O secretário da Educação, Faisal Karam, afirmou que as aulas não deverão retornar no dia 30 de abril, quando expira o decreto governamental que suspendeu as atividades escolares no Rio Grande do Sul. Ele participou, na manhã desta sexta-feira (24), da reunião virtual da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, presidida pela deputada Sofia Cavedon (PT), para apresentar as ações da pasta durante a pandemia de coronavírus.
As aulas, segundo o secretário, deverão ser uma das últimas atividades a voltar ao normal. Na próxima segunda-feira (27), Karam deverá se reunir com o Sindicato do Ensino Privado no Rio Grande do Sul (Sinepe/RS) e a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) para discutir um plano de retomada sem, contudo, definir datas. O secretário considera um risco colocar mais de 800 mil alunos, potenciais vetores do coronavírus, nas salas de aula durante o inverno. Apontou também a existência de riscos no transporte escolar e no contato com servidores idosos, que representam 8% do quadro funcional da Seduc. “Não existe segurança para voltar agora. Quando a gente vê governos não tendo espaço físico em UTIs, sabemos que não estamos livres de que isso acontece”, ponderou.
O secretário afirmou ainda que a prioridade do governo é evitar a perda do ano letivo e garantir as condições para que os alunos enfrentem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele não acredita que a data do exame seja alterada, como propõem diversos secretários estaduais de educação.
Inadimplência
O presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo (PP), manifestou ao secretário sua preocupação com a inadimplência nas universidades comunitárias, que chega a 50%. Polo alertou que a situação pode comprometer a existência destas instituições.
Outra preocupação do chefe do Legislativo diz respeito às escolas infantis, que permanecem fechadas, num momento em que muitos pais estão retornando ao trabalho.
Participaram da reunião os deputados Gabriel Souza (MDB), proponente do encontro, Any Ortiz (Cidadania), Luiz Marenco (PDT), Carlos Búrigo (MDB), Fran Somensi (Republicanos), Franciane Bayer (PSB), Luciana Genro (PSOL), Dirceu Franciscon (PTB), Rui Irigaray (PSL), Tiago Simon (MDB), Zilá Breitenbach (PSDB), Sérgio Turra (PP), Issur Koch (PP), Pepe Vargas (PT), Fábio Ostermann (Novo) e Edson Brum (MDB).
Governador vê retorno distante
O governador Eduardo Leite anunciou, durante transmissão pela internet nesta terça-feira (21), o que chamou de distanciamento controlado de atividades a partir de 1º de maio no Rio Grande do Sul. No entanto, pouco depois, ressaltou que a retomada das aulas não deve observar esse mesmo calendário.
— Considerando que a gente tem 20% da população gaúcha em escolas públicas municipais, estaduais, privadas, nas universidades, pode ser algo que a retomada das aulas fique mais distante — explicou Leite.
O governador deixou claro que ainda não há definição sobre datas de volta às aulas. Na rede estadual, as escolas não recebem alunos desde 19 de março. São ministradas as chamadas aulas programadas para tentar vencer o conteúdo do ano letivo. Leite chegou a dizer que as instituições de ensino também poderão entrar no distanciamento controlado, mas que isso ainda precisa ser melhor avaliado.
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— Que vai ser feito observando a capacidade de atendimento hospitalar de cada região e os indicadores de propagação do vírus naquela região. Se o vírus está se propagando mais rapidamente e a capacidade hospitalar é baixa, então mais restrições serão impostas naquela região. Se temos o vírus se propagando pouco e a capacidade hospitalar é alta, então poderemos ter uma liberação de atividades maior — complementou o governador.
Por mais de uma vez o governador citou que as decisões de flexibilização de atividades levam em conta a pesquisa liderada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) sobre a prevalência de coronavírus no Estado. Para o reitor da UFPel e coordenador da pesquisa, Pedro Hallal, não há nenhuma possibilidade de retomada das aulas a partir de 1º de maio, data prevista para início do distanciamento controlado.
Em Camaquã
Na manhã desta sexta-feira(17), o secretário da educação Nelson Egon Geiger Filho, participou do programa Bom Dia Camaquã, apresentado pelo jornalista Eduardo Costa. Ele falou sobre o retorno das aulas, que está previsto para acontecer no dia 4 de março, porém pode ser prorrogada devido o avanço do novo coronavírus.
“É importante destacar que estamos preparados para o retorno das aulas, seja no dia 4 ou mais tarde”, falou. Houve uma medida provisória que flexibilizou o cumprimento dos 200 dias letivos, porém manteve as 800 horas. Caso as aulas retornem no dia 4, a secretaria já possui um cronograma em que algumas aulas vão ser realizadas durante sábados.
“A educação é um direito de todos e tem que ser possibilitada de forma igual para todos”, comentou. Ele informou que são 31 escolas e 14 na zona rural. Nem todos tem computador, celular ou internet em casa, destacou durante a entrevista. O secretário comentou que o trabalho que vem sendo feito desde o início da quarentena é divulgando material complementar para que os alunos não percam o vínculo com a escola.
Ele comentou que na página da secretaria de educação e das escolas municipais estão sendo divulgados estes materiais e que as famílias que têm acesso podem estar utilizando as atividades. “Queremos tranquilizar os pais, nenhum aluno terá prejuízo em relação ao âmbito municipal, todos os alunos terão as mesmas oportunidades de recuperação”, comentou.
Nelson comentou que existem questões que preocupam o retorno das aulas, como o número de alunos dentro das salas, por exemplo. “Dependemos de orientações de autoridades da saúde para saber como lidar com essas questões”, explicou. De acordo com o secretário existem diversos pontos que ainda devem ser analisados, com a questão dos alunos e professores que fazem parte do grupo de risco. “Estamos fazendo tudo que é recomendado e legal”, informou.
Ele divulgou que às 10h30 vai ser realizado uma live para a escola Osvaldo Aranha para orientar os alunos e pais sobre os materiais que estão sendo divulgados. Confira a participação completa a partir dos 49 minutos de transmissão:
