sua frase, mas o mesmo teria insistido e afirmado que “infelizmente era uma realidade”. Além das falas preconceituosas, o homem teria tentado subornar Emerson com um jantar e “dinheiro para cerveja” ao perceber que sua fala não foi bem recebida pelo colega.
Ao acessar o site do Poder Legislativo municipal, a seguinte mensagem é exibida: “a Câmara de Vereadores de Tapes, como uma casa democrática que visa o bem estar e a organização social, não admite e repugna qualquer tipo de conduta preconceituosa ou discriminatória”.
Em conversa com a redação do Clic Camaquã, Emerson salienta que desde o início recebeu apoio da Câmara de Vereadores e dos colegas. O assessor parlamentar destaca que, em 35 anos, nunca havia passado por algo parecido. Ele afirma que inicialmente pensou em não tomar providências, por medo de julgamentos e acusações de “vitimização”, mas foi convencido a protocolar a denúncia para servir de exemplo na luta contra todo tipo de discriminação.
Após o registro do boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Tapes, Emerson deu seu depoimento e acredita que as autoridades deverão ouvir as testemunhas na próxima semana. A pena para o crime de racismo tornou-se mais severa a partir da Lei 14.532/2023, publicada em janeiro deste ano, com pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa. Além disso, não cabe mais fiança e o crime é imprescritível.