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05 de dezembro de 2024
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Intervenção urbana chama atenção para a presença de plantas silvestres em São Lourenço do Sul

Munidos de giz, estudantes da FURG-SLS escreveram nomes das Panc em calçadas ao redor do campus


Por Redação Clic Camaquã Publicado 16/07/2022
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Intervenção urbana chama atenção para a presença de plantas silvestres em São Lourenço do Sul
Intervenção urbana chama atenção para a presença de plantas silvestres em São Lourenço do Sul

A pressa do dia a dia, principalmente nas cidades, pode fazer com que as pessoas não consigam dar tanta atenção à natureza que lhes rodeia. Propondo subverter essa lógica, estudantes da disciplina de Anatomia e Morfologia Vegetal, vinculados ao primeiro semestre do curso de Agroecologia, realizaram uma intervenção urbana nos arredores dos prédios 1 e 2 do Campus da FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS).

Proposta pela docente Jaqueline Durigon, a atividade consistiu na análise do local. Quando constatada alguma espécie, uma seta de giz era feita na calçada, junto à escrita do nome correspondente. Ao todo, o grupo observou e dialogou sobre aproximadamente 15 plantas diferentes. “Primeiro queríamos conhecer o entorno da universidade. Muitas vezes, a gente entra e sai dos prédios da FURG, vai de um pro outro, e nem percebe as plantas que estão ao redor”, destaca a professora. A ideia agora é ampliar a intervenção para outras regiões do município.

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A ação buscou ampliar o olhar dos estudantes, do restante da comunidade acadêmica e do público em geral para a presença de Plantas Alimentícias Não-Convencionais (Panc) nas zonas urbanas. 

Caracterizadas por seu potencial alimentício e desenvolvimento espontâneo, as Panc são reconhecidas por não serem consumidas em larga escala pela população, ou possuírem o seu uso restrito a determinado grupo social ou região.

Movimento global

Apesar de Jaqueline costumeiramente organizar caminhadas de observação, degustação e interação com plantas, tanto em disciplinas que ministra na universidade, como nos eventos que promove a partir do projeto de extensão Pancpop, no qual é coordenadora, ela explica que essa foi a primeira vez que convidou os alunos a escreverem os nomes das espécies, além de apenas identificá-las.

A inspiração surgiu em um movimento global que tem viralizado por toda a Europa, onde pedestres realizam o mesmo tipo de escrita com giz nas ruas, compartilhando os atos em redes sociais. “Achei super legal, super visual. Nossos cursos envolvem estudo, pesquisa, mas também envolvem prática, movimento, ação e intervenção. Então eu achei interessante, mostrei para os estudantes e eles acharam incrível”, relata.

Caloura de Agroecologia, Carolina Possa não conhecia esse movimento, e afirma que gostou de aplicar a ideia em São Lourenço do Sul. “Foi uma ação muito legal, simbolicamente como turma, e também para ficar registrado. É um tipo de intervenção que te sensibiliza a parar e olhar onde tu estás”, relata.

Apesar de a estudante já ter formação técnica em Meio Ambiente, o que lhe possibilita uma aproximação maior com as Panc, ela conta que a partir da proposta teve a oportunidade de aprender sobre uma espécie que ainda não conhecia, a Guajuvira. Carolina acredita que um ponto importante do exercício foi ter sido realizado fora dos muros da FURG. “O conhecimento da universidade não é para a universidade. Além de ser uma ação muito didática, a alimentação faz parte da nossa vida, independentemente do ambiente que a gente está”.

A iniciativa é uma tentativa de acabar ou minimizar um fenômeno estudado por neurofisiologistas e por muito tempo nomeado como cegueira botânica. O termo, que não tem sido mais utilizado por seu cunho capacitista, descreve a incapacidade ou menor capacidade humana de enxergar as plantas em comparação com os animais.

A professora Jaqueline informa que, propondo a utilização de um novo nome capaz de indicar essa dificuldade, especialistas recentemente criaram um termo em inglês, que em português seria algo como “disparidade na percepção das plantas”. Explica também que a disparidade na percepção das plantas é ocasionada em virtude do cérebro humano não priorizar elementos que não representem um perigo iminente, ou seja, que não se movimentam ou não tenham contrastes tão evidentes, como é o caso das plantas.

Mais plantas no cotidiano

Outra forma de minimizar a disparidade na percepção das plantas é inseri-las em diversos aspectos da vida, segundo Jaqueline. “É importante que a gente tenha as plantas na arte, na dança, na música, na poesia, na pintura. Que elas sejam inseridas no nosso dia a dia, nos locais onde a gente está, nos muros, nas músicas que a gente ouve”, afirma.

Logo, compreende ser fundamental que existam mais espaços de diálogo, com a possibilidade de realização de intervenções artísticas e culturais relacionadas com a natureza em São Lourenço do Sul. “A natureza é um meio de a gente se conectar com essas outras expressões que também envolvem criatividade, interação, emoções e diversas outras habilidades dos seres humanos. E aqui a gente tem uma natureza privilegiada, que permite vários espaços para o desenvolvimento dessas habilidades”, esclarece.

Assim, Jaqueline relata que, futuramente, parte dessas atividades poderão ser realizadas em um novo espaço que tem sido preparado pela FURG-SLS, em frente à Lagoa dos Patos, no local que antigamente abrigava o ponto de cultura do município. A professora explica que, quando a área for inaugurada, o Pancpop ficará responsável pela elaboração de uma Horta Panc em um espaço multicultural, onde oficinas e intervenções culturais serão mediadas pela natureza. Nesse momento, entretanto, o prédio está aguardando reformas e não tem previsão de abertura.

Em um movimento paralelo, a docente e estudantes da FURG-SLS estão desenvolvendo a playlist de músicas “Plantas e Arte”, com canções que falam sobre natureza e agroecologia. O material será disponibilizado em breve no canal do Pancpop no Youtube, e compartilhado com o público interno e externo ao Campus São Lourenço do Sul.

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