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Homem baleado por assassino do cinema de shopping teve filhos 12 anos após crime: ‘Lado bom de uma coisa ruim’

Antonio Martins e Vanessa Mayo ainda guardam os ingressos do filme. Três pessoas morreram no crime


Por Redação/Clic Camaquã Publicado 04/11/2019 Atualizado 26/01/2022
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Há exatos 20 anos em São Paulo, Antonio José de Carvalho Amaral Martins e Vanessa Fernandes Mayo foram à última sessão do cinema de uma quarta-feira. Era o dia em que a entrada era mais barata (meia entrada para todos os públicos em todas as sessões). Eles planejavam ter filhos no ano seguinte.

O casal de engenheiros químicos jamais imaginou que não conseguiria terminar de ver ao filme naquela noite de primavera de 3 de novembro de 1999. E que viriam a engravidar somente 12 anos depois. “Foi o lado bom de uma coisa ruim”, diz Antonio.

Tudo por causa de um crime que mudou os seus planos. O filme foi interrompido no meio da sessão depois que o assassino, na época com 24 anos e estudante de medicina, sacou uma submetralhadora da mochila e disparou contra a plateia. Três pessoas morreram e cinco ficaram feridas. Outras 15 conseguiram fugir correndo da sala do cinema.

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Um dos tiros atingiu a perna e o outro acertou a virilha de Antonio, o que comprometeu a sua capacidade reprodutiva. “Eu levei um segundo tiro que atingiu meu testículo”. Ele tinha 40 anos à época, Vanessa, 30.

“Penso que em consequência de tudo isso, nós não conseguimos ter filhos. É como se eu tivesse feito uma vasectomia unilateral. Exatamente do testículo, pois eu perdi o epidídimo”, recorda Antonio, que sangrava muito.

O epidídimo é um duto no corpo masculino que coleta e armazena espermatozoides produzidos nos testículos e os leva até a próstata.

“É como se tivesse reduzindo em pelo menos 50 % o número de espermatozoides, e consequentemente a possibilidade de fertilização”, conta o engenheiro.

Antonio só descobriu anos depois que o tiro comprometeu a possibilidade de ele ser pai. “Muitos homens têm esse problema naturalmente e por isso não conseguem engravidar a parceira”.

Ele ainda se submeteu a cirurgias de emergência pois havia o risco de morrer. Ficou internado por uma semana no hospital. “Tive que sofrer uma cirurgia na bolsa escrotal para retirada dos inúmeros estilhaços de metal, contudo o pedaço maior que se alojou no testículo direito não pode ser retirado.”

Outras cenas marcantes do ataque ainda estão na memória de Antonio. Ter visto a morte do economista Júlio Maurício Zemaitis, da fotógrafa Fabiana Lobão Freitas e da publicitária Hermé Luisa Jatobá Vadasz.

“Ele eliminou a vida de três pessoas. Um rapaz levou um tiro exatamente no olho. Tadinho, ele ficou morto, ficou sentadinho ali”, lembra o engenheiro, que esteve no hospital quando as duas mulheres foram declaradas mortas por um médico. “Eu vi essas duas moças serem, digamos, cobertas, porque já tinham falecido.”

Não era a primeira vez que Antonio tinha sido baleado. “Eu já tinha levado outros dois tiros na vida, numa tentativa de assalto”, lembra sobre roubo sofrido anos antes do ataque ao cinema.

“Ele não morre por tiros”, enfatiza Vanessa.

Como são cinéfilos assumidos, Antonio e Vanessa decidiram enfrentar o trauma e meses depois voltaram a frequentar cinemas, não o mesmo onde foram atacados antes.

Também resolveram recuperar o que perderam naquela noite do crime. Compraram um vídeo de ‘O Clube da Luta’ para terminar de assistir em casa. Fãs dos atores Edward Norton e Brad Pitt, Antonio e Vanessa ainda têm os ingressos que pagaram para ver aquele filme no cinema do MorumbiShopping.

E foram atrás de tratamentos médicos para poder gerar filhos, outro desejo perdido em 3 de novembro de 1999.

