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Após ter duas alunas ‘nota mil’ na redação do Enem, professora fez a prova pela 1ª vez; leia o rascunho

Sharlene Leite, do Curso Escrita Única Pré-Vestibular, decidiu fazer a prova para experimentar a sensação de ficar do lado dos estudantes. Leia o rascunho da redação que ela produziu durante o exame deste domingo (3).


Por Redação/Clic Camaquã Publicado 05/11/2019
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Em 2018, a professora de redação Sharlene Leite deu aulas para duas candidatas que entraram para o seleto grupo de 55 notas mil na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Neste ano, porém, ela decidiu se inscrever no exame e vivenciar a sensação de fazer a prova para valer, e compartilhou com o G1 o rascunho de sua redação com o tema “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”.

Sharlene, que dá aulas no Escrita Única Pré-Vestibular, esteve no grupo de 71.858 participantes do Distrito Federal no primeiro dia do Enem 2019. No ano passado, ela foi professora de duas das três estudantes do DF que tiraram a nota máxima na prova de redação. Com a nota do Enem, ambas conseguiram ser aprovadas em medicina.

Experiência importante

Neste domingo, porém, a professora fez como os cerca de 600 alunos para quem deu aulas todos os anos: guardou todos os equipamentos eletrônicos em um envelope com lacre, sentou em uma carteira no seu local de provas com uma caneta de cor preta e tubo transparente e enfrentou a temida prova de redação do Enem.

Ela resumiu a experiência em uma palavra: “difícil”. A tarefa de dar um total de cinco horas e meia para candidatos no fim do ensino médio redigirem uma dissertação e responderem a 90 questões objetivas é árdua, e se colocar no lugar de seus alunos valeu a pena, disse a professora ao G1.

Durante o exame, como não precisa das notas, ela diz ter dedicado mais tempo do que os alunos costumam gastar fazendo a redação. “No geral eles demoram uma hora e meia no máximo. Eu demorei de duas a duas horas e meia”, disse.

Tema fora tratado em sala de aula

Sharlene disse que a escolha do tema a surpreendeu, mas que seus alunos chegaram a escrever sobre a importância do cinema nas aulas de redação durante o ano, inclusive na revisão pré-Enem.

No entanto, o foco dado pelo Enem pode ter levado alguns candidatos menos atentos a uma potencial fuga parcial do tema.

“Parece ser fácil, mas exige determinada estratégia para que o candidato não tangencie”, explicou a professora. “Porque as pessoas tendem a falar da importância do cinema em si, mas ali ele tinha o foco na democratização do acesso.”

Em sua própria prova, Sharlene escolheu argumentos que costuma tratar no dia a dia com seus alunos. Ela lembrou, por exemplo, de fontes às quais ela recorre durante todo o ano, em especial na reta final do exame: informações dos sites oficiais do Ministério da Cidadania.

Foi lá que ela ficou sabendo de uma iniciativa do governo federal para obrigar que as salas de cinema se adaptem com equipamentos para garantir a acessibilidade de pessoas com deficiência, por exemplo.

Sharlene sempre recomenda que seus alunos cumpram os requisitos da prova de redação citando dois argumentos na defesa de sua tese. No seu caso, ela citou, além do aspecto da acessibilidade de pessoas surdas ao cinema, a perspectiva financeira, que impede os mais pobres de verem filmes na telona.

Para isso, ela recorreu, como referência, ao artigo 23º da Constituição Federal e a um dos clássicos da literatura brasileira: o romance “Angústia”, de Graciliano Ramos. Ao G1, ela disse avaliar que referências nacionais, em vez de pensadores eurocêntricos consagrados, enriquecem mais o projeto de texto do Enem.

A professora também não deixou de incluir os famosos “conectores”, palavras da língua portuguesa que cumprem funções de conectar as frases, dando, por exemplo, ênfase, continuação ou finalidade às ideias expostas. E evitou um “vício” que ela diz insistir para os estudantes deixarem de lado: o plágio de redações consideradas “modelo” que circulam pela internet.

Leia também: Enem 2019: questões de história foram mais fáceis, mas erros podem derrubar nota, alertam professores

Leia o rascunho da redação de Sharlene:

Conhecer narrativas múltiplas é humanizar-se, é ter oportunidade de entender a realidade do outro, a do país, a do mundo e poder imaginar-se e reconhecer-se no contexto descrito. De fato, isto é o que o cinema permite: ter um olhar sensível para si e para as outras vivências. Em razão disso, é inegável o potencial emancipador do cinema, e, por isso, deve haver, no Brasil, acesso mais democrático ao usufruto desse bem cultural. Ademais, para a efetivação desse pleito, é fundamental que Estado e sociedade avaliem dois litígios: a acessibilidade de pessoas surdas e a perspectiva financeira para o ingresso nesses ambientes de lazer.

Em primeira análise, cabe ressaltar que, somente neste ano – 2019 – foi sancionada uma lei federal a qual obriga cinemas a terem equipamentos especiais para pessoas surdas assistirem a filmes. Inegavelmente, é um avanço social, no entanto, extremamente tardio, visto que, até os dias hodiernos, esse grupo social foi cerceado parcialmente do direito à cultura proposto, como obrigação da União, dos estados e do Distrito Federal, na Constituição Federal em seu Artigo 23º. Por conseguinte, para mitigar tal restrição, são fundamentais mecanismos para cumprir a nova lei e, assim, conferir maior democratização do acesso ao cinema pela integração de pessoas surdas.

De outra parte, a questão financeira é historicamente um dos principais desafios para o acesso à arte cinematográfica, pois, em face da desigualdade social que acomete o país, muitos conseguem apenas garantir a própria sobrevivência. Isso se faz ilustrado na obra cânone “Angústia” do autor modernista Graciliano Ramos, cujo enredo retrata a relação de Luís e Marina, caracterizada pela extrema pobreza do casal e, principalmente, pelo fato de ele não conseguir levá-la ao cinema, não poder lhe oferecer oportunidades as quais permitam que ela tenha outras visões de mundo, isso causa aos jovens angústias e conflitos. Para além da literatura, a situação no Brasil se repete, embora haja a possibilidade de acesso a filmes por plataformas digitais e televisão, ainda é recorrente que hipossuficientes tenham experiências análogas à narração de Graciliano, referente à década de 30, logo, é necessária cooperação social para a mudança desse cenário e ampliação do acesso ao cinema.

Portanto, para que a população seja mais crítica e autônoma, é fulcral a popularização de espaços cinematográficos. Com efeito, compete ao Governo Federal destinar verbas para aquisição de equipamentos para cinemas públicos, por meio da lei orçamentária anual de 2020 – a qual é responsável pela execução dos gastos públicos — a fim de efetivar a lei federal de acessibilidade de pessoas surdas no cinema. Além disso, urge que a sociedade civil organizada, representada por empresários, igrejas, seja mais protagonista e empática para a melhoria do país; essa deve organizar um fundo de doações de cidadãos e promover festivais de cinema em comunidades carentes, essa prática além de solidária confere maior integração nacional pela arte, a qual é um direito de todos, conforme prevê a Carta Magna, e se difere do que narra Graciliano Ramos.


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