Praça Zeca Netto se torna palco de batalhas de rima em Camaquã
Todo sábado, jovens se reúnem no espaço a partir das 21h para trazer batalhas que envolvendo Rap, Trap, Hip Hop e Funk
No começo deste ano, a Praça Zeca Netto se tornou o palco de um evento que dá visibilidade para ritmos que têm ganhado força nos bairros de Camaquã. A “Batalha da ZN”, como é chamada, reúne jovens todo o sábado para batalhas de rima a partir das 21h.
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As batalhas envolvem jovens e artistas dos ritmos Rap, Trap, Hip Hop e Funk, além de suas vertentes.
No último sábado, a primeira batalha reuniu cerca de 40 jovens, sendo em sua grande maioria, moradores de bairros com alto índice de vulnerabilidade social. De acordo com Menor da OV, um dos organizadores, o objetivo é promover a cena do hip hop e da cultura de rua em Camaquã.
Um grupo se reúne em volta de duas pessoas para vê-las duelar, enquanto um DJ toca uma batida. A arma escolhida pelos adversários são as palavras.
A batalha requer rapidez de raciocínio falando na frente de uma galera, enfrentar o olhar atento do adversário, e tudo isso sobre temas definidos na hora, sem que você tenha muito tempo pra pensar.
Para ganhar essa batalha, é preciso ter pensamento rápido, agilidade nas palavras e a capacidade de convencer o público e os jurados de que você é o melhor. Essas são algumas das características das batalhas de rimas.
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Essas batalhas surgiram junto com a cultura hip hop, nas ruas do Bronx (bairro estadunidense), em que um rapper atacava outro por meio de músicas, as chamadas diss, ou por meio das rinhas de freestyle (estilo livre).
No Brasil não foi diferente, com a popularização do gênero no final dos anos 1980, vieram as batalhas de rimas. Porém, elas só se tornaram mais organizadas e tiveram regularidade em 2003, com a criação da Batalha do Real no Rio de Janeiro.
Batalha de conhecimento x batalha de sangue
A batalha de conhecimento tem como principal objetivo desenvolver rimas dentro de um tema pré-estabelecido pela organização ou pela plateia. Já a batalha de sangue não tem tema e o principal objetivo é atacar verbalmente o adversário e responder o ataque através do freestyle.
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Dentro da batalha de sangue há mais duas modalidades: tradicional e bate-volta. Na batalha tradicional, o MC (sigla para Mestre de Cerimônia) tem cerca de 30 a 45 segundos para atacar o oponente, depois o oponente tem a mesma quantidade de tempo para responder. No segundo bloco, os papéis se invertem. Caso haja outra rodada, ela será a última e a que decidirá o ganhador.
O primeiro grupo
O grupo Essência 701, formado pelos jovens Menor Da OV, YoungBruno, Cri$ & 2KV Virgil, é o primeiro grupo voltado ao ritmo em Camaquã. Ele lançou recentemente a música “300 por hora”, com direito à videoclipe gravado no palco das batalhas. Assista:
Participação no Estúdio Clic
Valorizar os talentos da nossa terra. Esse foi um dos motivos pelo qual o programa Estúdio Clic foi criado. O programa da ClicRádio vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 18h, e no dia 11 de junho de 2021, contou o início da história de mais um talento nascido em Camaquã.
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O jovem Matheus Oliveira, de 19 anos, participou do programa para mostrar um pouco do seu talento. Mas não com este nome.
No mundo da música, o nome artístico é ‘Menor da OV’, fazendo referência à sua origem: o bairro Ouro Verde. Assista a entrevista completa:
Com músicas autorais, o artista fala a realidade que vivencia, em um bairro de baixa renda onde os jovens lutam contras as drogas e a criminalidade.
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Junto à Matheus, também esteve no estúdio da ClicRádio seu amigo e produtor, MC Jhoney, que também tem composições autorais dentro do RAP. Ele contou que Matheus, o ‘Menor da OV’, chamava a atenção desde pequeno.
Ainda criança, chamava a atenção dos vizinhos ao ficar em cima de um pedra, em frente à sua casa, cantando a plenos pulmões. Jhoney conta que viu o talento do jovem desde esse momento e que fica feliz em fazer parte do início da carreira do jovem artista.
Durante a entrevista, os jovens falaram sobre a realidade que vivem e sobre as inspirações para cada uma das composições autorais.
Eles relataram, principalmente, que o RAP ainda é marginalizado e frequentemente atribuído como um ritmo cantado por bandidos. Os artistas relataram que o ritmo funciona da forma inversa, sendo essencial para a transformação dos territórios urbanos marginalizados
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O jovem de 19 anos também trouxe uma curiosidade: ele nunca havia se apresentado anteriormente. Todas as canções haviam sido gravadas no estúdio do produtor e divulgadas apenas para as pessoas próximas.
Mesmo nervoso, ele cantou três de suas músicas autorais. E o retorno foi imediato. Pela primeira vez, logo após a participação no programa, ele recebeu contato de um empresário interessado em investir no seu trabalho.
Segunda entrevista
No dia 10 de agosto, o programa Estúdio Clic recebeu os jovens Bruno (YoungBruno), Cristian (Cri$), Matheus (Menor da OV) e o MC BLV.
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