 “Aí nós fizemos tratamento e tivemos os nossos filhos”, conta Antonio sobre a fertilização in vitro a qual o casal se submeteu. “O tratamento de fertilização feito induzia a ovulação da Vanessa e nesse período são introduzidos espermatozoides bons no organismo dela”.

Desse modo, Vanessa engravidou e deu a luz aos gêmeos Arthur e Clarice. “Eles têm 9 anos e meio”, comemora a mãe.

“Então eu acredito que a consequência disso é que hoje nós temos um casal de gêmeos maravilhosos. O lado bom de uma coisa ruim é exatamente isso”, sorri Antonio.

“Ele é um super-herói…”, diz Arthur sobre o pai. “A gente fala que ele é o super-homem porque ele já levou muitos tiros e ele está, né, aqui”, completa Clarice.

Depois de ter sido considerado normal pela Justiça paulista e condenado a 120 anos de prisão pelos crimes que cometeu, o assassino foi para uma prisão na Bahia, onde tentou matar um colega de cela. Lá foi feito um novo exame médico que constatou que ele sofre de esquizofrenia e precisa de tratamento. Por esse motivo, ele está atualmente está num hospital psiquiátrico.

“Eu demorei para perdoar porque atrapalhou muito. A gente estava casado. Era o primeiro ano”, conta Vanessa. “Nossa vida mudou completamente desde aquela época. Ia ser outra coisa. A gente ia ter filhos logo. Mudou tudo, mas hoje está tudo ótimo.”

“Então eu acho que ele está pagando, ele vai pagar. Eu acho que para mim ele está perdoado”, diz Antonio, que entende que o perdão ajudou ele e a mulher a seguirem a vida com os filhos.

Mais sobreviventes

Duas décadas depois daquele ataque jamais visto antes no país, o público sobrevivente ainda se lembra com exatidão o que ocorreu e tenta superar o trauma, contando como está reconstruindo a vida.

 “Eu só via as pessoas se jogando ao chão”, diz ao G1 Rita Jover Faleiros, de 49 anos, que escapou por pouco de ser ferida no cinema. “Só me lembro do barulho dos tiros, e eu me lembro dessa memória muito nítida das balas passando pelo cabelo, um zunido”.

“Todo episódio foi tão inimaginável, que a percepção para mim era de ficção, que não era real porque a gente não conhecia episódios como esse no Brasil, até aquele momento”, recorda Rita, que se tornou professora universitária anos depois.

“Por um bom tempo parei de ir ao cinema”, lamenta ela, que ainda convive com a desconfiança quando vai ver um filme na ‘telona’. “Hoje quando eu vou ao cinema, a minha escolha de lugar prevê sempre uma rota de fuga, jamais sento no meio”.

Indenização

Parentes das vítimas que foram mortas ou feridas pelo assassino entraram com ações judiciais pedindo indenizações pelo que aconteceu no cinema do shopping.

Para o advogado Guilherme Gomes Pereira, que defendeu os interesses das três filhas da publicitária Hermé, morta pelo estudante, o cinema e o shopping foram negligentes à época do ataque, principalmente no socorro às vítimas.

“O shopping estava com o seu posto médico fechado. Não tinha nenhum funcionário habilitado a fazer o mínimo primeiros socorros ali das vítimas”, diz Guilherme. “Não tinha nenhuma ambulância no local”.

A Justiça, porém, não reconheceu o pedido do advogado para que as filhas da vítima recebessem indenização por danos morais e materiais.

Apesar disso, a mesma Justiça condenou em 2009 o MorumbiShopping a pagar R$ 50 mil de indenização a Andrea Lang, sobrevivente do ataque. Ela foi baleada na perna.

Atualmente o MorumbiShopping não tem cinema. Procurado pelo G1, o empreendimento não quis comentar o motivo disso e nem respondeu que medidas de segurança foram tomadas após o ataque em 1999.

Depois do crime, a sala do cinema ficou três dias fechada. Voltou a receber projeções até 2002, quando o cinema ficou fechado para reforma até julho de 2003. O shopping teve cinema até meados de 2012.

 

 


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