Rubem Confete, o Griô do Samba, é memória viva do carnaval carioca
Agência Brasil entrevistou radialista que conviveu com ícones do samba
Na cultura africana, griô (ou griot) é aquele que mantém viva a memória do grupo, que conta as histórias e mitos daquele povo. É exatamente esse o papel que o radialista Rubem Confete tem em relação à comunidade do samba e ao carnaval carioca.
Não à toa, recebeu a alcunha de Griô do Samba. Aos 86 anos, conviveu com pessoas como Pixinguinha, Dona Ivone Lara, Jamelão, Xangô da Mangueira e Candeia, de quem ouviu vários relatos. Mas também viveu suas próprias histórias, que se confundem com a história do Rio de Janeiro e da mais famosa festa cultural do país.
Sua memória não deixa lembrar exatamente quando o samba entrou em sua vida, mas parece que o ritmo esteve com ele desde o nascimento, na rua Dona Clara, em Madureira, na zona norte da cidade do Rio, em 7 de dezembro de 1936.
Confete viu nascer a tradicional Império Serrano; brincou no carnaval de rua de Madureira entre as décadas de 1940 e 1950; e participou de desfiles na Rio Branco, na década de 1960, quando as escolas de samba só contavam com um carro alegórico e não reuniam nem 500 pessoas na avenida.
Ele também vivenciou a transformação do carnaval carioca de uma singela festa popular no “Maior Show da Terra” – expressão que ele tira do refrão do consagrado samba É hoje (Didi e Mestrinho) – a participar de coberturas por veículos como a Rádio Continental, a Rádio Nacional e a TV Globo.
Como compositor, nunca teve a satisfação de assinar um samba-enredo em um desfile de carnaval carioca, mas criou algumas canções de relativo sucesso, como Pagode do Exorcista, que foi primeiro gravado pelo parceiro Nei Lopes, em 1974, e regravado no mesmo ano por Wilson Simonal em seu disco Dimensão 75.