Caso da gestão Piffero será julgado no Conselho ainda em outubro
Se culpados, dirigentes podem ficar impedidos de exercer cargo em entidades esportivas
Nas próximas semanas, o Conselho Deliberativo (CD) do Inter se transformará em um tribunal e, a partir das provas levantadas pela comissão de sindicância que investigou a gestão Piffero e comprovou cinco fatos que podem ser caracterizados como gestão temerária ou irregular, julgará quatro dirigentes daquela época: o próprio Piffero (ex-presidente), Pedro Affatato (ex-vice de finanças), Alexandre Limeira (ex-vice de administração) e Emídio Marques Ferreira (ex-vice de patrimônio).
Ontem, o presidente do CD, Sérgio Juchem, e o conselheiro Ubaldo Flores, que presidiu a comissão de sindicância, deram uma entrevista coletiva na qual detalharam o trâmite a ser seguido a partir de agora. Ele passa pela entrega da defesa por escrito dos quatro citados e pela sessão do julgamento, que deve ocorrer na segunda quinzena deste mês, segundo previsão de Juchem.
Nesta reunião, os quatro ex-dirigentes terão a oportunidade de falar na tribuna ou nomear um advogado para fazê-lo. Em seguida, haverá a votação, que dever ocorrer de forma individual para cada um dos citados, para determinar a culpa de cada um dos quatro ex-dirigentes.
Caso sejam declarados culpados, eles serão impedidos de serem eleitos a qualquer cargo em entidades esportivas por um prazo de dez anos, segundo a Lei do Profut, que determina todo o trâmite seguido pelo Conselho Deliberativo do Inter até aqui.
Ainda ontem, a comissão de ética do CD também recebeu o relatório. A partir de agora, ela pode determinar outras punições aos quatro ex-dirigentes, que podem chegar até a exclusão do quadro social do clube. Seria a primeira vez que isso ocorreria com um ex-presidente.
Destino ainda é conhecido
Desde o final do ano passado, o Ministério Público também investiga a gestão Piffero. Porém, os procuradores não conseguem rastrear o destino dos cerca de R$ 10 milhões que teriam sido retirados do Beira-Rio sob alegação de pagar por obras que não foram encontradas em nenhuma das propriedades do clube.
Há as notas fiscais de empresas que não operavam mais, normalmente em número sequencial, e os saques em dinheiro, em altas quantias, no caixa do Inter, mas não há o destino de tais recursos.
Para o presidente da comissão de sindicância do Conselho Deliberativo, Ubaldo Flores, não há necessidade de rastrear o dinheiro. “Formamos convicção (do destino do dinheiro) e isto está claramente determinado no relatório. Apesar de não termos o poder de quebrar o sigilo bancário dos citados, fomos a fundo na questão”, enfatizou Ubaldo. A partir disso, a diretoria do Inter buscará na Justiça o ressarcimento dos valores irregularmente retirados do clube.